sexta-feira, dezembro 22, 2006

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Luxemburgo: aventuras no Grão-Ducado



O Luxemburgo é uma espécie de Índia, de Oriente na Europa, para os Portugueses. Um país próspero graças sobretudo aos recursos naturais (minas), à emigração (portuguesa principalmentem hoje de todo o mundo) e a ter-se convertido numa praça financeira. Sendo embora um dos fundadores da União Europeia, é na verdade um países muito fechado aos estrangeiros: para estes, os Luxemburgueses reservam os lugares de empregado, de comerciante, quando muito, mas para si mesmos os de administração, de chefia, de quadros. E há uma certa imagem de eficácia, de organização, de ordem luxemburguesa.
O que denota grande falta de humildade. A soberba procede a queda, como escreveu com acerto o sábio Salomão.
Com efeito, recentemente, essa imagem ficou seriamente abalada: um choque frontal entre dois comboios, um luxemburguês de passageiros e outro francês de mercadorias. Os inquéritos apuraram que a responsabilidade recaía totalmente sobre uma ordem dada do lado luxemburguês para mandar avançar o comboio luxemburguês, sendo que à mesma hora circulava outro no sentido contrário e na nmesma via, por motivos de inutilização por obras na outra.
E há outros pormenores que para mim são anedóticos. Não há um dia em que se não dê com uma estrada cortada ("route barrée"), apesar do estado geral impecável das mesmas, nem que seja para limpeza das bermas.
Mas o mais caricato sucedeu uma 6ª feira. A Cristina saiu às 9 para entrar às, num percurso de uns 60 km que, em hora de ponta, se faz no máximo em 1 hora. Demorou quatro horas…
Porquê? Mais uma das célebres "routes barrées", desta feita da A4, uma das principais vias de acesso à capital do Grão-Ducado. Tal obrigou a grandes desvios e horas e horas de engarrafamento.
E porquê? Para a colocação de novo tapete de asfalto? Não. Um grande acidente num dia de chuva ou gelo? Também não, estava dia seco. Caiu um meteorito em plena autoestrada, abrindo cratera no pavimento? Nada disso. Foi o arrebatamento, deixando algumas viaturas desgovernadas, repentinamente sem condutor? Tão pouco, ainda não foi o regresso do Senhor.
Então? Pelo que a Cristina soube mais tarde, resolveram nesse dia instalar radares para controlo de velocidade na estrada…
Imagine-se, uma 6ª feira, ainda dia de trabalho, cortar uma estrada que milhares de pessoas utilizam diariamente para ir trabalhar. Não foi de noite, nem em fim-de-semana, mas em dia laboral. A Cristina, em vez de pegar às 10, pegou às 14h. Resultado: quatro horas que não trabalhou, outras tantas que não recebe (pois trabalha à hora).
Imaginem os caros leitores da região de Lisboa (faltando-me referências de vida no Porto, penso talvez na VCI) se se cortasse completamente a Segunda Circular, um dia de semana, o caos que não seria, e para muitos (empresas e empregados) um dia praticamente perdido!!!1
Pois isto aconteceu no Luxemburgo, paradigma do orgulho do Primeiro Mundo e do culto do material na Europa central.

Evidentemente que sempre é possível ver o lado positivo e divertido das coisas. Eu poderia dizer que se calhar os Luxemburgueses quiseram ser cordiais os Portugueses, pois essa 6ª foi dia 1 ou 8 de Dezembro (não posso precisar), feriado nacional em Portugal, e que, como a maioria da força laboral do país é originária do país de Santana Lopes e José Sócrates, e presumiram que, por essa razão, os Portugueses fariam feriado nesse dia, pelo que a estrada estaria com uma circulação de domingo. Se assim foi, deveriam ter avisado a Cristina para ela não sair de casa nesse dia!
Outro aspecto irónico: escolhendo esse dia para instalar os radares de controlo de vecolidade, conseguiram-no: a velocidade foi, pelo menos nesse dia, controlada e de que maneira!!!
Os Franceses costumam contar anedotas de Belgas, como os Portugueses de Alentejanos ou os Brasileiros de Portugueses (hoje já há do contrário). Autores de anedotas, eis um novo motivo para a vossa imaginação: os Luxemburgueses!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Kirk Franklin, Brighter day

Um dos meus favoritos



When i close my eyes i think of you
And reminisce on all the things you do...
What you did on calvary
Makes me wanna love you more!

I never knew
I could be so happy
I never knew
I'd be so secure
Because of your love
Life has a brand new meaning
It's gonna be a Brighter day

Nothing can compare to the joy
You bring,
And ever lasting love affair
Jesus, my life will never be the same.
I found some one who truly cares!...

I never knew
I could be so happy
I never knew
I'd be so secure
Because of your love
Life has a brand new meaning
It's gonna be a Brighter day
Brighter day, Brighter day, Brighter day,...
Brighter day, Brighter day, Brighter day,...

terça-feira, dezembro 05, 2006

Presley


Este é o Presley, o cão do Tiago, filho do meio da Cristina e adoptado como cão familiar. Tem um irmão chamado Elvis, que vive na Gafanha de Aquém, Portugal, com a mãe de ambos. É pequeno, da raça "pincher". Quando andamos com ele na rua, chamam-lhe um "chihuahua". Mas este último tem as orelhas maiores e a cara redonda. Tem entre três e quatro anos.
É tranquilo e faz boa companhia.
Como os da sua espécie em geral, é boa companhia, fiel e com sentido de guardião da casa e tem audição e olfacto apuradíssimos. Basta chegar-lhe às narinas o odor ou aos ouvidos o quase inaudível som dos passos de alguém que simplesmente passou do outro lado da rua que já começa rosnar e a desloca-se à porta pondo-se a ladrar. O pior é quando alguém se chega mesmo à porta ou entar (carteiro, um colega do Tiago, um familiar). Chega a ser preciso fechá-lo na casa-de-banho.
A Eunice é quem mais o entretém, o aperta, o esmaga nos braços, o atira ao ar, o pega pelas patas posteriores, inventa danças com ele. Eu não lhe fico muito atrás. O cão aceita com paciência as brincadeiras. Não sem uma ou outra rosnadela à Eunice, especialmente quando ela se chega à nossa cama e o vem acordar. A Cristina, por sua vez, não deixa de o tratar bem o cão, mas não tolera lambidelas, não brinca com ele. Ele, porém, adora-a. Tem preferência por descansar no colo e nas pernas dela. Na semana em que ela esteve de baixa, a abortar, não se apartava dela, percebendo certamente que ela se achava doente. Em contínua vigília por ela.

Mas isto é comum à maioria dos cães, pequenos ou grande, de todas as raças e feitios. O que tem, porém, este de excepcional?
Normalmente, dorme na minha cama e da Cristina. O Tiago leva-o para o quarto dele, mas ele lá se escapa de noite e vem enroscar-se no nosso edredon, às vezes metendo-se por baixo dele e cobrindo-se todo com ele, como se fosse uma mortalha. Admiro-me que não sufoque. Ou encaixa-se nas cavas das nossas pernas. Na sala ou na cama, tem preferência por almofadas e faz delas o seu colchão, dando voltas até se colocar na posição mais confortável.
Quando está aflito para ir à rua, chama-me, eu o seu habitual companheiro de passeios: levanta-se, põe-se em bicos dos pés e com a coloca as patas anteriores nas minhas pernas, chia um pouco, guincha e geme outro tanto. Ponho-lhe a trela e saímos. Ele trota, fareja, funga, pára num outro ponto, lambe. E funga mais e fareja mais ainda. Levanta a pata aqui e ali e faz chichi. E eu só à espera que se despache e faça cocó, para dar por cumprido o objectivo do passeio…

É um cão fedorento, de tal modo que teria dado uma inspiradíssma série televisiva de humor. Mas a característica mais marcante é não ter sido especialmente dotado de inteligência. Eu até alvitrei que talvez seja descendente de um galináceo (o que confirmaria a evolução das espécies…).
Quando precisa de fazer necessidades e está em casa, vai normalmente de madrugada, e em pontos estratégicos: a um canto da sala atrás de um sofá, nos quartos do Tiago e da Eunice (filha da Cristina), na cave, na casa-de-banho, e também já nosso quarto. Ainda se tentou castigá-lo para o corrigir, quando fazia necessidades em sítios que não a casa-de-banho. Pegava-se no cão, levava-se e fazia chegar o nariz e as patas aos presentes deixados, e uma palmada. Adoptou-se, em complemento, o castigo de uma ou duas horas de estágio na cave, de porta fechada. Ora o cão continuava a fazer chichi e cocó nos mesmos sítios. Repetia-se o castigo. Mas nada aprendeu. Certo dia, fez na casa-de-banho. Mais uma vez, confrontei-o com a obra feita. Mas não para o repreender, antes para o elogiar por ter dessa vez ter escolhido a casa-de-banho. Então, ele, achando a porta da cave aberta, desceu. Teria pensado que, mais uma vez, estava de castigo e que a rotina o levaria a mais uma temporada na cave. Deixei a porta aberta mas não subia. A única maneira de o tirar de lá foi mesmo ir buscá-lo. Afinal, ou ele é completamente mentecapto, ou ainda tem alguns neurónios!
Durante algum tempo, andava com constantes erecções. Não havia maneira de aquela coisa vermelha (o seu pénis) recolher ao respectivo saco de pele. O cão ainda é virgem, sabem, e o apelo da maturidade sexual gritava como nunca. A visão ou o cheiro de uma cadela, um cão ou até um gato fazia-o chiar muito, guinchar e gemer outro tanto. Levá-lo à rua era um risco e escândalo certo. Detectado outro animal, tínhamos de o segurar para não se lançar ao seu encontro. Um veterinário alvitrou que deveria ter elevados níveis de testosterona e, para aliviar o sofrimento (que tendencialmente continuaria), sugeriu a castração. O dono não queria. Certo é que, quando o dono chegou de férias, acalmou. Por coincidência, é verdade, mas talvez também lhe cheirasse a lua-de-mel entre mim e a Cristina no primeiro mês de casamento. Quando eu e ela nos aproximávamos, começava por rosnar contra tal intimidade. Eu ainda era cão novo na matilha, tentando ganhar a fêmea dominante. Depois, como o enxotássemos, passou apenas a reclamar um pouco de atenção, como uma criança ciumenta, ou simplesmente se tornou indiferente, e de outra vez retirou-se, de mansinho… Deus seja louvado, mais um neurónio revelado!

Apresento-vos o Presley.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Huguenotes

Ainda a propósito de Metz, espero lá voltar. Parece cidade bonita. O campus universitário é agradável, situando-se na ilha de Saulcy, sobre o rio Moselle. Vêem-se, ao passar na cidade de carro, muitos espaços verdes e arvoredo.
Espero lá voltar em especial por causa de uma exposição, intitulada "Huguenots : de la Moselle à Berlin, les chemins de l’exil", que decorrerá de 10 deste mês a 10 de Março.
Para quem não sabe, os Huguenotes foram grupo de influentes protestantes calvinistas franceses. Uma importante comunidade vivia precisamente em Metz e na região da Lorena (Lorraine).
Ferozmente perseguidos pelo catolicismo, dentre os não aceitaram abjurar da sua fé e reconfessar a fidelidade ao Papado, muitos fugiram para os vizinhos estados alemães, contribuindo assim para a prosperidade destes.
Outros, porém, pagaram com a vida. No dia 24 de Agosto de 1572, dia da festa católica de S. Bartolomeu foi dada ordem do palácio real, e iniciou-se o célebre massacre, intensificado pela cólera popular. Calcula-se que, até ao fim do mês, foram selvaticamente mortos cerca de 30.000 pessoas. Este massacre ficou para a memória como uma das páginas mais hediondas da história de França e das guerras religiosas na Europa.

A exposição centrar-se-á sobre os que fugiram para a Alemanha.

Reunião de Metz

Foi boa a reunião. Encontro de cortesia. Mas, como fruto, uma mão cheia de nada. Não há possibilidades de contratações de professores para certas áreas, especialmente letras e letras clássicas. Poucos alunos. Critérios orçamentais impõem-se. Se professores se reformam ou algum adoece ou morre, o serviço será distribuído pelos outros.
Situação muito, muito semelhante à portuguesa. Onde igualmente o latim e o grego estão moribundos.
Deram-me indicações de contactar dois investigadores e professores que trabalham no meu domínio específico (retórica antiga). Mas um trabalha numa universidade em Estrasburgo e outro em Créteil, região parisiense. Um a 200 km o outro a quase 400 km. Enviei mails, mas ainda nenhuma resposta.

E o relógio bate pesadamente os meus segundos, sem emprego.

Deus, qual é a porta a bater e que se abrirá? Sim, não falhas. Mas conduz os meus passos para entrar em becos ou meter-me por labirintos. É preciso economizar dinheiro e tempo e esforço. Leva-me ao ponto preciso, à porta que destinaste abrir.

Se calhar ainda vou trabalhar bem longe do que tenho no meu coração e nos meus projectos, que é ensino e investigação. Num banco? Pois. Quem sabe.

sábado, novembro 04, 2006

De volta…

De volta…
Mais de um mês de ausência. É bom estar de volta. Perdi leituras de colegas e amigos de outros blogs. Perdi notícias de Portugal.
A 26 de Setembro, a France Telecom cortou-nos net e telefone, pois mudámos de operador. E esperámos dois meses (até anteontem) para que a linha migrasse completamente para esse novo operador. O mesmo acontece em Portugal, quando se cancela contrato com a PT se migra para uma outro operador. Coisa já possível e relativamente rápida nos grandes centros. O meu pai, por exemplo, que mora na Amadora, teve 4-horas-4 sem net nem telefone para migrar conpletemante da PT para outro operador. Aqui, onde moramos, é uma aldeiazinha. Durante este mês, tenho dependido do favor de uns primos da Cristina e do meu pastor para consultar a net e ver o correio.
Só anteontem, como disse, nos chegou o bendito modem. E somente após muita insistência, tendo de telefonar com cartão de uma cabina para o número de clientes e pagando 0,34 €/minuto! E o mais surpreendente é que os fulanos já se querem cobrar de uma factura a contar de 27 de Setembro, pois segundo eles a linha já estava activa com "dégroupage total"! Obviamente que acabámos de enviar carta de reclamação.
Nós, os Portugueses, temos o mau hábito de verberar os males pátrios com a célebre expressão "só neste país!" Este hábito revela ignorância, denota que nunca saímos do país e que ignoramos que a espécie humana, em todas as latitudes e longitudes, é repleta de defeitos. Onde está um ser humano, há problema. Nunca mais o direi. Há coisas muito más em Portugal (por exemplo, a impunidade dos grandes prevaricadores, a fantochada que é a justiça), outras muito boas. E França, que se acha luz da civilização??!!

Entrentanto, outras coisas sucederam. Do céu ao abismo. Descobrimos que a Cristina estava grávida. Logo recebemos no coração o que críamos fosse uma menina. Ao fim de cerca de 6 semanas, começou a sangrar e com contracções. Receámos um aborto. E a Cristina, antes de ter a Eunice, já tinha tido um aborto natural, aos 3 meses e meio. E veio o receio de que se repetisse. O ginecologista dela receitou progesterona para evitar o aborto. Mas passaram-se 9 dias, em casa, de baixa, com perdas de sangue, dores no ovário e no baixo ventre grande fadiga. Com o medicamento procurava-se um efeito, o organismo reagia ao contrário. A ecografia nada viu. E o fim da gravidez foi confirmado por análise sanguínea.
É provável que o embrião se tivesse implantado fora do útero, na trompa quiçá, o que explicaria que a ecografia nada detectasse e que o organismo promovesse a expulsão.

Fiquei abalado. Depositava grandes esperanças nessa gravidez. Era a filha(?) tão desejada. Orei, clamei. Repreendi o inimigo. Formulei muitas perguntas, busquei causas: falta de fé minha ou da mãe, ou o quê? Porque se perdeu esta oportunidade de ser pai???
A Cristina apenas me disse que um episódio bíblico lhe foi trazido à mente: o dos três amigos na Babilónia, que, na iminência de serem lançados num forno, mantiveram a fé em Deus e deixaram claro ao rei que Deus era poderoso para os livrar dessa provação, mas que se o não fizesse, eles não dobrariam diante do rei, mas de Deus. O rei que nessa hora nos intimava a dobrar o joelho era o do desânimo, da decepção com Deus, da morte da fé no nosso coração. Apesar de não haver respostas, Deus continuaria a ser o soberano, senhor das nossas vidas e das promessas que n'Ele temos, e a ser digno de louvor.
A Cristina recuperou. O aborto foi nas primeiras semanas, foi natural, e as sequelas não serão grandes. E o médico já deu ordem de marcha para outro trabalho. Quarentena para quê? Ainda esperamos na promessa, pois creio que, se foi semeada no nosso coração, Deus a cumprirá. Apesar da dor — seria a primeira carne da minha carne — também transpus o obstáculo. E teremos a nossa menina.

P.S.: Na terça terei uma entrevista com responsáveis de letras clássicas na faculdade de letras da Universidade de Metz. Há, pelo menos, abertura para me conhecerem. Será esta a porta que Deus abrirá? Pelo menos, é o desejo e a aspiração do meu coração: trabalhar em ensino e investigação num instituto de investigação ou universidade. E cada um é para o que está chamado.

sexta-feira, setembro 15, 2006

As entranhas em brasa 2: do micro-ondas ou fresco?

Um dia, lia este passo do Evangelho de Lucas (Luc 24:13-35) e detive-me a meditar no comentário desses dois homens: enquanto ouviam Jesus, mesmo não o tendo reconhecido no momento, o coração ardia-se-lhe no peito. Um misto de provocação, estímulo, entusiasmo, motivação, nova excitação emocional e intelectual provocada por algo que lhes era caro. Essa mensagem que introduzira vida nas suas almas era de novo ouvida, e causava o mesmo impacto. O coração e a alma desses homens estava pois ainda disponível, como músculo em carne viva, para serem percutidos pelo martelo da Palavra provinda da boca de Deus.
Apliquei essa meditação à minha própria vida. Sim, o meu coração deve arder ao ouvir a Palavra de Deus: essa era a lição. No encontro na estrada de Emaús, os acontecimentos de Jerusalém eram recentes. Talvez isso explique a sensibilidade emocional dos discípulos. Quando, como esses dois homens, me foi comunicada a notícia da morte e ressurreição de Jesus em meu favor e me dispus a dar a esse facto a devida importância, quando busquei nela a mensagem que pudesse mudar a minha vida, também o meu coração ardia. Nos primeiros meses, um ou dois anos, o meu coração ardia. Motivava-me ouvir, ler, aprender e discutir as Escrituras. Eram a minha paixão. Mudaram a minha vida.
E com o passar do tempo? Quando os acontecimentos que constituem o âmago do Evangelho — morte e ressurreição de Jesus — ficam mais distantes temporalmente? Não só isto, mas até mais distantes do coração, da alma, das emoções, dos interesses e prioridades pessoais? Porque já lemos tantas e tantas vezes as mesmas passagens e as histórias, lhes sabemos o fim e passamos obliquamente pelos pormenores das narrativas? Porque já conhecemos de cor e salteado as declarações doutrinárias e as promessas da Palavra de Deus, consideramos adquirido, quando não perdido, o que umas dizem e as outras prometem? Quem não já experimentou comer comida aquecida no micro-ondas, em vez de fresco maná quotidiano? Eu me confesso.
No deserto do Sinai, Deus alimentou o povo com uma ração diária de maná. Guardá-lo para o dia seguinte provou-se loucura, pois apodreceu e criou vermes! Esse maná era uma prefiguração do verdadeiro pão vivo descido do céu, Jesus. E se os Israelitas deviam ingerir uma ração diária, do mesmo modo precisamos diariamente do alimento que é Jesus, a sua Palavra e a sua presença. Mas não apenas isso: a lição que aprendi foi que, se devoramos diariamente esse bom alimento como se fosse novo, a nossa fome deve também ser nova. Nova a nossa antecipação. Nova a consciência da nossa necessidade. Todos os dias. É tempo de mudar a nossa atitude íntima, a nossa disposição relativamente à presença e à Palavra de Deus. De nos voltarmos a espantar, de nos deixarmos deslumbrar, de ficarmos boquiabertos e soltar diariamente um “Aaahhh!” de admiração pela constante surpresa e maravilha que são Deus, a sua Palavra, os seus planos, as suas promessas e as suas acções. De pensar que, quando julgamos já conhecer, então é que precisamos de verdadeiramente conhecer. De ter o coração em brasa, a alma em carne viva para receber de novo o Evangelho que nos confronto e nos corrige, mas igualmente nos consola e nos salva. Ou não dependemos do seu favor, mas da nossa experiência de vida cristã ou da maturidade e conhecimento alcançados. E entramos no terreno pecaminoso da presunção.
O apóstolo percebeu isto. Por isso escreveu, aos Filipenses, que deixara de pensar que poderia possuir algum motivo de satisfação e de basear o seu crescimento como indivíduo na sua própria maturidade, conhecimento ou experiência. Provara da excelência de vida que Cristo é, e deste modo percebeu como em si mesmo era incompleto e estava ainda em contínuo processo de amadurecimento. Por isso prosseguia, tendo Cristo como referência, fonte e alvo. Todos os dias.

Dispus-me, desde então, a tornar à Palavra de Deus como se ainda estivesse no início da caminhada cristã, como quem ainda está a aprender as letras.

sexta-feira, agosto 25, 2006

As entranhas em brasa 1: a caminho de Emaús



Certo dia, após a ressurreição, Jesus apareceu a dois homens que faziam a pé o caminho para Emaús. Eram seus discípulos. Juntou-se-lhes na sua caminhada, talvez na expectativa de que o reconhecessem e de sondar se ainda O lembrariam, se falariam d’Ele, se sentiriam saudades d’Ele. Talvez para saber se esperavam a Sua ressurreição, de que Ele tanto falara como sequência do mero trânsito da Sua morte, ou se se teriam rendido a esta como o desfecho irremissível de bons e três anos e meio de grandes e tremendos feitos e maiores esperanças. Sobretudo, para lhes dar a boa notícia de que Ele estava vivo.
Esse homens tinham igual perspectiva à dos demais homens e mulheres que haviam seguido o Mestre: a morte de Jesus, que criam ser o Messias, fora prematura e deitara por terra todas as esperanças. Havia, porém, ainda uma saudade, e por isso conversavam ainda sobre o assunto. Recordariam com saudade os bons momentos passados juntos. Com dor e ódio aos opressores do Sinédrio e de Roma, os maus. Reviveriam o julgamento, a flagelação, o caminho do Gólgota e a crucificação. Os acontecimentos eram recentes, e por isso as emoções neles sentidas eram ainda frescas, em efeito de ressaca.
E Jesus mudou-lhes a perspectiva: a morte de que falavam não fora o fim, e que esse Ungido que choravam ressuscitara, e que tal fora anteriormente predito nas Escrituras, vez após vez. O sujeito desses acontecimentos dirigia-se-lhes como se fosse um viajante que apenas por rumor oral ouvira falar neles. Completamente alheio e distante relativamente a eles, mas mostrando tê-los entendido melhor, bem como as profecias que os antecipavam, do que os seus próprios espectadores. Mas não reconheceram quem lhes falava. Talvez pensassem que era um rabino sábio e santo. Mas não o reconheceram. A não ser pela forma como ele partiu o pão, quando se sentaram à mesa para comer e descansar da viagem. Não pelas Suas palavras, mas por um gesto. Jesus sai das duas vistas. Tudo indicava quem fosse Ele! Só Ele falava assim dos Textos Sagrados e da missão do Messias, e conseguia fazê-lo de forma tal que era impossível alguém ficar indiferente e não se sentir provocado. E, com efeito, foram de tal modo provocados pela explicação que aquele companheiro de viagem lhes fez das Escrituras que o seu coração ardia!

(continua)

terça-feira, agosto 22, 2006

As entranhas em brasa 2: do micro-ondas ou fresco?

Um dia, lia este passo do Evangelho de Lucas (Luc 24:13-35) e detive-me a meditar no comentário desses dois homens: enquanto ouviam Jesus, mesmo não o tendo reconhecido no momento, o coração ardia-se-lhe no peito. Um misto de provocação, estímulo, entusiasmo, motivação, nova excitação emocional e intelectual provocada por algo que lhes era caro. Essa mensagem que introduzira vida nas suas almas era de novo ouvida, e causava o mesmo impacto. O coração e a alma desses homens estava pois ainda disponível, como músculo em carne viva, para serem percutidos pelo martelo da Palavra provinda da boca de Deus.
Apliquei essa meditação à minha própria vida. Sim, o meu coração deve arder ao ouvir a Palavra de Deus: essa era a lição. No encontro na estrada de Emaús, os acontecimentos de Jerusalém eram recentes. Talvez isso explique a sensibilidade emocional dos discípulos. Quando, como esses dois homens, me foi comunicada a notícia da morte e ressurreição de Jesus em meu favor e me dispus a dar a esse facto a devida importância, quando busquei nela a mensagem que pudesse mudar a minha vida, também o meu coração ardia. Nos primeiros meses, um ou dois anos, o meu coração ardia. Motivava-me ouvir, ler, aprender e discutir as Escrituras. Eram a minha paixão. Mudaram a minha vida.
E com o passar do tempo? Quando os acontecimentos que constituem o âmago do Evangelho — morte e ressurreição de Jesus — ficam mais distantes temporalmente? Não só isto, mas até mais distantes do coração, da alma, das emoções, dos interesses e prioridades pessoais? Porque já lemos tantas e tantas vezes as mesmas passagens e as histórias, lhes sabemos o fim e passamos obliquamente pelos pormenores das narrativas? Porque já conhecemos de cor e salteado as declarações doutrinárias e as promessas da Palavra de Deus, consideramos adquirido, quando não perdido, o que umas dizem e as outras prometem? Quem não já experimentou comer comida aquecida no micro-ondas, em vez de fresco maná quotidiano? Eu me confesso.
No deserto do Sinai, Deus alimentou o povo com uma ração diária de maná. Guardá-lo para o dia seguinte provou-se loucura, pois apodreceu e criou vermes! Esse maná era uma prefiguração do verdadeiro pão vivo descido do céu, Jesus. E se os Israelitas deviam ingerir uma ração diária, do mesmo modo precisamos diariamente do alimento que é Jesus, a sua Palavra e a sua presença. Mas não apenas isso: a lição que aprendi foi que, se devoramos diariamente esse bom alimento como se fosse novo, a nossa fome deve também ser nova. Nova a nossa antecipação. Nova a consciência da nossa necessidade. Todos os dias. É tempo de mudar a nossa atitude íntima, a nossa disposição relativamente à presença e à Palavra de Deus. De nos voltarmos a espantar, de nos deixarmos deslumbrar, de ficarmos boquiabertos e soltar diariamente um “Aaahhh!” de admiração pela constante surpresa e maravilha que são Deus, a sua Palavra, os seus planos, as suas promessas e as suas acções. De pensar que, quando julgamos já conhecer, então é que precisamos de verdadeiramente conhecer. De ter o coração em brasa, a alma em carne viva para receber de novo o Evangelho que nos confronto e nos corrige, mas igualmente nos consola e nos salva. Ou não dependemos do seu favor, mas da nossa experiência de vida cristã ou da maturidade e conhecimento alcançados. E entramos no terreno pecaminoso da presunção.
O apóstolo percebeu isto. Por isso escreveu, aos Filipenses, que deixara de pensar que poderia possuir algum motivo de satisfação e de basear o seu crescimento como indivíduo na sua própria maturidade, conhecimento ou experiência. Provara da excelência de vida que Cristo é, e deste modo percebeu como em si mesmo era incompleto e estava ainda em contínuo processo de amadurecimento. Por isso prosseguia, tendo Cristo como referência, fonte e alvo. Todos os dias.

Dispus-me, desde então, a tornar à Palavra de Deus como se ainda estivesse no início da caminhada cristã, como quem ainda está a aprender as letras.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Cinderela dos dias de hoje, do Vítor Mota

Uma versão moderna do imortal conto, do blog do Vítor Mota. Não sei se é dele ou de outrem, mas merece um lugar numa antologia de prosa bué. Bom também para usar em aulas de português de 2º ciclo. Daaahhhh!! para quem não ler.

«Cinderela para os dias de hoje

" Há bué da time, havia uma garina cujo cota já tinha esticado o pernil e que vivia com a chunga da madrasta e as melgas das filhas dela.
A Cinderela (Cindy p'ós amigos), parecia que vivia na prisa, sem tempo p'ra sequer enviar uns mails. Com este desatino todo, só lhe apetecia dar de frosques, porque a madrasta fazia-lhe bué da cenas. É então que a Cindy fica a saber da alta desbunda que ia acontecer: Uma rave!!! A gaja curtiu tótil a ideia, mas as outras chavalas cortaram-lhe as bases. Ela ficou completamente passada, mas depois de andar à toa durante um coche, apareceu-lhe uma fada baril que lhe abichou uma farda baita bacana, ela ficou a parecer uma g'anda febra. Só que ela só se podia afiambrar da cena até ao bater das 12. Tás a ver, meu
A tipa mordeu o esquema e foi para a borga sempre a bombar.
Ao entrar na party topou um mano cheio da papel, que era bom comó milho e que também a galou logo ali. Aí a Cindy, passou-se dos carretos, desbundaram "ól naite long", até que ao ouvir as 12, ela teve de se axandrar e bazou. O mitra ficou completamente abardinado quando ela deu de frosques e foi atrás dela, mas só encontrou pelo caminho o chanato da dama. No dia seguinte, com uma alta fezada, meteu-se nos calcantes e foi à procura de um chispe que entrasse no chanato.Como era um ganda cromo, teve uma vaca descomunal e encontrou a maluca, para grande desatino das outras fatelas que ficaram a anhar."

Fim: Tá-se bem.»

sexta-feira, julho 28, 2006

Sementes do Reino

Tenho andado um pouco ansioso por ainda não ter meio de sustento em França ou no Luxemburgo. Entreguei currículos em escolas privadas e ainda nenhuma resposta. Enviei e-mail com currículo para o Centro Cultural Português no Luxemburgo (Instituto Camões) e nenhuma resposta. Pretende concorrer a uma bolsa de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), normalmente abertas em permanência, mas agora fechadas e que — dizem-me — só deverão reabrir perto do fim do ano, sendo que, na melhor das hipótese, só lá para Março ou Abril as bolsas seriam atribuídas. Em Agosto, receberei o último vencimento pela escola, faltando ainda duodécimos do 13º mês.
Tenho lutado comigo mesmo por causa disto. A Cristina procura aquietar-me: não está preocupada, confia em Deus. E, com efeito, até aqui Ele sempre deu cumpriu a sua provisão e não me faltou trabalho, nem alguma vez me vi em especial crise de fé por tal. E Jesus bem adverte: a preocupação não acrescenta um centímetro à nossa estatura (Mat. 6:27)!
Porém, na minha carne — na minha humanidade —, a luta declarava-se, e cabia-me discipliná-la, pela determinação em confiar no cuidado do Pai. Pensava, meditava o que poderia eu semear de especial para a tão desejada colheita. Ontem à noite, mais uma vez, fomos à reunião de oração na nossa igreja no Luxemburgo. Como sempre, iniciou-se com estudo bíblico sobre um tema. Ontem, Constituição do Reino.
Uma das leis da Constituição do Reino é precisamente o da sementeira e colheita. Tanto mais quando se semeia no Reino de Deus. Prov. 19:17 Deus diz-nos que a dávida ao pobre ou necessitado é, na realidade, empréstimo ao próprio Deus, que paga com juros altíssimos. Jesus fala no cêntuplo (Marc. 10:29-31)! A viúva de Sarepta (1 Reis 17) foi um desses casos: embora pobre e prestes a morrer à fome com seu filho, seguiu o que o Senhor a inspirara a fazer: do que não tinha para si mesma, sustentou outro pobre, que vivia de ofertas, o profeta Elias. E para si granjeou a gratidão de Deus, conforme a Sua promessa. Imagine-se alguém que tem 700 €, faltando-lhe 800 € para o pagamento de uma dívida de 1500 €. Aparece outra pessoa, que precisa precisamente, e com urgência, desses 700 €. Que fará a primeira pessoa? Pode ou não ser uma oportunidade que Deus lhe dá e a que a convoca para abençoar outrem? E quem abençoa será abençoado. A quem dá será dado: "boa medida, recalcada, sacudida e transbordante". Quem abençoa está, em última análise, a abençoar a si mesmo.
Estes são princípios instituídos por Deus, e que parecem funcionar universalmente, como as leis da física. Mesmo com homens e mulheres perdidos, ímpios, que não conhecem a salvação em Cristo Jesus. A sabedoria secular, humanista, reconhece-os, e pregam-na os inúmeros "powerpoints" que circulam nos e-mails, como se fosse a última descoberta da sabeoria humana. Os Judeus, apesar de não salvos, têm prosperado ao longo de séculos porquê? Não será por aplicarem esses princípios, exarados nas Torah, na Lei, nos Salmos, nos Profetas e outros escritos, no conjunto dos livros que constituem o nosso Antigo Testamento?

Quanto a mim, o estudo de ontem tranquilamente veio ao encontro dos meus cuidados. Renovou-me o entendimento, relembrou-me princípios conhecidos, restituiu-me alguma calma ao coração, alimentou-me a fé e trouxe-me de volta ao terreno conhecido, embora não sempre e persistentemente trilhado, da confiança e descanso em Deus.

Para já, ocupo-me a descansar, avançar o trabalho de revisão e tradução do Antigo Testamento no âmbito da comissão da tradução interconfessional em português corrente "A Boa Nova" da Sociedade Bíblica, de que faço parte, e penso na tradução de parte da minha tese para publicação. E, enquanto a Cristina vai trabalhar, faço de "dono-de-casa" e "baby-sitter" da sua filha mais nova. E divirto-me nestas primeiras semanas de casamento.

Que vida abundante! E a abundância consiste precisamente em fazer render ao máximo o talento recebido e viver o mal (e o bem) próprio de cada dia, com o recurso adicional da alegria de Deus introduzida no nosso espírito pelo Seu Espírito.

quarta-feira, julho 19, 2006

Fico assim sem ti

Avião sem asa,
Fogueira sem brasa
Sou eu assim sem ti
Futebol sem bola
Cowboy sem pistola
Sou eu assim sem ti

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo o instante
Nem mil altifalantes
vão poder falar por mim

Amor sem beijinho
Chelsea sem Mourinho
Sou eu assim sem ti
Bacalhau sem nata
Leitão sem batata
Sou eu assim sem ti

Estou louco pra me pôr a andar
Estou louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de ti
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas
Pra poder te ver
Mas o relógio está de mal comigo
Porquê? Porquê?

Queijo sem fiambre
França sem Zidane 
Sou eu assim sem ti
Carro sem estrada
Cachorro sem mostarda
Sou eu assim sem ti

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo o instante
Nem mil altifalantes 
vão poder falar por mim

Eu não existo longe de ti
E a solidão foi o meu pior castigo
Contei as horas pra poder te ver
Mas já o relógio está de bem comigo


Versão adaptada da canção "Fico assim sem você" de Adrianda Calcanhoto, dedicada em absoluta estreia mundial à minha esposa, em plena boda

segunda-feira, julho 17, 2006

"Highlights" do casamento de Cristina e Rui — CCVA Aveiro 8 de Julho de 2006

















A todos os amigos e visitantes bloggers que me desejaram felicidades a mim e à minha esposa, retribuo com votos de uma colheita de cem para cada grão semeado.
A partir de agora, e aos poucos, voltarei a cuidar deste espaço bem como a visitar os meus congéneros.

Bem hajam e bênçãos de Deus.

quinta-feira, julho 06, 2006

Licença de casamento

Estarei brevemente ausente, por bons motivos: licença de casamento. Lá para dia 16 estarei de volta, a partir de Saulnes, França.
Bênçãos a todos.

domingo, julho 02, 2006

Cheiro de Cristo na relva

Lúcio

A selecção brasileira de futebol foi eliminada do Campeonato do Mundo, sem brilho nem glória. Porém, se a sua prestação foi decepcionante desportivamente, não o foi de todo nesse plano felizmente tão valorizado como o do jogo limpo, em inglês fair play.
Boa parte dos jogadores brasileiros é cristã. Assim costuma ser. Um deles, Lúcio, jogador do Bayern de Munique, perfez até ao jogo de ontem, com a França, 386 minutos sem fazer uma falta, batendo por 3 m o anterior máximo que pertencia ao paraguaio Carlos Gamarra, desde o Mundial de 1998. Cometeu uma falta aos 26 sobre Thierry Henry e aos 75 outra mereceu-lhe cartão amarelo. Como não vi o jogo, não sei que razões houve para a mostragem do cartão. Telvez tenha sido uma daquelas faltas não necessariamente violentas mas necessárias para parar o avanço perigoso de um adversário…
Merece, em todo o caso, os parabéns, para a glória de Cristo Jesus, por este record.

sexta-feira, junho 23, 2006

Novo blog "Hermeneuma"

Caros bloggers,
É com agrado que assinalo um novo espaço de referência neste domínio: Hermeneuma. É propriedade de Manuel Alexandre Júnior, professor catedrático de estudos clássicos da Faculdades de Letras de Lisboa e pastor da Igreja Baptista da Amadora, uma das figuras mais conhecedoras do grego antigo e de hermenêutica bíblica e membro da Comissão de revisão da tradução interconfessional da Bíblia em português corrente "A Boa Nova", criada na Sociedade Bíblica (equipa a que também me honro de pertencer). Meu professor na licenciatura, orientador da minha tese de doutoramento e meu amigo.
Este novo espaço centrar-se-á na interpretação de temas bíblicos e na reflexão sobre questões de doutrina e vida cristã.
A compulsar.

sexta-feira, junho 16, 2006

Avaliação dos professores 3




O gabinete do Ministério, com a proposta de revisão do Estatuto em que essa modalidade de avaliação se insere, reedita a fábula do Capuchinho Vermelho e leva-a à prática.
O Capuchinho é o aluno, inocente, puro e essencialmente bom, potencial vítima da cruel voracidade do lobo mau e outros perigos da floresta.
A mãe e a avó representam a família, humilde, de honestíssimas e nobilíssimas pessoas de bem.
O lobo mau é o professor, voraz, absolutamente perverso.
O caçador… é a própria Ministra e seus secretários de Estado, justiceiros felizmente chegados em pronto auxílio e salvação, mesmo se quase no limite de o degenerado lobo consumar a sua cruel obra de devorar Capunhinho e sua família, negando-lhe qualquer possibilidade de futuro.

Avaliação dos professores 2


"Ridendo castigat mores", como disse Ovídio (Com o riso, o humor se castigam os costumes).

Ou, nas palavras de Cícero, "O tempora! O mores!" (Ó tempos! Ó costumes!)

E que costumes, estes. O que lembra à mente iluminada da Sra. Ministra da Educação e do seu gabinete de igualmente iluminados teria mais piada e seria mais original como humor do que a célebre rábula da guerra do Raul Solnado, se não fosse infelizmente verdade.
Tornaremos a esta questão.

domingo, junho 11, 2006

PORTUGAL




Não sou dos que põem bandeirinhas na janela ou na antena de casa do carro, ou que vistam uma bandeira ou uma camisola da selecção, ou que pintem o rosto de verde-rubro. Não alinho nisso, pois, em minha opinião, se não estou no estádio de futebol, a minha identificação com a tribo da selecção nacional de futebol mediante marcas extreriores não fará sentido. Nem tão pouco traz qualquer mais-valia à prestação dos jogadores que nos representam, pois não sou supersticioso.
Outra razão prende-se com a hegemonia do futebol nos afectos nacionais. Deixo claro que gosto de futebol, mas questiono por que razão esse gesto não se estende ao apoio a outras modalidades desportivas ou a outras áreas em que deveríamos ter motivo de orgulho pátrio — justificado pelos factos ou como mera aspiração: a nossa literatura, a nossa língua, a nossa cultura, a nossa ciência, o nosso bem ordenado território, sem a pressão e império do imobiliário, a nossa cultura cívica, o nossso eficaz e justo sistema fiscal, os nossos honrados e competentes políticos, as nossas estradas bem feitas, em que raramente os buracos se rasgam ou acidentes ocorrem. Para não falar do nosso bom clima.
Ser português só quando joga a selecção nacional é bem pouco. Não fomos campeões da Europa; sê-lo-emos do Mundo? Ser português, trabalhar para a prosperidade nacional é de todos os dias, em todas as actividades.
Ainda assim, estou de coração com a selecção portuguesa de futebol, baterei palmas, saltarei e gritarei de alegria com cada golo que os nossos jogadores marcarem, na esperança de que assim seja até 9 de Julho em Berlim!

sexta-feira, junho 09, 2006

Avaliação dos professores

Mais um cartoon, lúcido e cómico como os bons cartoons, sobre a nova proposta de avaliação dos professores.

segunda-feira, junho 05, 2006

Tese de doutoramento 3

Aprovado por unanimidade, nota máxima em Aveiro. Com algumas observações, entre as críticas construtivas e sugestões de aperfeiçoamento e para reflexão, e não sem vários elogios e conselhos para procurar publicação, e ainda com a vitória da segurança e do à-vontade de quem sabia do que falava sobre o nervoso miudinho, num tom de conversa, se passaram três horas. Antes de encerrar os trabalhos para o júri se reunir, já o presidente me felicitava pela minha segurança, apesar de ele nada perceber das matérias em apreço, pois só cumpria a tarefa de presidir em representação da Reitora.
O calor era muito. E a transpiração também.

sexta-feira, junho 02, 2006

Consolo

Cito da Vilma, de uma sua página mais intimista:

Obrigada...
Repito tantas vezes a palavra "Obrigada!" que pode parecer até estranho.
Mas é o que sinto dentro de mim.
Sinto-me tão abençoada por ti Pai...
Passar pelo que passo neste momento contigo, é viver o Salmo 23 literalmente!
E pode parecer absurdo, mas agradeço pelo que estou a viver.
Porque te tenho experimentado mais ainda...
Como passar isso a quem não te tem?
Não dá... porque pelo entendimento humano não dá.
Só vivendo e experimentando.
Por isso não me canso:
OBRIGADA! OBRIGADA! OBRIGADA!

Comento eu:
Sem comentários. Não se explica humanamente. Só provando. O common sense sugeriria que se revoltasse, como fez a mulher de Job:
— Ainda louvas a Deus? Se Deus existisse não teria deixado que isso te acontecesse! Deixa-te dessas coisas de Deus. Morreu ele, morrerás tu também! Manda esse tal Deus às urtigas! Sê realista. Não há outro sentido!
Ou aconselharia a prudência da estóica resignação, temperada por lugares comuns prontos-a-usar e próprios dessas ocasiões:
— Paciência, filha. A vida é assim: são dois dias, e nós não somos nada.
Pois, aparentemente não.
Mas é desse aparente nonsense que Deus faz good sense.

Tese de doutoramento 2

Se houver curiosos… nos vos deixarei na expectativa:
E o veredicto foi… Aprovado por unanimidade.
Depois contarei pormenores.

quarta-feira, maio 31, 2006

O dia 1 de Junho e outros dias que se seguirão



É já amanhã, 5ª feira, 1 de Junho, a minha defesa de tese de doutoramento. Será na sala de actos da Reitoria da Universidade de Aveiro, pelas 15 horas.
Um certo nervoso… Mas que é isso? O Senhor é a minha calma.

Depois disso, e finda também a profissionalização, mais disponibilidade para acompanhar o trabalho dos alunos. E para a preparação do meu casamento, que será a 8 de Julho — dia santo, dia alegre e feliz que fez o Senhor!

quinta-feira, maio 25, 2006

Petição — Línguas Clássicas

O actual governo de Portugal tem norteado a sua actuação por critérios eminentemente economicistas, o que amiúde é sinónimo de insensatez. Tal insensatez, porém, não é exclusiva de Portugal, pois soluções semelhantes foram tentadas noutros países, e com resultados nefastos.
Refiro-me à intenção de fechar cursos universitários com um número de alunos abaixo de um mínimo. Tal não seria de todo negativo, se entre tais cursos não estivessem as Línguas e Literatura Clássicas.
Por ser uma área estruturante da identidade cultural europeia e portuguesa, tal possibilidade torna-se particularmente grave. Se se concretizar, dá-se um passo de gigante no sentido de remover da memória dos Portugueses uma importante componente dos seus fundamentos e razão de ser cultural, histórica e cívica. Isto a par do progessivo afastamento da sociedade europeia de Cristo, ou, pelo menos, de uma referência espiritual e ética cristãs.
Noto que no domínio das línguas clássicas existem docente e investigadores de renome internacional.

Apelo, assim, a todos os leitores deste blog a leitura da petição e a assinatura da mesma na ligação abaixo, se com ela concordarem. E peço também a divulgação da iniciativa.
Obrigado

Petição em favor das línguas clássicas.

quarta-feira, maio 17, 2006

Pelas tantas da noite… tertúlia do Altíssimo

Estou a trabalhar pelas tantas da noite, 2 da manhã (coisa que já é rara — devo estar a mudar o relógio biológico em preparação para a vida conjugal) mudo de canal para a TVGalícia e está a passar um programa cristão evangélico ("Nacer de novo"). O formato é simples: um apresentador, um convidado, uma conversa em volta de uma Escritura, um assunto. Hoje, a mensagem de liberdade da Carta aos Gálatas. Breve interrupção para três testemunhos. Volta o pastor, disserta livremente a partir da mensagem da carta. Apelo.
Uma canção por Marcos Witt ao vivo.
Já antes tinha descoberto este programa, certa noite, embora o tenha apanhado já nos últimos minutos. Passa apenas na madrugada de 3ª para 4ª.
Uma tertúlia simples, mas um abrigo. Na Galiza, são já 3:20. Quem verá o programa? Os noctívagos galegos e os do norte de Portugal que parem e tomem um café nesta tertúlia, não um café arábica, mas um mais excelente, com sabor a Cristo.

Nacer de novo

sexta-feira, maio 12, 2006

O Código Da Vinci


Para os interessados, um pequeno folheto sobre a grandessíssima ficção e mistificação que é o enredo, tanto o alegadamente histórico como o propriamente romanesco, da história de Dan Brown et alii, no sítio do
GBU.

Abraços.

segunda-feira, maio 01, 2006

Nadir Afonso


  • Nadir Afonso
  • , pintor natural de Chaves e que dá nome à escola em que actualmente exerço.

    sexta-feira, março 31, 2006

    Arca de Noé


    Recentemente, foi anunciada a descoberta do local onde teria encalhado a arca de Noé, no monte Ararat, na Turquia. Há uma formação geológica que corresponderia à forma e às dimensões do grande navio.
    Esta descoberta, porém, não é nova. Haverá até vários locais com forma de navio, e muitos outros achados arqueológicos que compravariam a teoria.
    A questão, no entanto, não é pacífica. Desde logo pelo texto bíblico, que afirma, mais rigorosamente, que a arca encalhou "na região de Ararat", e não precisamente "no monte Aratat". Aratar seria forma alterada de Urartu, um antigo nome da região.
    Um portal insuspeito como o cristão e de ciência criacionista Answers in Genesis, o melhor que conheço no domínio, faz uma análise profunda das alegadas provas, concluindo que estas não cumprem esse propósito de provar e que não escapam a um escrutínio científico cuidado. A tal formação geológica naviforme não se revelou senão após um sismo em 1948, tendo o seu relevo aumentado na sequência de outro sismo, em 1978. E há dois picos vulcânicos Ararat, um maior e outro menor. É antes presumível que a Arca tivesse, passados milhares de anos, sido destruída, por mão humana ou pela erosão. Além disso, não há necessidade biblicamente sustentada para que a Arca tivesse sido preservada como prova de fé.
    Devemos ser sensatos e evitar o fanatismo cego na proclamação das nossas convicções face à verdade e veracidade da Bíblia. Como concluem os autores — e não resisto a citar (traduzindo do original inglês) —: "como cristãos necessitamos de constantemente exercitar a devida cautela perante alegações que se façam, e todas as alegações devem sempre ser submetidas ao mais rigoroso escrutínio científico." Deste modo, e por outro lado, não fica afastada a hipótese de a Arca ter realmente atracado naquela região; simplesmente, não naquele local, daquela forma e com aqueles indícios.

    Um poema de Miguel Torga

    Um poema de que gosto, de esperança, de ímpeto e convite a viver. Fica perfeito, e com mais força e pujança ainda, na boca dos ressuscitados de Cristo.

    Vamos ressuscitados, colher flores!
    Flores de giesta e tojo, oiro sem preço...
    Vamos àquele cabeço
    Engrinaldar a esperança!
    Temos a Primavera na lembrança;
    Temos calor no corpo entorpecido;
    Vamos! Depressa!
    A vida recomeça!
    A seiva acorda, nada está perdido!

    terça-feira, março 21, 2006

    O despir da roupa



    “… ergui os olhos e vi a última coisa que esperava: um enorme leão a aproximar-se de mim lentamente. E uma coisa estranha é que não havia luar a noite passada, mas havia luar no sítio onde o leão se encontrava. (…) Eu estava terrivelmente assustado. Podes pensar que, por ser um dragão, podia ter enfrentado qualquer leão com toda a facilidade. Mas não era essa espécie de medo que sentia. Não tinha medo de que ele me comesse, tinha só medo dele, não sei se estás a perceber. Bom, chegou junto de mim e olhou-me bem de frente, nos olhos. E eu fechei os meus com toda a força, mas de nada serviu, pois ele disse-me para o seguir.
    (…)
    Fizemos uma grande caminhada pelas montanhas. E havia sempre esse luar por cima e à volta do leão para onde quer que ele fosse. Por fim, chegámos ao cimo de uma montanha que eu nunca vira e lá no alto havia um jardim, com árvores, frutos e isso tudo. No meio, havia um poço. (…) A água era límpida como tudo e pensei que, se pudesse lá mergulhar e tomar banho, isso aliviaria a dor no meu braço. Mas o leão disse-me que primeiro tinha de me despir. (…) Ia dizer-lhe que não me podia despir porque não tinha roupa, quando de súbito pensei que os dragões são uma espécie de cobras e que as cobras largam a pele. Por isso, comecei a esfregar-me e as escamas come¬çaram a sair por todo o lado. Depois esfreguei um pouco mais fundo e, em vez de escamas a sair aqui e ali, toda a minha pele começou a cair que era uma beleza, como se eu fosse uma banana. Daí a um minuto ou dois pude sair de dentro dela. Vi-a ali caída ao meu lado com um aspecto bastante desagradável e foi uma sensação maravilhosa. Por isso comecei a entrar no poço para tomar banho. Mas, quando ia meter os pés na água, olhei para baixo e vi que eles estavam tão duros, rugosos, cheios de vincos e de escamas como antes. «Oh, não há problema», pensei, «isto só significa que tinha um fato mais pequeno por baixo do primeiro e que também vou ter de o tirar.» Por isso voltei a esfregar e a segunda pele também caiu muito bem; saí dela, deixei-a cair no meu lado, como a primeira, e entrei no poço para tomar banho. Bem, aconteceu de novo exactamente a mesma coisa. E pensei para comigo: «Oh meu, Deus, quantas peles terei ainda de tirar?» Estava desejoso de molhar o braço. Por isso esfreguei-me pela ter¬ceira vez, tirei uma terceira pele, igualzinha às outras duas, e saí dela. Mas, mal olhei para o meu reflexo na água, vi que de nada servira. Então o leão disse (embora eu não saiba se falou): «Tens de deixar que seja eu a despir-te.» Garanto-te que estava com medo das suas garras, mas também estava desesperado. Por isso deitei-me de costas e deixei-o actuar. O primeiro golpe que me deu foi tão fundo que pensei que me chegara ao coração. E, quando começou a puxar a pele, senti a maior dor que já tive na vida. A única coisa que me ajudou a suportar aquilo foi o prazer de sen¬tir a pele a sair. Se já alguma vez arrancaste a crosta de uma ferida, sabes como é. Dói que se farta, mas é tão bom vê-la sair!
    – Estou a ver exactamente o que queres dizer – respondeu Edrnund.
    – Bem, tirou-me aquela coisa horrorosa, como eu pensara ter feito das outras três vezes, só que não doera, e para ali estava, deitada na erva. Mas aquela pele era muito mais grossa, escura e nodosa do que as outras. Fiquei tão liso e macio com uma vara descascada e muito mais pequeno do que antes. Então ele pegou em mim (não gostei muito porque agora, que não tinha pele, estava muito sensível) e atirou-me para a água. Ardeu-me que se fartou, mas só durante um instante. Depois tornou-se delicioso e, mal comecei a nadar e a mexer-me na água, descobri que já não sentia nenhuma dor no braço. Foi então que percebi porquê. Era outra vez um rapaz. Nem acreditavas se eu te dissesse como sentia os meus braços. Sei que não têm músculos e que são moles, comparados com os do Caspian, mas estava tão contente por os ver! Pouco depois o leão tirou-me para fora da água e vestiu-me... (…)
    – Penso que viste Aslan.
    – Aslan! – exclamou Eustace. – Já ouvi esse nome várias vezes desde que chegámos ao Camínheíro da Alvorada. E sentia... não te sei dizer... odiava-o. Mas nessa altura odiava tudo. A propósito, quero pedir desculpa. Acho que fui detestável.
    – Não há problema – respondeu Edmund. – Aqui para nós, não foste tão mau como eu durante a minha primeira viagem a Nárnia. Só foste palerma, mas eu fui um traidor.
    – Bem, então não me fales disso. Mas, diz-me, quem é Aslan? Conhece-lo?
    – Bem... Ele conhece-me – respondeu Edmund. – É o grande Leão, o filho do Imperador de Além-Mar, que me salvou e também salvou Nárnia.”

    C. S. Lewis, O Caminheiro da Alvorada

    Neste breve excerto de um dos contos da série Crónicas de Nárnia, conta-se uma profunda operação de metamorfose sofrida por uma das suas personagens, Eustace. Caída no ponto mais baixo da solidão e da desgraça e atingido o ponto máximo do grotesco do se carácter, transformou-se num feio dragão, na ilha em que a extrema tentação atacava o incauto, a sedução de um tesouro. A metamorfose em dragão era assim a consequência natural e a figuração perfeita da decadência do coração.
    E foi precisamente no estado de feio dragão, ou antes, de homem-em-dragão, que se manifesta o arrependimento e o desejo de mudança. É então que se revela alguém, Aslan, que lhe diz que tem de o despir. Eustace ainda tenta despir-se a si mesmo, mas em vão: cobrem-no camadas de velha pele, sem jamais atingir a mais interior, a última. Uma esconde sempre outra. E só Aslan o pode vestir. Só assim a metamorfose se reverte e o homem-em-dragão torna-se dragão-em-homem, ou melhor, em verdadeiro e total homem, exterior e interiormente, melhor do que antes fora. O despir desssa velha roupa assemelha-se ao rebentar do casulo da crisálida da lagarta, uma vez feita borboleta. Foi um processo com dor, mas o resultado é belo.
    Em Nárnia, só Aslan era apto para limpar, revestir de justiça e transformar a natureza íntima. Na Terra dos filhos de Adão e Eva, igualmente só Jesus Cristo, o filho do Criador, pode dizer (Apocalipse 3:17-18):
    “Não se apercebem que são desgraçados e miseráveis, pobres, cegos e nus. Aconselho-vos a que me comprem ouro fino para serem ricos; roupas brancas para se vestirem e não se sentirem envergonhados da vossa nudez; e remédio para porem nos olhos de modo a poderem ver.”

    domingo, março 12, 2006

    Excelência na durabilidade

    «Da próxima vez que você se preparar para trabalhar nalgum projecto importante (seja ele qual for), antes de seleccionar os materiais a serem usados e decidir qual será sua abordagem, tente fazer uma pausa pelo tempo suficiente que lhe permita ter uma visão de longo prazo. Pergunte-se: "Como posso fazer isto durar por séculos, ao invés de apenas décadas?"
    Alguém fez uma afirmação ousada ao dizer que neste mundo apenas duas coisas vão durar para sempre: a Palavra de Deus e as pessoas. Tudo o mais eventualmente vai deteriorar-se e desaparecer. Se esta afirmação é verdadeira, se você quiser mesmo exercer um impacto que venha durar séculos, talvez seja sábio investir mais do seu tempo buscando aquilo que beneficie e melhore a vida das pessoas. Em João 15:16 Jesus disse: "...Eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça…"»
    In Momentos de Integridade com Rick Boxx (ASPEC - Reflexões da semana 27 de Fevereiro)

    terça-feira, fevereiro 28, 2006

    Instinto materno

    No noticiário das 13h de hoje da RTP, uma das notícias dizia respeito a uma cadela pastor-alemão que adoptara como filhos dois porquinhos, amamentando-os.
    O caso passa-se em Vila Verde, Portugal. A cadela e uma mãe porca deram ambas à luz na mesma noite. Como a ninhada da porca era maior do que a sua capacidade de amamentação (11 tetas) e como a cria da cadela não sobrevivera, os donos de ambos os animais retiraram dois porquinhos e colocaram-na junto da cadela, a ver o que dava. E a cadela aceitou-os como filhos. Os donos prometem que esses dois porquinhos serão especiais e que não os hão-de matar, só morrerão de velhos!
    Já não é novidade a adopção entre espécies diferentes. Mas são casos que, a nós sere humanos, ainda nos causa maravilhoso espanto. Porquê? Talvez pelo contraste de comportamentos. Muitas vezes ainda se faz selecção de cor de pele quando se trata de adoptar crianças. E vão abundando as notícias de pais e mães naturais que abandonam, maltratam e molestam sexualmente os próprios filhos, mesmo bebés. Isaías 49:16 certifica esse facto.
    Numa aula de Psicologia da Educação, do curso de Profissionalização em Serviço que estou a fazer na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o professor apresentou uma série de lugares comuns sobre o comportamento humano e convidou-nos a pronuciarmo-nos sobre os que achávamos verdadeiros e falsos. Um deles era sobre o instinto materno no ser humano. Assim, ao contrário do que comummente se pensaria, o instinto materno seria inexistente no ser humano, mas herdado geneticamente nos animais. No ser humano, seria um comportamento adquirido.
    Face aos casos expostos, não será verdeira esta conclusão? Suponho que esta se baseia em estudos sobre o comportamento das espécies, e não numa simples especulação filosófica. Será que o pecado, a velha doutrina bíblica fora de moda segundo a qual o homem é um ser tendencial e prevalentemente degenerado é suficiente para explicar tudo isto? Estou inclinado a responder afirmativamente.

    Mães e pais que lerem este texto, pronunciem-se.

    quarta-feira, fevereiro 22, 2006

    Tese de doutoramento

    Vem aí a defesa da minha tese de doutoramento. Está marcada para dia 1 de Junho. É dia da criança. Pois é, tem tudo a ver: esse é o dia do doloroso parto de um novo bebé, a minha tese :)

    sábado, fevereiro 18, 2006

    Verdade?!

    Tenho ouvido dizer a sábios e pensadores que devemos temer ou evitar aqueles que dizem ser a sua convicção a verdade.
    Eu, que de sábio pouco considero ter, perguntarei: que mal há nisso? que mal há em aspirar à verdade? Teremos de nos conformar com uma síndroma de Pôncio Pilatos, aquele que perguntou a Jesus o que era a verdade, querendo com isso duvidar da verdade, de todas as verdades, ou querendo negar-lhe e secá-la do absoluto e aceitando-a ao concurso das coisas meramente relativas e contingentes, como relativista e de contingência era o mundo nesses dias? Um homem cuja verdade consistia em prestar contas ao imperador de Roma da manutenção da ordem na província que lhe fora confiado superintender (conforme a interpretação de A Paixão de Cristo de Mel Gibson)?
    Há realmente perigo nos donos da verdade?
    Mas afinal, quem se acha dono da verdade? Eu não, e no entanto temos convicções enraizadas e creio em absolutos, que estes não são mera abstracção ou utopia.
    Eu não sou dono da verdade. A Verdade, sim, é que é minha dona.

    quarta-feira, fevereiro 15, 2006

    A Justiça merece confiança!

    Quantas vezes os Portugueses desesperam contra a justiça — e com razão. Porém, afirmo que vale a pena confiar na justiça. Não o digo por mero wishful thinking, por crença humanista de que os valores ainda são o que são e que estão acima das conveniências e das fintas que os homens lhes dão. Afirmo por saber que há níveis de justiça e por saber que se pode apelar a um nível superior quando um inferior e comum eventualmente falha, ou não faz a justiça que esperamos, assistindo-nos a razão. Deus, não outro, é esse nível superior de justiça — o Juiz do Supremo Tribunal de Justiça do Universo. O advogado que nos pode assitar — Jesus.
    No dia 2 deste mês foi o julgamento, da acusação deduzida contra um casal de pais e encarregados de educação de um aluno que tive, por agressão e ameaça contra mim, a 21 de Abril do ano passado, no âmbito das minhas funções como director de turma do filho, entre 2003 e 2005, e por desagrado deles relativamente à minha actuação nessas funções. Foi o caso que apliquei, juntamente com o Conselho Executivo da EB 2,3 onde exercia, um castigo a esse aluno e a outros cinco por, na sequência de uma brincadeira de que resultou um vidro partido. O castigo consistia não só em pagar solidariamente o vidro, mas também a cumprir um serviço cívico na escola.
    Ora, o aluno, com a cumplicidade dos pais, recusava-se a sujeitar-se às regras da escola. Certo tarde, ao fim das aulas, repreendi o aluno por se insistir em fugir às suas responsabilidade, pois os colegas estavam a cumprir o castigo. Diante da professora de Educ. Física (a última aula do dia), disse-lhe que, por minha vontade, ele cumpriria de imediato o castigo e que este teria prioridade sobre o treino de futebol (1º obrigações depois as devoções). O aluno reagiu com rispidez e acto contínuo telefonou para o pai a dizer que eu não o queria deixar sair da escola. Por minha parte, continuei a conversar com a minha colega, após o que saí.
    Estava sem carro, e ao dirigir-me a pé para casa, os pais desse aluno passam por mim, abordam-me, com má educação, insistindo em argumentar comigo, e a mãe acaba por me dar uma bofetada, embora sem me causar dor. E recebi ainda ameaças do marido, que sabiam onde eu morava. Sempre os procurei chamar à razão, observando que assuntos de escola se tratam na escola, e aconselhando-os a ponderar o tipo de educação que davam ao filho. Reagi com o sangue frio que me foi possível. Fiz-lhes saber que apresentaria queixa deles, ao que o casal manifestou a arrogante confiança de não haver testemunhas, replicando que eu é que tinha de me tinha aproximado da senhora para a agredir. O acto não me surpreendeu, pois já desde o ano anterior ouvia, de alunos e pais, não só do filho como do próprio pai, que um dia este me faria uma espera. Só me surpreendeu a autoria, pois não esperei que o extremo acto partisse da parte da senhora, e não do marido.

    Já foi excelente que acusação tivesse sido deduzida — pois, segundo a advogada do meu sindicato, seria de prever arquivamento por não haver testemunhas do acto, uma vez que, em caso de dúvida, decide-se a favor do réu. Melhor ainda, a celeridade, contrariamente ao habitual. Na sequência da dedução de acusação, a advogada oficiosa de defesa propôs um acordo de desistência da minha parte, contra um pedido de desculpas dos arguidos perante a juiz. Desde o início era a minha pretensão. No entanto, dado o facto de eu ser funcionário público, o crime tornava-se qualificado e a juiz não admitiu, face à lei, a desistência, tornando-se necessário o julgamento.
    A poucos minutos do início da audiência, a advogada tenta novo acordo comigo: desistência da acusação de ameaça, ficando em julgamento apenas a agressão e a mãe do aluno. Normalmente é com dificuldade que digo não a um vendedor, pelo que hesitei um pouco. Quis saber o que eu ficaria a ganhar com essa desistência, visto que esperava a responsabilização dos arguidos pelos dois crimes e que as suas consciências os acusassem de ambos os crimes, e não de apenas um, o que de contráeio se traduziria num acto de sacudir água do capote. Nisto, intrometeu-se na conversa a procuradora adjunta do Ministério Público:
    — O Sr. Dr. não tem de desistir de nada.
    A advogada de defesa tentou argumentar que eu poderia optar por essa desistência, mas a procuradora insistiu. Bendita intromissão: mantive ambas as acusações e fomos para julgamento.
    No julgamento em si, prestei declarações como testemunha, sendo o autor (acusador) o Ministério Público. A colega de Educ. Física confirmou que não prendi o aluno. Alunas confirmaram as bravatas do filho e as bocas do pai. O crime foi considerado qualificado, tanto mais porque contra um docente, funcionário público/administrativo. Contei o que se passou. Os arguidos, que inicialmente tinham sido aconselhados pela advogada oficiosa a pedir acordo e posteriormente a não prestar declarações, acabaram por prestá-las, negando que tenham feito alguma coisa, e alegando que que só conversaram comigo e que eu havia impedido o filho de sair da escola por alguns minutos. Afinal — perguntei-me — queriam um acordo em que supostamente me pediriam desculpa, mas de quê? Por não terem feito nada? Por terem levantado a voz comigo? Graças a Deus que não desisti de nenhuma acusação.

    No fim pedi à procuradora adjunta que me informasse da sentença, marcada para uma semana depois. Estava algo incomodado pelas mentiras dessas pessoas. Mais uma vez, estou certo de que ela foi intrumento de Deus, com o conselho de não pensar nem mais um minuto nesse assunto, pois o meu testemunho fora, pelo menos em seu parecer, credível.

    Este conselho sossegou-me, e entrei no repouso de Deus. Durante todo o processo, fiz o que deveria como filho de Deus: perdoei a essa família, confiei o caso a Deus, abençoei-os e pedi-Lhe que pusesse as suas consciências em carne viva, de forma a torná-las aptas a misericórida de Deus. Humanamente, estava algo inquieto, sentira-me um tanto incomodado, mas nunca amedrontado. Decidi confiar no meu Pai, e que Ele me faria Justiça, através da justiça humana. Mesmo que os arguidos fossem absolvidos, sabia que compareceriam diante do Supremo Tribunal do Senhor. Mais ainda, que colheriam o que semearam: o filho aprendendo dos pais o exemplo de que a mentira, a arrogância, a rebeldia, má educação, a patifaria são perfeitamente legítimas, e que isso um dia reverterá contra eles mesmos, e da parte do filho cujos golpes tanto amparam. Nada de novo, pois tantas e tantas vezes é assim. Tinha a convicção de que essas pessoas se haviam metido injustamente com a pessoa errada — um filho de Deus. Com efeito, a Deus pertence a vingança — tornou-se o meu lema.
    Na semana de espera pela decisão judicial, ao falar com Deus sobre o assunto, ocorreu à minha mente um lugar em Provérbios, em que se diz algo como isto isto: que o tolo provoca dano e se embaraça com as palavras que profere da sua prória boca. Será talvez 18:7. Ganhei a certeza de que Deus agiria através daquela juiz. Lembrei-me também das garantias que Ele me dá no Salmo 37, em Isaías 54:17, contra a calúnia e a mentira dos injustos, dos ímpios, dos que recusam o amor e a bondade de Deus. Ele promete tudo fazer e fazer-nos brilhar como sol ao meio-dia!
    Confiei absolutamente que Ele assim mo faria.

    E hoje, dia 14, recebi fotocópia da sentença. O meu testemunho foi considerado sincero e credível, o desse casal não. Que tinha contradições e hesitações, que, ao contrário do que alegaram, não prendi o filho. Que foram culpados de ameaça e agressão. Como se tornara minha convicção, a forma como procuraram fugir à responsabilidade causou a si mesmos mais dano e foi agravante. Embaraçaram-se e perderam-se de facto com que o disseram. E foram condenados a pena de prisão, ou antes, por ser primeira vez que são arguidos em juízo, a multas que ascendem a quase 1000 € mais custos de tribunal e honorários da sua advogada. E soube, por um pai de um aluno dessa mimha ex-turma que assistiu à leitura da sentença, que a juiz asvertiu seriamente esse casal a habituar-se a tratar de assuntos de escola no lugar próprio, e não na via pública.

    A decisão alegra-me. Não pedi indemnização. Fico por aqui. Desejo sinceramente que, pelo menos, nem que seja por temor de novamente incorrerem em justiça, aprendam a lição e procurem proceder mais civiliza e responsavelmente. Felicito Deus por me ter feito Justiça. Por a justiça humana ter funcionado. Por ter aliança com Ele, por Ele ter sido fiel a essa aliança.
    Esta é a esperança e a confiança que os filhos de Deus têm. Esta esperança e confiança estão ao dispor de quem as desejar experimentar. Posso testemunhá-lo publicamente: fê-lo comigo.

    quinta-feira, fevereiro 09, 2006

    Manias & cias.

    Recebi do Vítor Mota, das Exegeses e homilias, o desafio que ele, por sua vez, recebera, de publicar as minhas manias. Está a criar-se uma cadeia em torno do tema. Pois bem, cá vão algumas de que me lembro, e que são muito minhas:
    1. Dormir só com cuecas ou boxer, em qualquer estação do ano. Com efeito, a única coisa que tolero sobre o corpo é mesmo o lençol, a que acresce, no Outono e Inverno, cobertor e edredon. Houve tempos em que dormia nu, mas passei a cobrir as partes pudendas por motivos de higiene.
    2. Em Chaves, à noite, neste Inverno, vou com frequência ao carro, estacionado no quintal, ver se já sobre ele se forma geada e se está frio. Quando assim é, regojozi-me por viver numa região em que o Inverno é mesmo Inverno e por, graças a Deus, estar quentinho dentro de casa. Fico desiludido e solto um grande "Ooohhhh!!!!" quando não geia.
    3. A conduzir, verifico sistematicamente o registo dos quilómetros feitos desde o último abastecimento, procurando tirar a média de consumo.
    4. Frequentar quase obessivamente os mesmos versículos bíblicos, em momentos de necessidade ou inquietação.
    5. Tomar um copo de kefir em jejum.
    6. Ir às caldas de Chaves encher três garrafas de 1,5 l de água mineral saborosíssima a 70º C para consumo doméstico. Toda esta região é de águas minerais e termais (Chaves, Vidago, também no concelho de Chaves; Pedras Salgadas, no concelho de VIla Pouca de Aguiar; Carvalhelhos, em Boticas).
    7. Comprar no Minipreço umas bolachas digestivas revestidas de chocolate que sabem a maná (salvo seja), e que devoro com sofreguidão!
    8. Queijos… queijos… o meu fiel amigo, o meu bacalhau: camembert, roquefort, edam, serra, azeitão, de Castelo Branco picante, brie, alentejano, de cabra, para barrar, a meio da manhã, como sobremesa ao almoço ou jantar…
    9. Aaahhhnnn… Se me lembrar de outra, ou se outra entretanto inventar, publicá-la-ei.

    Próximos na cadeia, a quem endereço o desafio: Through the window, My precious things

    quarta-feira, fevereiro 08, 2006

    caricaturas 2 — "O Ministro Tuga"




    O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, o "patriota" que o Dr. Garcia Pereira preferia como candidato à Presidência da República, reagiu ao caso das caricaturas criticando o acto de publicação, com a alegação de que «a liberdade sem limites não é liberdade, mas licenciosidade. Todos os que professam essas religiões têm direito a que tais símbolos e figuras sejam respeitados. O que se passou recentemente nesta matéria em alguns países europeus é lamentável porque incita a uma inaceitável 'guerra de religiões' - ainda por cima sabendo-se que as três religiões monoteístas (cristã, muçulmana e hebraica) descendem todas do mesmo profeta, Abraão». E ainda: «a liberdade de expressão (...) tem como principal limite o dever de respeitar as liberdades e direitos dos outros».
    Quatro vergonhas nestas palavras: condenação implícita e ingerência controleira na liberdade de expressão; não condenação da reacção da generalidade dos muçulmanos, mesmo dos que vivem livremente na liver Dinamarca, como deveria; desculpabilização desta reacção com a falaciosa alegação da provocação; finalmente, envergonhou Portugal e a Europa.
    Com efeito, ainda que a intenção de quem publicou fosse chocar, caberia aos muçulmanos escolher a forma de reagir. Não há justificação para as acções que tomaram. A liberdade de expressão implica também a liberdade de ser processado em tribunal por quem se sente ofendido. Porque não ocorreu tal aos muçulmanos da Dinamarca? Como se lê no Público de ontem, só procuraram "reuniões" com o jornal e com o governo, após o que internacionalizaram a questão, fazendo "reuniões" com líderes muçulmanos de outros países. Não conhecem as leis da Dinamarca? O tribunal e um processo por difamação parecia ser o mais óbvio. Não existe separação de poderes na Dinamarca? Não o sabem os muçulmanos que lá habitam?

    É um ministro tuga, com certeza. Há um século atrás, vociferavam os republicanos por tibiezas destas na monarquia. Precisaremos de uma nova revolução? Não, talvez que o Ministro se demita. Penso que é suficiente para tal. Recorde-se que foi este ministro que, antes de o ser, enquanto cidadão, expressou, e bem, críticas à invasão do Iraque por George W. Bush. Uma vez investido deste cargo, é-lhe exigida diplomacia, mas também que permaneça firme e seja coerente nas convicções, e não o jogo de estar bem com Deus e o diabo.

    Na carta de Tiago 1:6-8 lê-se uma boa lição que se pode aplicar a este espírito de catavento.

    Talvez alguém se lembre de fazer uma caricatura do ministro...

    segunda-feira, fevereiro 06, 2006

    Paz como um rio


    Chaves, ponte romana de Trajano, séc. II d.C., sobre o rio Tâmega.
    Esta ponte tinha dezoito arcos sobre o rio, actualmente tem nove. Os restantes foram soterrados sob as construções marginais, o que significa que, ao longo de séculos, se foi roubando leito ao rio e estreitando as margens. A última grande transformação do género data do séc. XIX, quando também se alargou o tabuleiro e se colocaram guardas de ferro, sendo as originais de pedra.
    Os engenheiros romanos fizeram grandes obras, e duradouras.

    caricaturas

    Publiquei há dias neste blog uma vinheta de humor cristão, da reverendfun. Ofende?
    Lembrei-me disto a propósito da publicações de caricaturas de Maomé (Muhammad), profeta do Islão, num jornal dinamarquês primeiro, e de outros países depois, e da reacção dos muçulmanos em todo o mundo, quer das multidões, quer das lideranças religiosas, com o beneplácito das autoridades políticas dos respectivos países.
    Não é politicamente correcta a minha reflexão, mas tenho de a fazer. Admito que a liberdade de expressão possa ter os limtes do bom senso, do decoro, do respeito pela reputação e convicções dos outros e da boa educação. Não quero contribuir para um choque civilizacional, pois carecemos antes do esforço no sentido contrário, mas como pode capitular perante tanta susceptibilidade do Islão? Pediram os muçulmanos perdão pelas persesuições de que são alvo, nos seus países, todos quantos não professem a sua religião, designadamente os cristãos? Pediram desculpas pela forma torpe como ridicularizam Israel na sua imprensa (e não defendo aqui Israel, pois esta nação não é especial, é como as demais, ímpia, pois não está em Cristo)? Pelos seres humanos que mandam em série pelos ares com bombas? Pela forma como tratam as mulheres? Pelo assassínio de um cineasta holandês por um muçulmano no país que o recebeu, e que é conhecido pela tolerância mais liberal do Ocidente, precisamente a Holanda? E vejam-se as exigências e pressões que os muçulmanos residentes na Europa colocam, nas nações onde vivem, à sua especificidade de cultura, como a exigência do direito de usar véu. E é coisa que não contesto, que admito como direito legítimo.
    Mas como entender esta dualidade? Querem do Ocidente o que eles mesmos lhe negam. Tomam a nuvem por Juno, confundem a liberdade de imprensa exercida por meia dúzia de jornais europeus com os países europeus, com os cidadãos europeus, com os governos europeus, com a União Europeia. Esquecem-se duma assentada da ajuda humanitária que a União Europeia envia para os árabes da Palestina, e do tradicional pacifismo e bom relacionamento dos países escandinavos têm tido com os países árabes e muçulmanos e desatam a queimar bandeiras e a destruir embaixadas! Sim, as massas ignaras — poder-se-á dizer. Mas que fazem os esclarecidos líderes desses países e dessa religião? Será o seu esclarecimento maior do que o das massas? Talvez lhes importe, por motivos de manutenção de influência, que as massas permaneçam ignorantes fanatizadas.
    Contudo, tudo isto não deixa de me fazer pensar que, em boa medida, usam a tíbia tolerância do Ocidente para impor a sua intolerância se comportam como quem vomita na mão que o alimenta.
    Entendo que o Ocidente deve fazer valer os seus argumentos, sem dobrar a sua cerviz às susceptibilidades do Islão. Porque haverá o mundo de ser refém do temperamento iracundo desse Islão? Onde está reciprocidade do respeito, do respeito que se deve entre iguais? De que nos havemos de envergonhar? Somos como somos, pela graça de Deus ou sem ela — mais sem ela, pois Deus está ausente da cultura, da intelectualidade, da governação e até da Constituição europeias. Não o somos contra o Islão. O problema em tudo isto chama-se crónica dependência ocidental do petróleo…

    Tenho pena que o Islão (ou certo Islão, quiçá o maioritário) queira ser Islão contra o Ocidente. Que isto não ajude a esquecer a feliz experiência de vanguarda nas ciências, nas técnicas, na arte, na cultura, na poesia, na tecnologia, no desenvolvimento, na língua, na civilização e no requinte dos Árabes e do Islão do passado. Em especial os sete séculos de tolerância, boa vizinhança no espaço europeu chamado Península Ibérica, quando o resto do continente vivia o subdesenvolvimento da Idade Média bárbara.

    terça-feira, janeiro 24, 2006

    Novo Presidente da República

    Chegou ao termo o processo de campanha e eleições presidenciais. Ganhou o candidato esperado por muitos, e indesejado por outros.
    Para as esquerdas, que com a ferocidade de cães famintos se lançaram Cavaco Silva, sucedeu o horror de ver o candidato do centro e da direita vencer, facto que sucedeu pela primeira vez em democracia. O espectáculo a que se assistia era tal que, para as esquerdas, é como se a democracia se esgotasse, como se fosse património seu e como se a vitória de Cavaco Silva fosse uma espécie de pecado original, e fatal.
    Não será normal a alternância?

    No tempo em que Cavaco Silva era primeiro-ministro, eu era de esquerda. Abominava o estilo de democracia musculada. Mais tarde, mudei de perspectiva. Considero-me um conservador. E pude notar mudança nas atitudes de Cavaco Silva, que indicia possível e efectiva mudança no temeperamento. Parece um homem mais humano, mais brando e tranquilo. Mais humilde. A derrota que sofreu há 10 anos face a Jorge Sampaio, a travessia no deserto entretanto percorrida podem ter provocado o amadurecimento do carácter. Ao contrário de Mário Soares, que apareceu com o ímpeto que tanto censurou em Cavaco, o do herói salvífico, do rei legítimo que regressa da guerra, em entrade de leão, para salvar o país do desânimo. Creio que a diferença de atitudes foi crucial para os resultados: um, com uma agenda própria, os outros, contra Cavaco e a direita. E os cidadãos eleitores preferiram quem não criticou, nem atacou os outros. Soares teve um sgundo mandato censurável: fez-se líder da oposição e só descansou quando deu posse a um governo do seu partido, na pessoa de António Guterres. Mas Cavaco não foi por aí. Limitou-se a falar do que pensava, mesmo que, segundo alguns, nada tivesse dito de substancial.

    Quanto aos candidatos de esquerda, entendo ser de saudar Manuel Alegre, pelas suas qualidades como poeta, e também pela combatividade como político. E porque me parece ser pessoa transparente.

    Nota dissonante da noite foi o discurso do Primeiro-ministro no momento preciso em que falava Manuel Alegre. Pareceu ser calculado. São de anos, e repetidas, as incompatibilidades entre Alegre e José Sócrates. Poderão os responsáveis do PS desdizê-lo, mas é coincidência a mais. Sócrates comporta-se, desde que é Primeiro-Ministro, como o velho Cavaco. E o cúmulo foi a subserviência de todas as televisões, e não apenas da pública, em relação ao Primeiro-Ministro, desprezando ouvir um dos candidatos. Prioridades e editoriais — justificarão talvez. Mas fica a vergonha.

    sexta-feira, janeiro 20, 2006

    Dói-nos a vontade de Deus?

    Afirmou C. S. Lewis: "Não é que duvidemos que Deus nos proporcionará o melhor, mas é que questionamos quão doloroso o seu melhor será para nós!"

    A paz de ser humano com o seu Criador custou a própria dor deste.
    Lázaro teve de morrer, e as lágrimas de desespero e saudade pela sua partida tiveram de correr para que Deus realizasse algo maior, a sua miraculos ressurreição, e para que as irmãs, familiares, vizinhos e amigos do morto cressem na Ressurreição e na Vida que Jesus é.
    Paulo não questionou nem rejeitou, mas aceitou alegremente o que lhe fora predito que sofreria ao entrar em Jerusalém. Aceitou-o alegremente, e como uma honra, porque sofreria por amar Jesus, e porque conhecer intimamente era muito mais sublime do que todo o sofrimento, e valia bem o preço de todo o sofrimento.
    Abraão teve o seu coração trespassado quando lhe foi exigido o sacrifício do seu próprio filho, o filho prometido, mas não deixou de acreditar que a promessa de Deus, de que esse filho lhe daria prolífica posteridade, se manteria, que Deus não alterara a palavra outrora dada e sempre repetida. Como? Deus poderia ressuscitá-lo!
    Coração trespassado teve Maria, a mãe de Jesus, pois, apesar de este ser Deus e seu Senhor, era homem, e filho das suas entranhas, quando ele foi severamente torturado, escarnecido, traído e crucificado. Uma mãe como qualquer outra, que ame os seus filhos, chora a morte deles.
    Outros exemplos de sofrimento por causa do cumprimento da vontade de Deus: Jeremias, Isaías, profetas, João Baptista. Todas estas foram pessoas que não se perguntaram qual seia o custo da obediência a Deus ou, pelo menos, se a pergunta lhes surgiu no espírito, subjugaram-na à determinação em obedecer.
    Em todos os casos, o bem resultante foi sempre infinitamente mais compensador do que a dor, breve embora cruel, que homens e mulheres experimentaram.

    A vontade de Deus — estou certo — não dói necessariamente. Lemos, com efeito, em Romanos 12:2, que ela é boa, perfeita e agradável. Em todo o caso, não haverá sempre algo nela que de algum modo nos contraria, nos nossos desejos, preferências, amores e ódios pessoais, auto-justiças?

    LEMBRA-TE!

    “Bendiz, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o Teu Santo Nome (…) e não te esqueças de nenhum dos Seus benefícios.” Salmo 103:1-2

    Neste mundo — Jesus garantiu — teríamos aflições (João 16:33). Todavia, outra garantia nos foi dada: Sua companhia e auxílio.
    Uma sugestão: na luta, na provação, façamos um exercício. Esse exercício ajudar-nos-á a ver as coisas de outro ponto de vista, não de quem se sente como que dentro de uma fornalha, mas de uma perspectiva exterior, o de Deus, d’Aquele que está connosco na fornalha e dela livra incólume. O exercício é: LEMBREMOS-NOS DO QUE ELE TEM FEITO POR NÓS!
    Salmo 103:1-2 apresenta esse exercício. O rei David, autor do salmo, dirige-se à sua própria alma (mente e emoções), com palavras de fé vindas do seu espírito, e ordena-lhe que renda adoração ao Senhor. E faz-lhe então a exortação: “lembra-te das bênçãos que o Senhor te tem concedido, dos escapes que tem dado às tuas tribulações”.
    No momento da tensão, senta-te, pois, confortavelmente. Toma uma folha de papel e uma caneta, traça uma linha a de alto a baixo a dividi-la a meio. Ora ao Senhor, pede que te ajude a lembrar-te, conforme Salmo 103:2. De um lado, regista problemas que viveste, aflições que sentiste, feridas que sofreste, vícios que te escravizaram. Do outro, escreve o que sucedeu a essas situações. Foram resolvidas? Foste liberto delas? Foste sarado de enfermidades? Estás mais forte e persistente? Já não dizes “nunca vou sair disto!”, mas “sei que o Senhor está comigo e que com Ele atravessarei até ao fim sem um beliscão o vale da sombra da morte!”? Faz o balanço: experimentaste mudanças positivas? Podes dizê-lo, com sinceridade? Deus esteve nesses outros momentos e neles trabalhou. Ele transformou o teu carácter. Então, LEMBRA-TE, de forma que tenhas bem presente na tua mente que, se Ele esteve contigo, sempre está e estará. Para perdoar todas as tuas iniquidades e sarar todas as tuas enfermidades, para te livrar de todos os teus temores e angústias (Salmos 103:1; 34:4, 6). PROCURA LEMBRAR-TE!
    Há um lugar da Bíblia em que o cuidado de Deus é expresso por uma imagem muito bela. Impressionou-me todo o coração e a alma desde a primeira vez que o li, e visitá-lo era achar refrigério e renovada esperança em momentos de necessidade. Deus dirige-se a Efraim (nome de uma das tribos de Israel, designativo do todo de Israel), Seu povo, invectivando e deplorando a infidelidade deste para com seu Senhor. Então, o Seu coração não se contém sem que lhe revele o mais entranhado do Seu afecto: “Todavia, eu ensinei Efraim a andar; tomei-o pelos seus braços, mas não conheceram que eu os curava.” (Oseias 11:3).
    O amor e solicitude de Deus para com o Seu povo é, pois, comparável ao dos pais ao ajudarem os filhos nos seus primeiros passos. Tomam-nos pelas mãos, para não caírem, pois os pés dos bebés ainda não ganharam a firmeza suficiente para sustentar erecto todo o corpo. Assim fez Ele connosco, quando éramos bebés espirituais, quando pouco ou nada sabíamos. E mesmo hoje o continua a fazer, embora já saibamos andar, pois ainda estamos a crescer.
    Ao contrário de Israel: CONHEÇAMOS QUE ELE NOS CUROU, QUER CURAR E ESTÁ A CURAR.

    quarta-feira, janeiro 11, 2006

    Igrejas convertidas a emissões via iPod?



    Porque não? Os velhos métodos de sair de casa e gastar combustível para ir à igreja estão desactualizados. As igrejas têm de se adaptar ao século XXI!

    domingo, janeiro 08, 2006

    FASES, NOVOS SONHOS E PROJECTOS

    Fases, novos sonhos e projectos. Sempre a acreditar, a sonhar, a projectar, a pesquisar e a marchar. Literatura variada no-lo aconselha, no-lo sugere: isto é o que dá sentido à vida, lhe confere o seu âmago. Leia-se, por exemplo, Nunca desista dos seus sonhos, de Augusto Cury.
    Sonhar faz-nos avançar, não sonhar, não ter projectos que nos aticem a alma em fogo é morrer em vida. Estudar, aprender sempre mais é dos melhores preventivos de Alzheimer. E Sólon, o escritor, sábio e estadista ateniense afirmava que envelhecia aprendendo sempre muitas coisas.
    A Palavra do Criador ensina também essa necessidade de aprender e prosseguir aprendendo, no livro de Oseias: conhecer e continuar a conhecer o Senhor, a melhor e mais perfeita fonte, e o mais desejável e perfeito objecto de conhecimento. Paulo, o apóstolo, também confessava, na carta aos irmãos de Filipos, que essa era a sua mais suada ambição (o "suada" é meu).

    Vem isto a propósito de ser novo de ainda ter definido alvos para ele. Tenho estado a rever o texto da minha tese de doutoramento, que finalmente, ao cabo de 8 anos, chegou ao termo. Deverei entregar os respectivos exemplares para os membros do júri nos próximos dias. Glória a Deus por isso!

    E a seguir? O que há para fazer? Algumas coisas. Sobre elas se falará oportunamente (agora tenho de voltar à tese…). Não hei-de sofrer da chamada "depressão pós-parto", que já uma vez experimentei. Em nome de Jesus!

    Just keep on rolling, baby!

    quarta-feira, janeiro 04, 2006

    Sobre ética

    O actual governo entrou como um leão, voluntarioso, anunciando reformas e moralizações que causariam a ira de uns e o benefício de todos. Delimitaram-se umaas quantas corpororações dependentes do Estado como as grandfes culpadas do défice (professores, função pública, enfermeiros, militares, juízes, políticos) e apregoou-se a moralização geral. Eis senão quando emergem como borbulhas alguns casos de excepção nesse tão apregoado programa ético.
    Contrariam-se as promessas de subir os impostos, falhando-se a criação dos prometidos 150 mil novos postos de trabalho. Casos casos como a nomeação de membros do partido do governo ou ligados a ele, e que foram membros de anteriores governos do emsmo partido, para cargos estratégicos (Fernando Gomes, ex-autarca e ex-ministro sem emprego, para a GALP, Guiherme de Oliveira Martins, ex-ministro, para a Presidência do Tribunal de Contas). Mais recentemente, a descoberta de que o Secretário de Estado da Educação, membro da equipa ministerial que mais mal tratou os professores em Portugal, difamando-a como um grupo em geral de gente que falta ao trabalho, afinal, tem no currículo faltas injustificadas enquanto foi vereador da câmara municipal de Penamacor; que a direcção do Centro Cultural de Belém foi demitida por ter discordado da criação de uma fundação a dentro dele, com o propósito de gerir e manter a colecção de arte de Joe Berardo, o que implicaria a criação de mais um mastodonte burocrático do género, e que para o lugar do demitido presidente teria sido convidado António Mega Ferreira, escritor, gestor da Parque Expo com o resultado desastroso conhecido e próximo da área do partido do governo (convite que o próprio negou existir). Ainda o caso de Pina Moura, como gestor de uma empresa espamhola com interesses na EDP e que teria sido preferida pelo próprio quando foi ministro. Ou a da atribuição de uma gorda indemnização por parte do Estado a uma empresa em que participa José Lello, ex-membro de governo, indemnização a que não tinha direito e que tinha sido vigorosamente negada por Cavaco Silva, quando Primeiro-Ministro…
    Enfim, casos que não nos poderão admirar, pois a massa humana, e a cultura lusa, é a mesma e transversal aos partidos, à educação e aos estratos sociais. Porque não lembrar os casos dos vencedores "independentes" de eleições autárquicas Isaltino Morais, Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras, heróis desta república de pacotilha?
    Como ter ilusões? Nós, os cristãos, não conhecemos já suficientemente bem as advertências do Livro da Sabedoria de Deus, a Bíblia, e as lições da História? Acreditamos que um novo Presidente da República da área da nossa preferência, o centro-direita, será o anjo enviado pela providência divina, ou um Messias, ou um D. Sebastião que inverterá o rumo em direcção à glória?
    Penso que não. Já sabemos o que cremos e queremos. Orar pelso titulares de cargos governativos e do Estado, por que o Deus que tudo pode mude os corações, e por que Ele promova a esses lugares homens e mulheres que o conheçam e o temam: para os tribunais, para os ministérios, para as empresas tanto do sector público como do privado, para as autarquias. Deus, o temor e o amor de Deus são a fonte de toda a ética, e da perfeita e infalível. Não depende de bons princípios morais, que nada alteram pela corrupção da vontade humana, mas estriba-se na transformação e renovação operadas na natureza, na substância, no carácter e na vida de cada indivíduo. De bons princípios morais está o inferno repleto!

    Em suma, sabemos que só quando a nação portuguesa se entregar a Jesus Cristo será viável. Atrevamo-nos a proclamá-lo.

    DEUS TE CHAMA. ONDE ESTÁS?

    Há tristezas e tristezas. Mas nenhuma se compara à do clamor de dor de parto de toda a criação, enquanto não é regenerada.
    Há clamores e clamores, mas nenhum se compara ao que os santos dirigem a Deus, nas suas aflições por causa do pecado e da morte que opera na mortalidade do seu ser.
    Há aflições e aflições, mas nenhuma se compara com as tribulações daqueles que são açoitados por mensageiros de Satanás.
    Há açoites e açoites, mas nenhum se compara com as que o apóstolo do gentios sofreu por não retroceder um minuto no cumprimento do seu ministério.
    Há ministérios e ministérios, mas nenhum como o daquele homem que bem podia achar degradante e servil lavar os pés aos que os trazem sujos da caminhada, mas que livre e amorosamente o faz.
    Há lavagens e lavagens, mas nenhuma se compara com a que foi feita nos nossos espíritos pelo Sangue do Cordeiro, purificando-os e justificando-os.
    Há justiças e justiças, mas nenhuma como a que veio do alto e foi feita em nós nova natureza.
    Há vindas e vindas, mas nenhuma mais amada como aquela que foi prometida.
    Há promessas e promessas, mas nenhuma como a que nos garante que pelo sacrifício da cruz há salvação, cura e libertação totais.
    Há salvações e salvações, mas nenhuma como aquela é dada por gratuita e imerecida dádiva.
    Há dádivas e dádivas, mas nenhuma como o de provar do alimento de Deus.
    Há alimentos e alimentos, mas nenhum como o Pão da Vida que nos recebemos o encargo de distribuir pelos famintos.
    Deus te chama: não o sabes? Por que foges? Vês como o inimigo do senhor da seara trabalha sem se cansar e diligentemente semeia o joio pela calada da noite?! Não vês à tua volta a urgência? Não sabes que foste investido como embaixador da reconciliação?
    Onde tens estado? É o próprio Deus quem te pede, te procura e precisa da tua intercessão. Acode-Lhe! Por que dormes? ACORDA!