domingo, junho 11, 2006

PORTUGAL




Não sou dos que põem bandeirinhas na janela ou na antena de casa do carro, ou que vistam uma bandeira ou uma camisola da selecção, ou que pintem o rosto de verde-rubro. Não alinho nisso, pois, em minha opinião, se não estou no estádio de futebol, a minha identificação com a tribo da selecção nacional de futebol mediante marcas extreriores não fará sentido. Nem tão pouco traz qualquer mais-valia à prestação dos jogadores que nos representam, pois não sou supersticioso.
Outra razão prende-se com a hegemonia do futebol nos afectos nacionais. Deixo claro que gosto de futebol, mas questiono por que razão esse gesto não se estende ao apoio a outras modalidades desportivas ou a outras áreas em que deveríamos ter motivo de orgulho pátrio — justificado pelos factos ou como mera aspiração: a nossa literatura, a nossa língua, a nossa cultura, a nossa ciência, o nosso bem ordenado território, sem a pressão e império do imobiliário, a nossa cultura cívica, o nossso eficaz e justo sistema fiscal, os nossos honrados e competentes políticos, as nossas estradas bem feitas, em que raramente os buracos se rasgam ou acidentes ocorrem. Para não falar do nosso bom clima.
Ser português só quando joga a selecção nacional é bem pouco. Não fomos campeões da Europa; sê-lo-emos do Mundo? Ser português, trabalhar para a prosperidade nacional é de todos os dias, em todas as actividades.
Ainda assim, estou de coração com a selecção portuguesa de futebol, baterei palmas, saltarei e gritarei de alegria com cada golo que os nossos jogadores marcarem, na esperança de que assim seja até 9 de Julho em Berlim!

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