terça-feira, julho 15, 2008

Ingrid Betancourt e ZIdane



Não sabemos que não há seres humanos perfeitos (não falamos de Jesus, obviamente)? E que não há bela sem senão?
Não é que Ingrid Betancourt teria afirmado, em entrevista a uma revista francesa, que "adorou" a cabeçada Zidane deu no italiano Materazzi, na final do campeonato do mundo de futebol de 2006. O próprio Materazzi,admitira que provocara jogador francês.
Contra os métodos violentos das FARC e de todos os corruptos e narco-traficantes da sua Colômbia, Betancourt tem usado a força da inteligência. Zidane, ele próprio, não deixa de concordar. Contra as provocações dos adversários, é preciso é usar a cabeça.

Um FARCuinho comunista


A libertação de Ingrid Betancourt e de outros catorze reféns das FARC (Forzas Armadas Revolucionarias de Colombia) a 2 de Julho foi motivo da apresentação de votos de congratulação na Assembleia da República, como nos demais países europeus. Dois votos foram apresentados: um apresentado por PS, PSD e CDS-PP, o outro pelo PCP.
O primeiro voto classificava as FARC de grupo terrorista, repudiando as suas actividades, e foi aprovado com voto contra do PCP e a favor dos demais partidos. O segundo voto, por sua vez, proposto pelo PCP, foi rejeitado, com votos a favor do pleno da esquerda à esquerda do PS e dos partidos de centro-direita.
O PCP recusa-se a classificar as FARC de organização terrorista, a despeito dos seus métodos, a que não são alheios, por exemplo, a ameaça de morte que pesa sobre os seus membros que, na luta militar e de espionagem contra o exército estatal, deixem escapar um prisioneiro ou se deixem tocar por um pouco de compaixão, à revelia das chefias.
No seu voto, o PCP prefere um registo neutro de satisfação por esta libertação e mostra insatisfação por esta luta de décadas, com prisioneiros e mortos de cada lado. Ao fim e ao cabo, como salientam os restantes partidos de esquerda, o mal não está apenas de um dos lados, e de ambos os lado há vítimas (como o próprio PCP assume). Não bastando porém isto, logo a seguir borrar a pintura, desancando somente no "fascista" do Presidente da Colômbia, Álvara Uribe e descarregando toda a sua bílis, como era previsível, sobre os EUA, com o blá blá blá do costume. A famosa cassete.
O PCP mantém-se fiel ao que sempre foi. Revela, mais uma vez, que nada aprendeu, e que a fidelidade à ideologia e às simpatias partidárias falam mais alto do que a justiça em sentido absoluto. Assim é fiel ao saudoso pai dos povos Estaline, como ao comunismo dinástico de Pyongyang. É a mesma fidelidade que tem ao Fidel. A tirania de direita é má; aquela que se proclama de Marx, Lenine, Estaline, da família Kim, de Mao, de Castro e Che Guevara é sacrossanta e libertadora. Não importa que haja homicídio, tortura, massacres, coacção, roubo e saque no currículo destes senhores. O genocídio cultural do Tibete pelos comunistas de Pequim é uma bagatela para o PCP. Apesar da semelhança em relação à estratégia do "direitista" e imperialista pró-americano Suharto aquando do domínio indonésio em Timor Oriental, colonizando os territórios dominados com populações de funcionários, elites e militares da etnia dominante no governo (estratégia que os Romanos e outras puseram em prática).
A proverbial "coerência" de Álvaro Cunhal e seus herdeiros é de facto — já as mentes sensatas o sabiam há muito — incoerente. O pior é que o PCP se mantém prisioneiro destas insanáveis contradições. Teria sido escandaloso não se congratularem, de todo, pela libertação dos reféns. Na sua contragutalação, porém, limitam-se a um shame on you, mister Uribe, and on you, mister Bush, and on those before you! A santidade revolucionária das FARC, debaixo do pétreo silêncio do PCP a seu respeito, permanece imaculada.

Ter-lhes-ia feito bem atentarem um pouco no percurso político dessa senhora, ex-candidata presidencial. Antes e depois da sua captura e libertação, lutava politicamente contra a corrupção, o rapto, o homicídio, o tráfico de droga, tanto de um lado como do outro. Se Álvaro Uribe, por exemplo, é suspeito de tráfico de droga para financiar o seu poder, as FARC, ao que parece, recorrem ao mesmo meio para adquirir armamento.

Quem não quer aprender, como o PCP, não só fica ignorante como de nenhuma utilidade serve.

sábado, junho 28, 2008

Exposição online de cadernos de Fernando Pessoa


Imagens digitalizadas fac-similadas de espólio de Fernando Pessoa, com descrição dos manuscritos, no portal electrónico da Biblioteca Nacional, do poeta sempre desafiador que sentia a pensar, aqui!

sexta-feira, maio 30, 2008

Verdade conveniente



As árvores já têm copas de lava
de tão violentadas as águas do rio
exibem fissuras nos dedos
os ursos polares têm calor em pouco gelo
ao sol.

O que antes foram cedros e figueiras e abetos
não são hoje cardos?
E não pode a água fluir límpida
da boca do ventre?
Cessarem os sacrifícios de canários em minas de carvão?
Não basta o sangue de um só para lavar as suas entranhas?

Tirar o cinto que garroteia as nuvens
e retêm os mananciais na esponja e a luz
a rega precoce e tardia que fala e beija a terra
e alimenta com a profecia os chacais e as avestruzes
as bestas selvagens do ermo?

Vamos, filhos do Rei, que não é a hora de a rocha
emanar a lava, mas de estancar o vómito aos vulcões!
Manifestai a vossa glória de príncipes!
É a hora de plantar os lírios e colher o vetusto jardim
de deixar que os ossos enterrados sejam as raízes
da árvore da vida.
De rasgar no deserto a via por onde passarão os exércitos!
De fazer brotar o rio das ânsias de parto do pesadelo!

(27/05/08 Após ver o filme An inconvenient truth e correr a ler Paulo, Carta aos Romanos 8:19 “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.”)

domingo, maio 18, 2008

Look who's talking! Conversa com a minha filha de 3 meses e 3 semanas


Foi no sábado de manhã. Pousei o maxy cozy com a minha filha Caroline no banco traseiro do carro e passava-lhe o cinto de segurança à volta. Já antes tinha saído com ela, a levar a minha mulher ao trabalho, uma segunda vez, em visita a uma casa para comprar, e saíamos pela terceira, para uma reunião no nosso banco para tratar do pedido de crédito.
Prendia o cinto e…

– Papá, aonde vamos? Já é a terceira vez que me levas a passear esta manhã.
E como ela gosta de passear. Quantas vezes a chorar por ter sido posta mais uma vez naquela cadeirinha afinal ela não acha tão cozy assim, basta dar à chave, meter a primeira e pôr as rodas em movimento para se aquietar e adormecer!
– Vamos ao banco, filha.
– O que é banco?
– Um banco é um sítio onde vamos falar com uns senhores e pedir-lhes dinheiro.
– Aaahhh... E precisas de dinheiro, papá?
– Sim.
– Ah, isso é coisa dos grandes. Os grandes é que pensam muito em dinheiro. Acordam a pensar no dinheiro. Vão trabalhar e cansar-se fora por causa do dinheiro, adormecem a pensar em dinheiro, sonham com dinheiro. Ou nem chegam a dormir por causa do dinheiro. Preocupam-se muito com o dinheiro, se não o têm e o desejam ou se o têm em excesso e não sabem o que fazer com ele. Zangam-se uns com os outros por causa do dinheiro, casam-se e separam-se por causa do dinheiro. Matam e matam-se por causa dele. Deprimem-se por causa dele. Os grandes vivem para o dinheiro.
– Ah, sim, filha, pois…
– Nós, os pequeninos, não precisamos de dinheiro. Nem sabemos o que é. Temos mama e biberão, pegam-nos ao colo, dão-nos banho, mudam-nos a fralda e a roupa, limpam-nos o bolsado, levam-nos a passear, embalam-nos, abanam-nos, fazem aviação connosco, riem, enchem-nos de beijinhos e carinhos, sorriem, cantam, balbuciam para nós, imitam-nos e deliciam-se com o nosso "arrreee" e falam "bebesês" connosco. Acorrem a toda a velocidade quando choramos, às vezes mais tomados de aflição e desespero do que nós mesmos. Não precisamos de dinheiro.

Uma lição de sabedoria da minha filha de 3 meses e 3 semanas.

sexta-feira, maio 02, 2008

Don't cry, Maddie!



Completa-se um ano sobre o caso mais mediático de sempre no mundo de desaparecimento de uma criança. Toca-nos a nós, Portugueses, porque se passou em Portugal.
Não quero dar a minha opinião nem botar palpites nem sentenças sobre quem presuma ser o culpado, se houve assassinato acidental ou propositado, com desembaraço do corpo, ou rapto. Se os pais montaram um grande esquema para encobrir uma eventual culpa, ou se simplesmente moveram mundos e fundos na busca da sua filhinha, como se calhar casal de pais faria se pudesse. Nem se o arrastamento ou a não resolução deste caso interessa a alguém. Nem quero filosofar sobre a razão porque, dentre tantos milhares de crianças desaparecidas no mundo, inclusive em Portugal, teve este caso tão grandes atenções das autoridades policiais, da comunicação e da opinião pública. Agora que outros casos vamos conhecendo de abusos de crianças e adolescentes, por vezes pelos próprios pais (como o caso daquele senhor austríaco que sequestrou durante 24 anos e gerou filhos dela).

Quero apenas invocar a criança, o elo mais fraco. A quem ninguém perguntou nada, e isenta de malícia para ser cúmplice do seu próprio desaparecimento. Invoco apenas a sua memória, como símbolo da colheita demoníaca que é fazer mal a uma criança. Em qualquer parte do mundo. Porque delas, das tais crianças, simples de coração, ingénuas, prontas a acreditar no amor dos grandes, dependentes, rápidas a ser cruéis – é certo – mas também a perdoar e esquecer; ainda sem noção do bem e do mal – e por isso herdeiras, mais do que ninguém, do Reino de Deus. Essas crianças que, sentadas no seu colo e saltitando ao seu redor, Jesus abençoou (Marcos 10:13-16), e nestas todas as crianças do mundo, esperança do futuro.

E quero dizer-lhe – embora tenha noção que ela não lerá estas palavras: don't cry! Estas foram as únicas palavras que se me oferece dizer-te. O Senhor Deus é o teu criador. Ele diz que, mesmo que uma mãe possa esquecer o seu bebé e perder o amor ao filho que ela gerou, ele, o teu Criador, jamais te esquecerá. O teu retrato está gravado na palma das suas mãos (Isaías 49:15-16)! E sei que te fará justiça. Que possas sossegar, pois és habitante do seu Reino! Quem te fez mal, melhor lhe fora se pendurassem uma pedra de mó ao pescoço e o lançassem ao fundo do mar, a enfrentar a julgamento do Senhor (Mateus 18:6). Porque o Senhor tem memória.

E o que te digo não é apenas para ti – mas para todas as crianças do mundo.

sábado, março 22, 2008

Finalmente, a promoção!

A 28 de Maio do ano psssado, relatava aqui um milagre: uma porta aberta de um emprego.
Mal sabia eu que se tornaria um pesadelo, a grande prova, o quente, grande e pavoroso deserto (Deut 8), o calabouço de José.

Durante dias, semanas, meses a fio outra coisa não fiz senão desapertar botões de camisa, separá-las por cores para as lavar. Repetitivamente. Ganhei uma tendinite, dores nos dedos e pulsos, gretas nas mãos e pela seca de todo o dia manipular roupa suja.
A humilhação do chefe e do patrão que insistiram em me manter na função mais baixa na empresa (ainda que todos sejam pagos pela mesma tabela mínima), que jamais pagam e compensam acima do mínimo mas exigem sempre mais do que o máximo a toda a gente, e para quem os empregados são meros números e sempre devedores.
O sentimento de revolta, de não aceitação que tive de possuir e dominar, a sensação de ter sido esquecido por Deus e a incompreensão que a essa sensação dava.
As portas que continuavam a fechar-se.
O ambiente baixo, de linguagem ordinária, de maledicência.
A luta existencial, o sentido de falta de propósito, de ter perdido a noção de qual seria realmente a vocação da minha vida.
A luta interior, sacrificando em louvor a Deus mediante a apresentação da gratidão pela humilhação e provação, porque a fé provada é mais preciosa do que o ouro mais fino e porque a humilhação precede a exaltação. Fazia-o pela fé, decidido diariamente a crer nisso e confessando-o, a chamar à existência o que não existia como se já existisse, desprezando e passando além do que deveras sentia. Por vezes, acaba por dizer o que não devia e deveras sentia, e expressar desapontamento e frustração. Desilusão com Deus e com a vida.
E as portas – todas as portas – continuavam a fechar-se

Fazer o melhor, sempre, esforçar-me e a procurar na Palavra o ânimo, como se escavasse uma mina de ouro, persistentemente. Decidido a crer que a obediência precede a recompensa, que a fidelidade no pouco atrai a promoção ao muito. Que Deus efectivamente me colocara nessa provação e que só Ele, quando o entendesse, dela me livraria.

A manter a minha língua isenta de maledicência, de críticas ao chefe e ao patrão, mesmo quando ouvia e referia entre colegas as más atitudes de um e de outro, mesmo quando grande parte dos empregados (entre os quais eu) decidiu sindicalizar-se para melhor defender-se. Nunca ter saído da minha boca palavra de desonra.

Não sei dizer quantas vezes chorei, nem conto já os domingos, que deixaram de ser o cume almejado da semana, de ida à casa do Senhor e de comunhão com os irmãos, para serem a véspera de segunda-feira!

Na segunda semana de Fevereiro, ao cabo de sete meses (quando o Código do Procedimento Administrativo prescreve 30 dias) de espera, é-me finalmente dada razão no recurso à FCT que interpus face à recusa da bolsa de pós-doutoramento.

Veio a recompensa. Posso alegrar-me que a fidelidade no pouco produziu a recompensa de Deus.

GLÓRIA A DEUS!

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Ser pai…




Ser pai… humm…

A aventura de um pai em início de carreira.
Pegar nos braços, segurar a cabecinha para não tombar, mudar para o outro braço, falar com ela, rir para ela, elogiá-la com muitos diminutivos e palavras de doçura, chamá-la, mimá-la, profetizar para ela um grande futuro em Deus, enchê-la de beijinhos, acariciá-la, apreciar cada esgar facial, cada boquinha, cada beicinha, franzir de sobrolho, esboço de sorriso. Limpar-lhe os beiços quando bolsa, cheirá-la para saber se fez chichi e cocó, mudar-lhe a fralda, despi-la, dar-lhe banho, vesti-la, limpar-lhe o nariz e as orelhas com um cotonete molhado em soro.
Correr ansiosamente a cada um dos seus choros, pegar nela, pôr-lhe a chupeta, embalá-la nos braços, dar-lhe palmadinhas no traseiro, sentir-me impotente quando chora de cólicas. Rir quando dá umas flatutências e chamar-lhe "cagona!"
Ter de a dar à mãe quando penso que falhei em consolá-la, e ficar ciumento porque o cheiro da mãe e a promessa da mama da mãe a tranquiliza mais do que nada.
Dormir intermitentemente de noite com os seus ciclos de choro e sono.

Ter um coração que ama, que protege, que cuida, mas que ainda não definiu bem os sentimentos que tem, pois o meu ventre não a suportou. Mas um coração que está a descobrir, a aprender.

domingo, janeiro 27, 2008

Caroline Sophie n. 26/01/08 A filha da promessa




Nasceu a nossa filhinha querida. Às 23h25 locais (TMG +1) de sábado no Hôpital de Mont Saint Martin (Meurthe-et-Moselle, Lorena, França).
E todo o evento encerra um milagre e está marcado com a assinatura inconfundível do Senhor. Não um milagre como o da maravilhosa concepção biológica de cada ser humano, e moldado espiritualmente à imagem do seu Criador, como uma obra de arte única e irrepetível, de que fala o Salmo 139. Refiro-me a uma intervenção de Deus na forma como, no domínio natural, interveio na resolução de uma ou outra situação que requeriam tal intervenção, geriu sobrenaturalmente a agenda do evento e dos envolvidos (pais, avós, irmã), e o esvaziou de tensão e excessivas dores.



Em primeiro lugar, ela é linda! Perfeita! Carinha redondinha. Tão pacífica, quase só dorme, praticamente não chora, não reclama, reage bem. Só quando tem fome e frio, e mesmo assim um choro breve, que em poucos segundos cessa. E digo que é — dirão os leitores — como qualquer pai o diria de um filho ou filha. O juízo estaria viciado pelo interesse emocional envolvido. Talvez. Mas nem por isso deixa de ser linda.

Os primeiros exames pediátricos revelaram saúde.

Contarei as circunstâncias da concepção e nascimento. Quem leu a mensagem de 4 de Novembro de 2006 "De volta…" decerto se lembrará do relato que fiz da descoberta da gravidez da Cristina e do aborto às oito semanas, e o abalo que trouxe à esperança que tínhamos em ter uma menina. A Cristina fizera e consagrara votos antes do casamento por uma menina, eu próprio alimentara esse desejo no coração durante anos, mesmo antes de conhecer a mulher com quem me casei.

Todavia, a promessa de Deus foi mantida.

Consumou-se a nova gravidez, dura, preenchida de dores e desgaste físico, de azia, problemas de circulação, noites de ansiedade e insónia.
Entre os dias 18 e 27 de Janeiro, decorreu no Luxemburgo uma conferência de cura, organizada por três igrejas (lusófona, anglófona e francófona), com o evangelista Billy Smith, em que testemunhámos a confirmação de que ainda hoje Deus cura em nome do Seu Filho Jesus em resposta à fé (eu próprio senti alívio instantâneo de dores nas mãos). Numa das noites (quinta 24) o servo de Deus orou a favor de uma senhora grávida, no fim do tempo tal como a Cristina, por um parto de menos de três horas. Senti-me desafiado por essa oração e pelo testemunho de provisão financeira em momento de grande necessidade na vida de outro irmão, e a minha oferta dessa noite foi semente na esperança de um parto normal, rápido e reduzido ao mínimo de dor para a Cristina. Os meus pais pediam a Deus uma hora pequena para a Cristina, e meditaram no Salmo 100. Na quarta 24 os meus sogros vieram da Alemanha passar uns dias connosco. Eu e a minha sogra andávamos a tentar convencer a Cristina uma noite à conferência. Na noite de sexta, a Cristina, que de maneira nenhuma queria sequer sair de casa, achava-se melhor, pois tinha dormido toda a tarde, sentia-se fisicamente menos dorida, e finalmente manifestou ela própria a vontade de ir à conferência. Nessa noite, o irmão Billy Smith fora dirigido a separar um momento para orar pelas crianças. Seria uma ocasião apropriada para a Eunice e para o nascituro.

Billy Smith impôs as mãos sobre o ventre da Cristina e denunciou a existência de um pequeno problema, que seria porém resolvido. A Cristina sentiu nesse momento o ventre rodar internamente. Num curso de preparação para o parto para futuros pais e mães que frequentávamos na maternidade, ficáramos a saber que umas posições melhores do que outras para o bebé. A melhor posição é aquela em que o bebé se apresenta de cabeça, mas mesmo esta tem variantes que tornam o parto mais ou menos rápido e fácil, tanto para a equipa médica e de parteiras como para a mãe e bebé. Depende de o dorso deste estar virado para um dos lados em relação ao corpo da mãe, esquerdo ou direito, interno ou externo. Ecografias haviam revelado que a Caroline se achava de cabeça para baixo, mas virada para o lado menos adequado. Esse era o pequeno problema revelado, e que percebi que ficava nesse momento solucionado. E o servo de Deus pediu às demais mulheres grávidas presentes na sala que impusessem as mãos e com ele intercedessem pelo mesmo motivo de dois dias antes: um parto de menos de três horas. E profetizou que a nossa menina seria filha da alegria.

No sábado a Cristina passou o fim da tarde com contracções regulares. Sacos no carro, e entrámos nas urgências pouco antes das 20h30. Às 20h42 estava ligada a um electrocardiógrafo, com as contracções e os ritmos cardíacos de mãe e filha monitorizadas. O colo do útero tinha um dedo de dilatação. Era certo que passaria lá a noite, mas incerto que o parto tivesse lugar.
Uma hora e um quarto depois, as contracções continuavam, com pequenos intervalos. Fizeram-lhe uma perfusão para provocar o parto e conduziram-na à respectiva sala. Acompanhei-a. Ela pediu a epidural, mas o colo do útero dilatou tão depressa que não houve tempo para chamar o anestesista. Por volta das 23h00 arrisquei:
— O parto será até às 23h30.
No meio das dores de um parto natural, nascia a Caroline às 23h25. Estava na posição certa para um parto absolutamente rápido e fácil, com o mínimo de dor e complicações. Tranquila, sem um queixume, sem parecer estranhar coisa alguma, dir-se-ia que colabarova conscientemente em todo o processo. Pude terminar o seu primeiro banho. Orar por ela, impor-lhe as mãos e abençoá-la, sossegá-la com o som da minha voz a cantar palavras de amor, de elogio à sua doçura e de louvor a Deus.

Foi o melhor dos partos por que a Cristina passou. Após uma gravidez dura, três outros partos e dois abortos. Anteriormente, fora cortada, rasgada, submetida uma vez a cesariana, passara horas a fio de intenso sofrimento. Desta feita, perdeu demasiado sangue após o nascimento, para se lhe poder retirar a placenta, o que ocasionou quebra dos níveis de glóbulos vermelhos e, consequentemente, anemia. Não sendo porém caso extremo a ponto de receber transfusão sanguínea, uma dieta adequada e comprimidos de ferro promoverão o devido restabelecimento. E foi apenas isso. Uma hora e meia de trabalho parto propriamente dito e, desde a entrada na maternidade, cerca de duas horas e três quartos. MENOS DE TRÊS HORAS!

O bom Deus assim cumpriu. Sem acrescentar dor. E a visita dos avós maternos foi presenteada com o conhecimento da neta. Agora, estão cá os outros avós, os paternos. Todas as circunstâncias foram dirigidas e bem encaixadas pelo Mestre escultor e Senhor das nossas vidas.

Começou uma aventura…

sexta-feira, novembro 02, 2007

Design Inteligente e evolucionismo

Para os interessados nos debates entre Darwinismo e Design Inteligente, entre Evolucionismo e Criacionismo, é de visitar Design Inteligente.
Aí encontrarão algumas notícias, reflexões, extracções de artigos e livros sobre o tema.
Se és daqueles que torce o nariz à história da carochinha da evolução amiba-até-ao-homem, colherás alguma informação interessante, ao mesmo tempo que te rirás com o tatebitate, e a "fé" com que os maiores profetas do evolucionismo (caso do inefável biólogo ateu Richard Dawkins) pregam a sua doutrina. Porque é mesmo de rir. Se, porém, és dos que juram que a evolução é um facto, será caso para pensar um pouco, te auto-questionares e pelo menos adoptar atitude de humildade científica, admitindo que podes ter de estudar melhor...

sábado, setembro 29, 2007

Boas e más notícias II: a boa notícia

Na segunda-feira, a ecografia e os resultados da amniocentese revelaram que a criança esperada é uma menina. E que se encontra bem.
O meu desejo e oração de há muito era por uma menina.
E já tem nome: Caroline Sophie. Com sonoridade francesa. Como vivemos em França e por aqui contamos viver ainda uns anos, teríamos de suportar o horror de ouvir a pronúncia Carroliná Sofiá, em francês! Só por isso a opção pela fonologia local. Em Portugal, se no nosso país não autorizarem o galicismo, será naturalmente Carolina Sofia, ou Sophia. A Cristina, a mãe, é Christine de resgisto francês, mas Cristina foi obrigada a ser ao regressar a Portugal aos 10 anos. Como a criança terá um dia dupla nacionalidade, pode perfeitamente ser nomeada à francesa em França, e à portuguesa em Portugal.
O princípe Charles de Inglaterra é Carlos em Portugal, a mãe Elisabeth no seu país e Isabel no nosso. Pas de problème!
Quanto à razão da escolha, queríamos que o nome fosse uma declaração profética do que confessamos sobre a criança e que cremos será parte da sua vida (procedimento correntemente atestado nas culturas humanas, hebraica bíblica e não só). Carolina (ou Caroline) como homenagem à bisavó e porque este nome é forma feminina de Carolino, derivado de Carlos, por sua vez proveniente do germânico Karl, ao que consegui saber, com o sginificado de de "forte, viril". Sofia (variantes Sophia e Sophie) é grego, e significa "sabedoria".
O nome desta criança será pois um híbrido e significará "forte sabedoria". E assim cremos que a sua vida assim o confirmará.

Boas e más notícias I: a má notícia


Maria Carolina, minha avó, 6/06/1923 - 23/09/2007

Na sequência de um AVC e 7 horas de coma, expira a minha avó materna. Quase ao cabo de uma semana de aparecer com um pé roxo e frio e de internamento, e quando o seu estado dava sinais de evolução positiva.
Todos nós, na nossa família, nos lembramos do seu humor e boa disposição. Fomos tocados pela candura do seu coração, pela simplicidade, ingenuidade, ternura, simpatia, lindo sorriso com que se relacionava com os outros. Mostrava-se generosa e sempre pronta a acreditar nos outros e simples na sua fé. Era uma simplicidade de criança, sem malícia. As experiência de vida que lhe endureceram o carácter (só chorava quando se comovia com um filme ou telenovela, ou com os netos, e nunca a conheci com tendência para se deprimir ou se lamuriar), respondia com humor. Um exemplo foi — contaram-me — quando deu entrada no hospital. O médico perguntou-lhe como se chamava e ela respondeu: Maria Carolina Roseira Martins. Nisto, toca na mão do médico e pergunta-lhe se gostava do seu nome. Ao que ele respondeu que sim, que era o nome de pessoas importantes, como a Princesa Carolina do Mónaco. Ao lhe perguntarem quem a acompanhava, terá apontado para a filha, minha mãe, e terá gracejado que esta estava muito acabada! Queixou-se da sopa que lhe serviram, que qualificada como “água de lavar couves”! E mostrava-se lúcida e consciente do seu estado de saúde e da idade que tinha, com dúvidas de que chegaria a ver o bisneto. Houve tantas outras situações em que nos rimos com ela, por coisas comentários ou observações ditas com graça a propósito de tudo e de nada, às vezes por ignorância, em virtude do seu baixo nível de estudos, ou simplesmente por simplicidade infantil, tantas que não me consigo agora lembrar de nenhuma em particular. Fizeram parte da nossa vida em comum durante os 38 anos em que fui seu neto. Destaco apenas as mais recentes situações, por serem as mais recentes e por serem reveladoras desse humor de quem parecia passar ligeira pela vida.
Todos nós nos fomos habituando à sua presença. E, apesar de a saúde, a robustez, agilidade física e intelectuais diminuírem, as dificuldades na saúde se acrescentarem (normal com o avançar da idade), fui-me (fomo-nos) acostumando a ver os seus anos acumularem-se. A sua presença tranquila e doce impunha-se. E resistindo a braços fracturados, quedas ou constipações. Como a Duracell. Inconscientemente, sabia (sabíamos) que mais tarde ou mais teria de partir, até por ser a mais velha da família. Mas vê-la durar dava a impressão de que ainda a veríamos testemunhar o nosso próprio envelhecimento, e acomodei-me (acomodámo-nos) a isso. Pessoalmente, esperava que ainda conheceria a sua bisneta. Partiu na véspera de saber que a criança esperada é uma menina, ao menos isso, pois teria de viver até fim de Janeiro para a conhecer.
Assim o Senhor não fez. E embora esteja triste por isso, e muito me custe que ela não venha a partilhar desse momento por vir, sou imensamente grato a Deus por ter prolongado os seus anos até aos 84. Bonita idade. E por ter permitido que não sofresse, por não ter passado uma dolorosa sobrevivência a um acidente vascular cerebral. Grato ainda muito mais por tê-la tido como avó e como pessoa. Pela bênção que foi para mim. Por tê-la amado tanto e ter sido igualmente tão amado por ela. Posso dizer que, ao contrário do que sucede com muita gente, que nestes momentos expressam remorsos e concluem por não terem presenteado o familiar falecido com bastante amor, carinho, simpatia, atenção, tenho paz no meu coração por — apesar de algum afastamento meu a partir de 1991, em virtude da minha vida profissional, tendo saído da casa dos meus pais e passado a residir longe da Amadora, com visitas de longe em longe, curti (passo o termo) a minha avó velha. Aproveitei-a bem. Não posso dizer: não lhe expressei amor as vezes suficientes. Não sinto que lhe ficasse a dever alguma coisa. Não. Recebi e dei.

Chorei convulsivamente quando recebi a notícia do AVC, orei, clamei a Deus em desespero, lutei contra qualquer influência que Satanás tivesse nessa doença. Ao receber a notícia do desfecho, não chorei tanto. Era um desfecho previsível e natural, face ainda à ao quadro de arteriosclerose e diabetes, pois deste lado da eternidade ainda estamos sujeitos à morte física, apesar de Deus ser Senhor de milagres e da cura. E é possível que ainda venha a chorar… então, que chore tudo o que tiver a chorar, pois, se a vida continua, nem por isso se deixa de chorar quando se sofre uma grande perda.
É pois desta velhinha querida, a minha velhinha, que me despeço, que digo adeus no meu coração. Que descanse em Jesus tinha sido a minha oração por ela, pois quem quer que invoque este nome será salvo (Actos 2:20).

sábado, setembro 15, 2007

Mais bebés na família!

Ficámos a saber que o meu cunhado José Fernando, irmão da Cristina, também vai ser pai, no Brasil. O nosso bebé nascerá no início de Fevereiro, o nosso sobrinho em Maio.
Grande geração de profetas se avizinha!
Parabéns ao Zé Fernando e à Zelinda!

domingo, julho 15, 2007

Primeira foto oficial do meu bebé


Dia 9/07/07 com 12 semanas de gravidez e 5,35 cm de dimensões.
Foto a 3D de Ecografia. Levanta os braços à cabeça e o ginecologista (Hôpital Mont Saint Martin) tira o instantâneo. Segundo o médico, dizendo:
— Ai que pais tenho eu!
Quanto a mim, expressão de louvor ao Senhor.

quarta-feira, julho 04, 2007

Vou ser pai


A Cristina está grávida, novamente. Vai em cerca de 12 semanas. Tudo bem, excepto que ela está com constantes indisposições, o que não deixa, no entanto, de ser normal. E vai, como se prevê, passar toda a gravidez de baixa, dada a natureza do seu trabalho, a 5 à sec, de pé, em esforço.
Glória a Deus!!! Em Outubro, morreu-nos a Melissa, aquela que teria sido uma abelhinha (significado deste nome em grego, e que sempre desejei dar a uma filha). Se de facto de uma menina se tratava — mas um dia dia a conheceremos, ressurrecta. Mas esta criança será nossa, pois é promessa de Deus para nós. E como João Baptista, protetizo que será cheia do Espírito Santo ainda em feto, e como Jeremias já é conhecida e foi chamada, para ministério profético.
Será a minha querida — assim desejamos — filha.

Na segunda-feira, a primeira ecografia.

Que alegria!

domingo, junho 17, 2007

Mariza no Luxemburgo


No sábado 12 de Maio, no Grande Auditório da Philharmonie do Luxemburgo, concerto integrando no programa de Luxemburgo capital europeia da cultura 2007. Sala cheia, esgotada desde havia muito. Público de Portugueses, Luxemburgueses e outros (ouvi falar espanhol cá fora) rendido. O muito mal que a Mariza fala francês está desculpado pelo português que falou e cantou poetas do seu país. Memórias da sua e nossa terra, com cheiros de África, na frieza desta Europa que descobriu este calor do fado. E nós, Portugueses, redescobrimos.
Que pena que outros não falem esta língua, que, "que com pouca corrupção crê que é a latina", como escreveu Camões (Os Lusíadas 1.33). Não sei, por isso, quem serve quem, se foram os poetas portugueses que escreveram para a Mariza os cantar, ou se a foi a sua voz que nasceu para os cantar.
Convite já para voltar no próximo ano.
Noite momorável para mim e a Cristina.

segunda-feira, maio 28, 2007

Finalmente, um milagre!

Um milagre.
E se ainda o não pude relatar, foi especialmente por falta de tempo. Mas este é um motivo que bem mais se pode tornar desculpa, e ser revelador de alguma ingratidão. Porque o que é bom é para testemunhar, e o Espírito de Deus lembrou ao meu espírito as palavras da Escritura: não desprezar o dia das coisas pequenas, dos pequenos e modestos começos.
Estava eu para regressar a Portugal, pois nenhuma porta se abria aqui, e em Portugal tinha-me sido atribuído serviço numa escola em Mafra, como professor do quadro da zona pedagógica do Oeste, até ao fim do ano lectivo. Teria, na sequência, de concorrer para o próximo ano a afectação a escola. Após isso, e se tivesse de ficar em Portugal, a Cristina iria ter comigo em Setembro com a filah. Teria assim que o plano de Deus seria o nosso regfresso.
Deveria ser-me enviado um ofício por e-mail, a confirmá-lo. Regressar a Portugal era a solução menos desejada, por me obrigar a separar-me da minha mulher.
Como o ofício demorasse a chegar, o meu pai soube que tinha sido enviado para um endereço electrónico errado, por volta do dia 20 de Abril! Rectificado o erro, recebi novo e-mail da DREL no dia 2 deste mês, com instruções para me apresentar até ao final (sexta dia 4) dessa semana na escola. Consumava-se o facto de ter de partir para Portugal, e a tristeza da perda de todos os sonhos enchia-me a alma. Não só Deus porta alguma abrira, como também teria de me separar da minha mulher. A única coisa que consegui foi negociar com a escola, por telefone, pedir mais uma semana, pelo menos, para me apresentar, justificando o facto com motivos familiares e por residir no estrangeiro, tendo de fazer uma exposição por correio electrónico. Fá-lo-ia até essa sexta-feira. O possível regresso a Portugal, que aceitáramos pudesse ser a boa, perfeita e agradável (embora incompreensível e bizarra) vontade de Deus para nós, e por isso a ela só nos restaria a submissão era iminente. Eu compremetera-me a responder até sexta-feira. de E a dor agudizava.
E orávamos, há algum tempo, pelo milagre de uma solução para eu ficar. Cremos, e outros connosco, que o Senhor o poderia fazer, ainda que no limite. Não seria já o primeiro caso.
Na quinta-feira dia 3, dizia eu ao meu pastor, por telemóvel, que a minha partida era decisão necessária e tomada, liga-me a Cristina para po fixo, para me comunicar com urgência que o patrão de uma blanchisserie com que a 5 à Sec trabalha tinha ele próprio ido fazer as entregas à loja pois um dos empregados estava doente, e necessitava imperativamente de contratar um homem para serviço misto de oficina e entregas. Ficou eufórica! Logo ela falou de mim. E eu deveria apresentar-me, se quisesse, no dia seguinte, sexta, às 7h30, para trabalhar. Sem entrevista. Início imediato. A 4 de Maio.
Nas horas vagas — que agora são em menor número — lá me vou dedicando aos tais outros projectos.

quarta-feira, março 21, 2007

De volta a velhos projectos



Ainda à espera da porta aberta em termos laborais, estou de volta a velhos projectos. Designadamente, o da tradução da Bíblia, no âmbito da revisão da tradução interconfessional em Português corrente "A Boa Nova".
Couberam-me alguns dos apócrifos (ou deuterocanónicos) do Antigo Testamento, redigidos em grego (como não sei hebraico, nenhuma contribuição pude ter nos canónicos). No momento, ocupo-me do 2º de Macabeus.
Entre a leitura e a compreensão do texto grego, a comparação com outras versões (entre as quais as portuguesas dos frades capuchinhos e uma inédita da Sociedade Bíblica do Brasil) e a busca do melhor equivalente de cada vocábulo e de cada expressão, num português corrente mas primoroso, e que não traia, tanto quanto possível, a literalidade e literariedade do original, o trabalho prossegue, devagar.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Estado da NAÇÃO

Após a vitória do "sim" no referendo "fracturante" sobre a despenalização (na verdade uma liberalização) do aborto e quando o Ministério da Educação propõe, entre os critérios de pontuação dos candidatos à nova categoria de professores titulares, a falta de assiduidade "independentemente da sua natureza", como reza o artigo 8.º 11.b) (incluindo licenças e dispensas, por doença, maternidade, amamentação, assistência a familiares, nojo, formação, cumprimento de obrigações, etc.) , caso único — e ilegal — entre as profissões em Portugal, transcrevo um comentário de uma leitora à notícia do Público online a este propósito. Sintetiza brilhantemente o estado do do Estado e da nação portuguesa. Em particular sob a governação socrática, pouco inspirada porém na filosofia do antigo homónimo de Atenas, que esse dizia "só sei que nada sei", ao seja, tudo estaria por descobrir e investigar mais. O Sócrates português, e seus inspirados ministros, pelo contrário, pro-activamente agem como se soubessem que tudo sabem.

"Parece impossível mas é verdade...Os dirigentes ...
Por Antónia Portugal - Lisboa
Parece impossível mas é verdade... Os dirigentes socialstas estão empenhados em criar um modelo de desenvolvimento do país baseado na mão de obra barata e precária ( ministro da economia); no sacrifício dos trabalhadores e das suas famílias ao trabalharem mesmo doentes e claro que nunca devem assistir familiares ou pensarem sequer em terem filhos e devem ter de preferência contratos precários (ministros da educação e da segurança social); no envelhecimento da população activa, sem a devida assistância médica - fecho de urgências e maternidades e no impedimento da renovação das gerações - desinsentivo à natalidade e apoio ao aborto - ( ministério da saúde)... ASSIM NÃO!!! Por este caminho, o país irá afundar-se e a sua população voltará a níveis de vida semelhantes aos do Estado Novo... SERIA UMA VERGONHA INTERNACIONAL..."

Lemos. Mas agora, como cristãos, não nos é encomendado que apontemos o dedo. Face ao erro, oremos pelos governos e principalmente por que Deus levante o Seu povo para cumprir a missão que lhe é dada: ser a luz, guia, condutora e segurança social das nações (Isaías 60).

Notícia de um futuro próximo: Aborto clandestino aumenta entre a classe docente

Pois é. As professoras portuguesas terão mesmo de abortar para não faltar por maternidade. Mas como abortar pode igualmente implicar faltar, restar-lhes-á de duas uma: ou o aborto clandestino (rápido, tudo fica despachado numa manhã ou numa tarde, sem pós-operatório, com alta ultra-rápida) ou o planeamento familiar com opção pelos zero filhos, ou a abstinência sexual.
É o que decorre do resultado do referendo e das novas propostas do governo.
NÃO PERCA, JÁ A SEGUIR!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Comparticipações na saúde e aborto

Vi há pouco no noticiário da RTP Internacional que os custos dos medicamentos estão a aumentar para os pacientes consumidores. Isto porque, apesar de os respectivos preços terem descido, as comparticipações do Estado também baixaram, sendo que, no cômputo, os clientes das farmácias ficam a perder.
Através de uma rápida pesquisa na internet, fiquei a saber que, ao saber, a a Associação Nacional de Farmácias teria conseguido conquistar o direito a escoar os stocks em armazém aos preços antigos, antes de pôr à venda os novos stocks aos preços novos. Uma estratégia de mercado que dará lucros tanto para o Estado (que assim desinveste na saúde) e para as farmácias, mas prejuízos para os pobres doentes.
O Estado se tem progressivamente descomprometido com o financiamento da saúde e das comparticipações sociais. Os doentes, especialmente os reformados, e
os que sofrem de uma deficiência são os principais prejudicados. E com o actual governo a tendência se tem acentuado, em nome da redução do deficit.
Perante isto, pergunto o que pensam fazer caso o "sim" à "despenalização" do aborto vença o referendo de 11 de Fevereiro, e a maioria que sustenta o governo faça aprovar a legislação conforme a vontade expressa dos cidadãos que votarem. Em coerência, será de esperar que venha a haver alguma forma de comparticipação aos abortos livres — como existe em outros países. Além de se esperar que as listas de espera das instituições públicas de saúde para operações aumentem, na procura e no tempo de espera, uma vez que será necessário cativar espaços e recursos para os abortos até às 10 semanas, pois este tipo de intervenção é incompatível com longas esperas.
Ou então começaria por comparticipar, para depois reduzir tais comparticipações. Afinal, seria apenas mais um corte orçamental, como tantos outros, em tantas áreas. E a batalha pelo aborto "despenalizado" seria mais uma
paixão de um governo de Portugal: forte, intensa, publicamente jurada, mas fátua, rapidamente esvaziada.
Como quer que seja,
se o governo e o partido que o suporta não comparticiparem, ou se comparticiparem pouco, faltarão às promessas e frustrarão as expectativas lançadas na campanha, e a novo lei, deste modo, nada alterará quanto ao mal do aborto, clandestino ou legal. Pior será se mantiverem tais comparticipações, sustensadas pela inevitável redução de outras. Neste caso, foi quem os elegeu com esperança de mais atenção e sensibilidade social que se sentirá defraudado.

Com esta revolução, prepara-se a iniquidade de desinvestir na vida e de subsidiar a morte. Além de que, um dia (repito: se o "sim" vencer), quando se fizer o balanço, este será negativo. E o governo e os deputados da Nação apoiantes da "despenalização", hoje em exercício, serão responsabilizados?

Em França, onde existe uma lei de liberalização, e onde os abortos são comparticipados (como, repito, em outros países), já há quem deseje voltar atrás, dado o pernicioso efeito sobre a natalidade do país.

São questões simples, do mais elementar senso comum, da parte de alguém que socraticamente assume
ignorância mas que se pergunta, que aqui deixo. Estou certo de que igualmente muitos outros já se colocaram este tipo de questões. Seria bom que os ingénuos defensores do "sim" pensassem e respondessem.

sábado, janeiro 27, 2007

Primeiras neves em Saulnes, Lorraine (Lorena em português) 26/01/2007

"Batem leve, levemente,

como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.


É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu! …" (em BALADA DA NEVE, de AUGUSTO GIL )





Após um começo de Inverno anormalmente doce, ei-la, a leve e fria neve.
Como Augusto Gil, também tinha saudades dela. No ano passado, por esta altura, já caíra, ainda que, como me contam, o grande nevão tenha sido em Fevereiro. Por esta altura, estava em Portugal, em Chaves, na planície, onde não nevara. Sim, só em pontos mais altos. E em Lisboa, e no Alentejo. Eu apenas a vira nos picos das serras.
E graças a Deus, ao contrário de Augusto Gil, que a saudade agora satisfeita da neve não deu lugar à visão desolada dos pés nus de criança enterrados nessa brancura fria, e à pergunta feita a esse Deus por que razão permitira tão injusta visão. A criança, aqui, bem agasalhada, está somente maravilhada, a posar solícita para a foto, e brinca.

Eu e Eunice (ou simplesmente Nice), minha filha (já não lhe chamo enteada) à porta da nossa casa.


quinta-feira, janeiro 18, 2007

Em que Jesus crer?

Recebi esta citação na mensagem diária do portalevangélico, por correio electrónico.
Dificilmente encontrarei uma afirmação tão lapidar a este respeito.

"Hoje, quase no vigésimo primeiro século da era cristã, nós temos uma decisão a tomar. A qual relato devemos dar crédito – ao das quinhentas testemunhas oculares que viveram naqueles dias, ou ao dos cépticos “eruditos” que viveram mil e setecentos anos depois dos acontecimentos? Se nossa decisão baseia-se na evidência e não meramente na aversão pelo sobrenatural, há somente uma escolha: Jesus de facto ressuscitou dentre os mortos."
(Tim LaHaye; Um Homem Chamado Jesus; UP; pp. 295)

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Ano Novo

Ano Novo, vida nova — sói dizer-se.
E fazemos planos, e escrevemos alvos e votos. Eu também fiz alguns.
Um deles é a resposta que busco de Deus à petição e à busca que tenho feito: emprego. Porque Ele diz e garante que quem pede recebe, e que quem busca acha. Que temos esta confiança: que Ele nos responde afirmativamente quando oramos segundo a Sua vontade. E que a toda semente produz uma colheita.
Creio e tenho confinça que a porta se abrirá — outra garantia dele. Que Ele mesmo a abrirá.
Só que seja bem depressa… Está a ficar carga para elefante carregar.
Mas com Ele, tenho mais força do que elefante. E creio que este será um ano de abundância para os que confiam nele.
Próspero ano para todos.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Luxemburgo: aventuras no Grão-Ducado



O Luxemburgo é uma espécie de Índia, de Oriente na Europa, para os Portugueses. Um país próspero graças sobretudo aos recursos naturais (minas), à emigração (portuguesa principalmentem hoje de todo o mundo) e a ter-se convertido numa praça financeira. Sendo embora um dos fundadores da União Europeia, é na verdade um países muito fechado aos estrangeiros: para estes, os Luxemburgueses reservam os lugares de empregado, de comerciante, quando muito, mas para si mesmos os de administração, de chefia, de quadros. E há uma certa imagem de eficácia, de organização, de ordem luxemburguesa.
O que denota grande falta de humildade. A soberba procede a queda, como escreveu com acerto o sábio Salomão.
Com efeito, recentemente, essa imagem ficou seriamente abalada: um choque frontal entre dois comboios, um luxemburguês de passageiros e outro francês de mercadorias. Os inquéritos apuraram que a responsabilidade recaía totalmente sobre uma ordem dada do lado luxemburguês para mandar avançar o comboio luxemburguês, sendo que à mesma hora circulava outro no sentido contrário e na nmesma via, por motivos de inutilização por obras na outra.
E há outros pormenores que para mim são anedóticos. Não há um dia em que se não dê com uma estrada cortada ("route barrée"), apesar do estado geral impecável das mesmas, nem que seja para limpeza das bermas.
Mas o mais caricato sucedeu uma 6ª feira. A Cristina saiu às 9 para entrar às, num percurso de uns 60 km que, em hora de ponta, se faz no máximo em 1 hora. Demorou quatro horas…
Porquê? Mais uma das célebres "routes barrées", desta feita da A4, uma das principais vias de acesso à capital do Grão-Ducado. Tal obrigou a grandes desvios e horas e horas de engarrafamento.
E porquê? Para a colocação de novo tapete de asfalto? Não. Um grande acidente num dia de chuva ou gelo? Também não, estava dia seco. Caiu um meteorito em plena autoestrada, abrindo cratera no pavimento? Nada disso. Foi o arrebatamento, deixando algumas viaturas desgovernadas, repentinamente sem condutor? Tão pouco, ainda não foi o regresso do Senhor.
Então? Pelo que a Cristina soube mais tarde, resolveram nesse dia instalar radares para controlo de velocidade na estrada…
Imagine-se, uma 6ª feira, ainda dia de trabalho, cortar uma estrada que milhares de pessoas utilizam diariamente para ir trabalhar. Não foi de noite, nem em fim-de-semana, mas em dia laboral. A Cristina, em vez de pegar às 10, pegou às 14h. Resultado: quatro horas que não trabalhou, outras tantas que não recebe (pois trabalha à hora).
Imaginem os caros leitores da região de Lisboa (faltando-me referências de vida no Porto, penso talvez na VCI) se se cortasse completamente a Segunda Circular, um dia de semana, o caos que não seria, e para muitos (empresas e empregados) um dia praticamente perdido!!!1
Pois isto aconteceu no Luxemburgo, paradigma do orgulho do Primeiro Mundo e do culto do material na Europa central.

Evidentemente que sempre é possível ver o lado positivo e divertido das coisas. Eu poderia dizer que se calhar os Luxemburgueses quiseram ser cordiais os Portugueses, pois essa 6ª foi dia 1 ou 8 de Dezembro (não posso precisar), feriado nacional em Portugal, e que, como a maioria da força laboral do país é originária do país de Santana Lopes e José Sócrates, e presumiram que, por essa razão, os Portugueses fariam feriado nesse dia, pelo que a estrada estaria com uma circulação de domingo. Se assim foi, deveriam ter avisado a Cristina para ela não sair de casa nesse dia!
Outro aspecto irónico: escolhendo esse dia para instalar os radares de controlo de vecolidade, conseguiram-no: a velocidade foi, pelo menos nesse dia, controlada e de que maneira!!!
Os Franceses costumam contar anedotas de Belgas, como os Portugueses de Alentejanos ou os Brasileiros de Portugueses (hoje já há do contrário). Autores de anedotas, eis um novo motivo para a vossa imaginação: os Luxemburgueses!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Kirk Franklin, Brighter day

Um dos meus favoritos



When i close my eyes i think of you
And reminisce on all the things you do...
What you did on calvary
Makes me wanna love you more!

I never knew
I could be so happy
I never knew
I'd be so secure
Because of your love
Life has a brand new meaning
It's gonna be a Brighter day

Nothing can compare to the joy
You bring,
And ever lasting love affair
Jesus, my life will never be the same.
I found some one who truly cares!...

I never knew
I could be so happy
I never knew
I'd be so secure
Because of your love
Life has a brand new meaning
It's gonna be a Brighter day
Brighter day, Brighter day, Brighter day,...
Brighter day, Brighter day, Brighter day,...

terça-feira, dezembro 05, 2006

Presley


Este é o Presley, o cão do Tiago, filho do meio da Cristina e adoptado como cão familiar. Tem um irmão chamado Elvis, que vive na Gafanha de Aquém, Portugal, com a mãe de ambos. É pequeno, da raça "pincher". Quando andamos com ele na rua, chamam-lhe um "chihuahua". Mas este último tem as orelhas maiores e a cara redonda. Tem entre três e quatro anos.
É tranquilo e faz boa companhia.
Como os da sua espécie em geral, é boa companhia, fiel e com sentido de guardião da casa e tem audição e olfacto apuradíssimos. Basta chegar-lhe às narinas o odor ou aos ouvidos o quase inaudível som dos passos de alguém que simplesmente passou do outro lado da rua que já começa rosnar e a desloca-se à porta pondo-se a ladrar. O pior é quando alguém se chega mesmo à porta ou entar (carteiro, um colega do Tiago, um familiar). Chega a ser preciso fechá-lo na casa-de-banho.
A Eunice é quem mais o entretém, o aperta, o esmaga nos braços, o atira ao ar, o pega pelas patas posteriores, inventa danças com ele. Eu não lhe fico muito atrás. O cão aceita com paciência as brincadeiras. Não sem uma ou outra rosnadela à Eunice, especialmente quando ela se chega à nossa cama e o vem acordar. A Cristina, por sua vez, não deixa de o tratar bem o cão, mas não tolera lambidelas, não brinca com ele. Ele, porém, adora-a. Tem preferência por descansar no colo e nas pernas dela. Na semana em que ela esteve de baixa, a abortar, não se apartava dela, percebendo certamente que ela se achava doente. Em contínua vigília por ela.

Mas isto é comum à maioria dos cães, pequenos ou grande, de todas as raças e feitios. O que tem, porém, este de excepcional?
Normalmente, dorme na minha cama e da Cristina. O Tiago leva-o para o quarto dele, mas ele lá se escapa de noite e vem enroscar-se no nosso edredon, às vezes metendo-se por baixo dele e cobrindo-se todo com ele, como se fosse uma mortalha. Admiro-me que não sufoque. Ou encaixa-se nas cavas das nossas pernas. Na sala ou na cama, tem preferência por almofadas e faz delas o seu colchão, dando voltas até se colocar na posição mais confortável.
Quando está aflito para ir à rua, chama-me, eu o seu habitual companheiro de passeios: levanta-se, põe-se em bicos dos pés e com a coloca as patas anteriores nas minhas pernas, chia um pouco, guincha e geme outro tanto. Ponho-lhe a trela e saímos. Ele trota, fareja, funga, pára num outro ponto, lambe. E funga mais e fareja mais ainda. Levanta a pata aqui e ali e faz chichi. E eu só à espera que se despache e faça cocó, para dar por cumprido o objectivo do passeio…

É um cão fedorento, de tal modo que teria dado uma inspiradíssma série televisiva de humor. Mas a característica mais marcante é não ter sido especialmente dotado de inteligência. Eu até alvitrei que talvez seja descendente de um galináceo (o que confirmaria a evolução das espécies…).
Quando precisa de fazer necessidades e está em casa, vai normalmente de madrugada, e em pontos estratégicos: a um canto da sala atrás de um sofá, nos quartos do Tiago e da Eunice (filha da Cristina), na cave, na casa-de-banho, e também já nosso quarto. Ainda se tentou castigá-lo para o corrigir, quando fazia necessidades em sítios que não a casa-de-banho. Pegava-se no cão, levava-se e fazia chegar o nariz e as patas aos presentes deixados, e uma palmada. Adoptou-se, em complemento, o castigo de uma ou duas horas de estágio na cave, de porta fechada. Ora o cão continuava a fazer chichi e cocó nos mesmos sítios. Repetia-se o castigo. Mas nada aprendeu. Certo dia, fez na casa-de-banho. Mais uma vez, confrontei-o com a obra feita. Mas não para o repreender, antes para o elogiar por ter dessa vez ter escolhido a casa-de-banho. Então, ele, achando a porta da cave aberta, desceu. Teria pensado que, mais uma vez, estava de castigo e que a rotina o levaria a mais uma temporada na cave. Deixei a porta aberta mas não subia. A única maneira de o tirar de lá foi mesmo ir buscá-lo. Afinal, ou ele é completamente mentecapto, ou ainda tem alguns neurónios!
Durante algum tempo, andava com constantes erecções. Não havia maneira de aquela coisa vermelha (o seu pénis) recolher ao respectivo saco de pele. O cão ainda é virgem, sabem, e o apelo da maturidade sexual gritava como nunca. A visão ou o cheiro de uma cadela, um cão ou até um gato fazia-o chiar muito, guinchar e gemer outro tanto. Levá-lo à rua era um risco e escândalo certo. Detectado outro animal, tínhamos de o segurar para não se lançar ao seu encontro. Um veterinário alvitrou que deveria ter elevados níveis de testosterona e, para aliviar o sofrimento (que tendencialmente continuaria), sugeriu a castração. O dono não queria. Certo é que, quando o dono chegou de férias, acalmou. Por coincidência, é verdade, mas talvez também lhe cheirasse a lua-de-mel entre mim e a Cristina no primeiro mês de casamento. Quando eu e ela nos aproximávamos, começava por rosnar contra tal intimidade. Eu ainda era cão novo na matilha, tentando ganhar a fêmea dominante. Depois, como o enxotássemos, passou apenas a reclamar um pouco de atenção, como uma criança ciumenta, ou simplesmente se tornou indiferente, e de outra vez retirou-se, de mansinho… Deus seja louvado, mais um neurónio revelado!

Apresento-vos o Presley.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Huguenotes

Ainda a propósito de Metz, espero lá voltar. Parece cidade bonita. O campus universitário é agradável, situando-se na ilha de Saulcy, sobre o rio Moselle. Vêem-se, ao passar na cidade de carro, muitos espaços verdes e arvoredo.
Espero lá voltar em especial por causa de uma exposição, intitulada "Huguenots : de la Moselle à Berlin, les chemins de l’exil", que decorrerá de 10 deste mês a 10 de Março.
Para quem não sabe, os Huguenotes foram grupo de influentes protestantes calvinistas franceses. Uma importante comunidade vivia precisamente em Metz e na região da Lorena (Lorraine).
Ferozmente perseguidos pelo catolicismo, dentre os não aceitaram abjurar da sua fé e reconfessar a fidelidade ao Papado, muitos fugiram para os vizinhos estados alemães, contribuindo assim para a prosperidade destes.
Outros, porém, pagaram com a vida. No dia 24 de Agosto de 1572, dia da festa católica de S. Bartolomeu foi dada ordem do palácio real, e iniciou-se o célebre massacre, intensificado pela cólera popular. Calcula-se que, até ao fim do mês, foram selvaticamente mortos cerca de 30.000 pessoas. Este massacre ficou para a memória como uma das páginas mais hediondas da história de França e das guerras religiosas na Europa.

A exposição centrar-se-á sobre os que fugiram para a Alemanha.

Reunião de Metz

Foi boa a reunião. Encontro de cortesia. Mas, como fruto, uma mão cheia de nada. Não há possibilidades de contratações de professores para certas áreas, especialmente letras e letras clássicas. Poucos alunos. Critérios orçamentais impõem-se. Se professores se reformam ou algum adoece ou morre, o serviço será distribuído pelos outros.
Situação muito, muito semelhante à portuguesa. Onde igualmente o latim e o grego estão moribundos.
Deram-me indicações de contactar dois investigadores e professores que trabalham no meu domínio específico (retórica antiga). Mas um trabalha numa universidade em Estrasburgo e outro em Créteil, região parisiense. Um a 200 km o outro a quase 400 km. Enviei mails, mas ainda nenhuma resposta.

E o relógio bate pesadamente os meus segundos, sem emprego.

Deus, qual é a porta a bater e que se abrirá? Sim, não falhas. Mas conduz os meus passos para entrar em becos ou meter-me por labirintos. É preciso economizar dinheiro e tempo e esforço. Leva-me ao ponto preciso, à porta que destinaste abrir.

Se calhar ainda vou trabalhar bem longe do que tenho no meu coração e nos meus projectos, que é ensino e investigação. Num banco? Pois. Quem sabe.

sábado, novembro 04, 2006

De volta…

De volta…
Mais de um mês de ausência. É bom estar de volta. Perdi leituras de colegas e amigos de outros blogs. Perdi notícias de Portugal.
A 26 de Setembro, a France Telecom cortou-nos net e telefone, pois mudámos de operador. E esperámos dois meses (até anteontem) para que a linha migrasse completamente para esse novo operador. O mesmo acontece em Portugal, quando se cancela contrato com a PT se migra para uma outro operador. Coisa já possível e relativamente rápida nos grandes centros. O meu pai, por exemplo, que mora na Amadora, teve 4-horas-4 sem net nem telefone para migrar conpletemante da PT para outro operador. Aqui, onde moramos, é uma aldeiazinha. Durante este mês, tenho dependido do favor de uns primos da Cristina e do meu pastor para consultar a net e ver o correio.
Só anteontem, como disse, nos chegou o bendito modem. E somente após muita insistência, tendo de telefonar com cartão de uma cabina para o número de clientes e pagando 0,34 €/minuto! E o mais surpreendente é que os fulanos já se querem cobrar de uma factura a contar de 27 de Setembro, pois segundo eles a linha já estava activa com "dégroupage total"! Obviamente que acabámos de enviar carta de reclamação.
Nós, os Portugueses, temos o mau hábito de verberar os males pátrios com a célebre expressão "só neste país!" Este hábito revela ignorância, denota que nunca saímos do país e que ignoramos que a espécie humana, em todas as latitudes e longitudes, é repleta de defeitos. Onde está um ser humano, há problema. Nunca mais o direi. Há coisas muito más em Portugal (por exemplo, a impunidade dos grandes prevaricadores, a fantochada que é a justiça), outras muito boas. E França, que se acha luz da civilização??!!

Entrentanto, outras coisas sucederam. Do céu ao abismo. Descobrimos que a Cristina estava grávida. Logo recebemos no coração o que críamos fosse uma menina. Ao fim de cerca de 6 semanas, começou a sangrar e com contracções. Receámos um aborto. E a Cristina, antes de ter a Eunice, já tinha tido um aborto natural, aos 3 meses e meio. E veio o receio de que se repetisse. O ginecologista dela receitou progesterona para evitar o aborto. Mas passaram-se 9 dias, em casa, de baixa, com perdas de sangue, dores no ovário e no baixo ventre grande fadiga. Com o medicamento procurava-se um efeito, o organismo reagia ao contrário. A ecografia nada viu. E o fim da gravidez foi confirmado por análise sanguínea.
É provável que o embrião se tivesse implantado fora do útero, na trompa quiçá, o que explicaria que a ecografia nada detectasse e que o organismo promovesse a expulsão.

Fiquei abalado. Depositava grandes esperanças nessa gravidez. Era a filha(?) tão desejada. Orei, clamei. Repreendi o inimigo. Formulei muitas perguntas, busquei causas: falta de fé minha ou da mãe, ou o quê? Porque se perdeu esta oportunidade de ser pai???
A Cristina apenas me disse que um episódio bíblico lhe foi trazido à mente: o dos três amigos na Babilónia, que, na iminência de serem lançados num forno, mantiveram a fé em Deus e deixaram claro ao rei que Deus era poderoso para os livrar dessa provação, mas que se o não fizesse, eles não dobrariam diante do rei, mas de Deus. O rei que nessa hora nos intimava a dobrar o joelho era o do desânimo, da decepção com Deus, da morte da fé no nosso coração. Apesar de não haver respostas, Deus continuaria a ser o soberano, senhor das nossas vidas e das promessas que n'Ele temos, e a ser digno de louvor.
A Cristina recuperou. O aborto foi nas primeiras semanas, foi natural, e as sequelas não serão grandes. E o médico já deu ordem de marcha para outro trabalho. Quarentena para quê? Ainda esperamos na promessa, pois creio que, se foi semeada no nosso coração, Deus a cumprirá. Apesar da dor — seria a primeira carne da minha carne — também transpus o obstáculo. E teremos a nossa menina.

P.S.: Na terça terei uma entrevista com responsáveis de letras clássicas na faculdade de letras da Universidade de Metz. Há, pelo menos, abertura para me conhecerem. Será esta a porta que Deus abrirá? Pelo menos, é o desejo e a aspiração do meu coração: trabalhar em ensino e investigação num instituto de investigação ou universidade. E cada um é para o que está chamado.

sexta-feira, setembro 15, 2006

As entranhas em brasa 2: do micro-ondas ou fresco?

Um dia, lia este passo do Evangelho de Lucas (Luc 24:13-35) e detive-me a meditar no comentário desses dois homens: enquanto ouviam Jesus, mesmo não o tendo reconhecido no momento, o coração ardia-se-lhe no peito. Um misto de provocação, estímulo, entusiasmo, motivação, nova excitação emocional e intelectual provocada por algo que lhes era caro. Essa mensagem que introduzira vida nas suas almas era de novo ouvida, e causava o mesmo impacto. O coração e a alma desses homens estava pois ainda disponível, como músculo em carne viva, para serem percutidos pelo martelo da Palavra provinda da boca de Deus.
Apliquei essa meditação à minha própria vida. Sim, o meu coração deve arder ao ouvir a Palavra de Deus: essa era a lição. No encontro na estrada de Emaús, os acontecimentos de Jerusalém eram recentes. Talvez isso explique a sensibilidade emocional dos discípulos. Quando, como esses dois homens, me foi comunicada a notícia da morte e ressurreição de Jesus em meu favor e me dispus a dar a esse facto a devida importância, quando busquei nela a mensagem que pudesse mudar a minha vida, também o meu coração ardia. Nos primeiros meses, um ou dois anos, o meu coração ardia. Motivava-me ouvir, ler, aprender e discutir as Escrituras. Eram a minha paixão. Mudaram a minha vida.
E com o passar do tempo? Quando os acontecimentos que constituem o âmago do Evangelho — morte e ressurreição de Jesus — ficam mais distantes temporalmente? Não só isto, mas até mais distantes do coração, da alma, das emoções, dos interesses e prioridades pessoais? Porque já lemos tantas e tantas vezes as mesmas passagens e as histórias, lhes sabemos o fim e passamos obliquamente pelos pormenores das narrativas? Porque já conhecemos de cor e salteado as declarações doutrinárias e as promessas da Palavra de Deus, consideramos adquirido, quando não perdido, o que umas dizem e as outras prometem? Quem não já experimentou comer comida aquecida no micro-ondas, em vez de fresco maná quotidiano? Eu me confesso.
No deserto do Sinai, Deus alimentou o povo com uma ração diária de maná. Guardá-lo para o dia seguinte provou-se loucura, pois apodreceu e criou vermes! Esse maná era uma prefiguração do verdadeiro pão vivo descido do céu, Jesus. E se os Israelitas deviam ingerir uma ração diária, do mesmo modo precisamos diariamente do alimento que é Jesus, a sua Palavra e a sua presença. Mas não apenas isso: a lição que aprendi foi que, se devoramos diariamente esse bom alimento como se fosse novo, a nossa fome deve também ser nova. Nova a nossa antecipação. Nova a consciência da nossa necessidade. Todos os dias. É tempo de mudar a nossa atitude íntima, a nossa disposição relativamente à presença e à Palavra de Deus. De nos voltarmos a espantar, de nos deixarmos deslumbrar, de ficarmos boquiabertos e soltar diariamente um “Aaahhh!” de admiração pela constante surpresa e maravilha que são Deus, a sua Palavra, os seus planos, as suas promessas e as suas acções. De pensar que, quando julgamos já conhecer, então é que precisamos de verdadeiramente conhecer. De ter o coração em brasa, a alma em carne viva para receber de novo o Evangelho que nos confronto e nos corrige, mas igualmente nos consola e nos salva. Ou não dependemos do seu favor, mas da nossa experiência de vida cristã ou da maturidade e conhecimento alcançados. E entramos no terreno pecaminoso da presunção.
O apóstolo percebeu isto. Por isso escreveu, aos Filipenses, que deixara de pensar que poderia possuir algum motivo de satisfação e de basear o seu crescimento como indivíduo na sua própria maturidade, conhecimento ou experiência. Provara da excelência de vida que Cristo é, e deste modo percebeu como em si mesmo era incompleto e estava ainda em contínuo processo de amadurecimento. Por isso prosseguia, tendo Cristo como referência, fonte e alvo. Todos os dias.

Dispus-me, desde então, a tornar à Palavra de Deus como se ainda estivesse no início da caminhada cristã, como quem ainda está a aprender as letras.

sexta-feira, agosto 25, 2006

As entranhas em brasa 1: a caminho de Emaús



Certo dia, após a ressurreição, Jesus apareceu a dois homens que faziam a pé o caminho para Emaús. Eram seus discípulos. Juntou-se-lhes na sua caminhada, talvez na expectativa de que o reconhecessem e de sondar se ainda O lembrariam, se falariam d’Ele, se sentiriam saudades d’Ele. Talvez para saber se esperavam a Sua ressurreição, de que Ele tanto falara como sequência do mero trânsito da Sua morte, ou se se teriam rendido a esta como o desfecho irremissível de bons e três anos e meio de grandes e tremendos feitos e maiores esperanças. Sobretudo, para lhes dar a boa notícia de que Ele estava vivo.
Esse homens tinham igual perspectiva à dos demais homens e mulheres que haviam seguido o Mestre: a morte de Jesus, que criam ser o Messias, fora prematura e deitara por terra todas as esperanças. Havia, porém, ainda uma saudade, e por isso conversavam ainda sobre o assunto. Recordariam com saudade os bons momentos passados juntos. Com dor e ódio aos opressores do Sinédrio e de Roma, os maus. Reviveriam o julgamento, a flagelação, o caminho do Gólgota e a crucificação. Os acontecimentos eram recentes, e por isso as emoções neles sentidas eram ainda frescas, em efeito de ressaca.
E Jesus mudou-lhes a perspectiva: a morte de que falavam não fora o fim, e que esse Ungido que choravam ressuscitara, e que tal fora anteriormente predito nas Escrituras, vez após vez. O sujeito desses acontecimentos dirigia-se-lhes como se fosse um viajante que apenas por rumor oral ouvira falar neles. Completamente alheio e distante relativamente a eles, mas mostrando tê-los entendido melhor, bem como as profecias que os antecipavam, do que os seus próprios espectadores. Mas não reconheceram quem lhes falava. Talvez pensassem que era um rabino sábio e santo. Mas não o reconheceram. A não ser pela forma como ele partiu o pão, quando se sentaram à mesa para comer e descansar da viagem. Não pelas Suas palavras, mas por um gesto. Jesus sai das duas vistas. Tudo indicava quem fosse Ele! Só Ele falava assim dos Textos Sagrados e da missão do Messias, e conseguia fazê-lo de forma tal que era impossível alguém ficar indiferente e não se sentir provocado. E, com efeito, foram de tal modo provocados pela explicação que aquele companheiro de viagem lhes fez das Escrituras que o seu coração ardia!

(continua)

terça-feira, agosto 22, 2006

As entranhas em brasa 2: do micro-ondas ou fresco?

Um dia, lia este passo do Evangelho de Lucas (Luc 24:13-35) e detive-me a meditar no comentário desses dois homens: enquanto ouviam Jesus, mesmo não o tendo reconhecido no momento, o coração ardia-se-lhe no peito. Um misto de provocação, estímulo, entusiasmo, motivação, nova excitação emocional e intelectual provocada por algo que lhes era caro. Essa mensagem que introduzira vida nas suas almas era de novo ouvida, e causava o mesmo impacto. O coração e a alma desses homens estava pois ainda disponível, como músculo em carne viva, para serem percutidos pelo martelo da Palavra provinda da boca de Deus.
Apliquei essa meditação à minha própria vida. Sim, o meu coração deve arder ao ouvir a Palavra de Deus: essa era a lição. No encontro na estrada de Emaús, os acontecimentos de Jerusalém eram recentes. Talvez isso explique a sensibilidade emocional dos discípulos. Quando, como esses dois homens, me foi comunicada a notícia da morte e ressurreição de Jesus em meu favor e me dispus a dar a esse facto a devida importância, quando busquei nela a mensagem que pudesse mudar a minha vida, também o meu coração ardia. Nos primeiros meses, um ou dois anos, o meu coração ardia. Motivava-me ouvir, ler, aprender e discutir as Escrituras. Eram a minha paixão. Mudaram a minha vida.
E com o passar do tempo? Quando os acontecimentos que constituem o âmago do Evangelho — morte e ressurreição de Jesus — ficam mais distantes temporalmente? Não só isto, mas até mais distantes do coração, da alma, das emoções, dos interesses e prioridades pessoais? Porque já lemos tantas e tantas vezes as mesmas passagens e as histórias, lhes sabemos o fim e passamos obliquamente pelos pormenores das narrativas? Porque já conhecemos de cor e salteado as declarações doutrinárias e as promessas da Palavra de Deus, consideramos adquirido, quando não perdido, o que umas dizem e as outras prometem? Quem não já experimentou comer comida aquecida no micro-ondas, em vez de fresco maná quotidiano? Eu me confesso.
No deserto do Sinai, Deus alimentou o povo com uma ração diária de maná. Guardá-lo para o dia seguinte provou-se loucura, pois apodreceu e criou vermes! Esse maná era uma prefiguração do verdadeiro pão vivo descido do céu, Jesus. E se os Israelitas deviam ingerir uma ração diária, do mesmo modo precisamos diariamente do alimento que é Jesus, a sua Palavra e a sua presença. Mas não apenas isso: a lição que aprendi foi que, se devoramos diariamente esse bom alimento como se fosse novo, a nossa fome deve também ser nova. Nova a nossa antecipação. Nova a consciência da nossa necessidade. Todos os dias. É tempo de mudar a nossa atitude íntima, a nossa disposição relativamente à presença e à Palavra de Deus. De nos voltarmos a espantar, de nos deixarmos deslumbrar, de ficarmos boquiabertos e soltar diariamente um “Aaahhh!” de admiração pela constante surpresa e maravilha que são Deus, a sua Palavra, os seus planos, as suas promessas e as suas acções. De pensar que, quando julgamos já conhecer, então é que precisamos de verdadeiramente conhecer. De ter o coração em brasa, a alma em carne viva para receber de novo o Evangelho que nos confronto e nos corrige, mas igualmente nos consola e nos salva. Ou não dependemos do seu favor, mas da nossa experiência de vida cristã ou da maturidade e conhecimento alcançados. E entramos no terreno pecaminoso da presunção.
O apóstolo percebeu isto. Por isso escreveu, aos Filipenses, que deixara de pensar que poderia possuir algum motivo de satisfação e de basear o seu crescimento como indivíduo na sua própria maturidade, conhecimento ou experiência. Provara da excelência de vida que Cristo é, e deste modo percebeu como em si mesmo era incompleto e estava ainda em contínuo processo de amadurecimento. Por isso prosseguia, tendo Cristo como referência, fonte e alvo. Todos os dias.

Dispus-me, desde então, a tornar à Palavra de Deus como se ainda estivesse no início da caminhada cristã, como quem ainda está a aprender as letras.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Cinderela dos dias de hoje, do Vítor Mota

Uma versão moderna do imortal conto, do blog do Vítor Mota. Não sei se é dele ou de outrem, mas merece um lugar numa antologia de prosa bué. Bom também para usar em aulas de português de 2º ciclo. Daaahhhh!! para quem não ler.

«Cinderela para os dias de hoje

" Há bué da time, havia uma garina cujo cota já tinha esticado o pernil e que vivia com a chunga da madrasta e as melgas das filhas dela.
A Cinderela (Cindy p'ós amigos), parecia que vivia na prisa, sem tempo p'ra sequer enviar uns mails. Com este desatino todo, só lhe apetecia dar de frosques, porque a madrasta fazia-lhe bué da cenas. É então que a Cindy fica a saber da alta desbunda que ia acontecer: Uma rave!!! A gaja curtiu tótil a ideia, mas as outras chavalas cortaram-lhe as bases. Ela ficou completamente passada, mas depois de andar à toa durante um coche, apareceu-lhe uma fada baril que lhe abichou uma farda baita bacana, ela ficou a parecer uma g'anda febra. Só que ela só se podia afiambrar da cena até ao bater das 12. Tás a ver, meu
A tipa mordeu o esquema e foi para a borga sempre a bombar.
Ao entrar na party topou um mano cheio da papel, que era bom comó milho e que também a galou logo ali. Aí a Cindy, passou-se dos carretos, desbundaram "ól naite long", até que ao ouvir as 12, ela teve de se axandrar e bazou. O mitra ficou completamente abardinado quando ela deu de frosques e foi atrás dela, mas só encontrou pelo caminho o chanato da dama. No dia seguinte, com uma alta fezada, meteu-se nos calcantes e foi à procura de um chispe que entrasse no chanato.Como era um ganda cromo, teve uma vaca descomunal e encontrou a maluca, para grande desatino das outras fatelas que ficaram a anhar."

Fim: Tá-se bem.»

sexta-feira, julho 28, 2006

Sementes do Reino

Tenho andado um pouco ansioso por ainda não ter meio de sustento em França ou no Luxemburgo. Entreguei currículos em escolas privadas e ainda nenhuma resposta. Enviei e-mail com currículo para o Centro Cultural Português no Luxemburgo (Instituto Camões) e nenhuma resposta. Pretende concorrer a uma bolsa de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), normalmente abertas em permanência, mas agora fechadas e que — dizem-me — só deverão reabrir perto do fim do ano, sendo que, na melhor das hipótese, só lá para Março ou Abril as bolsas seriam atribuídas. Em Agosto, receberei o último vencimento pela escola, faltando ainda duodécimos do 13º mês.
Tenho lutado comigo mesmo por causa disto. A Cristina procura aquietar-me: não está preocupada, confia em Deus. E, com efeito, até aqui Ele sempre deu cumpriu a sua provisão e não me faltou trabalho, nem alguma vez me vi em especial crise de fé por tal. E Jesus bem adverte: a preocupação não acrescenta um centímetro à nossa estatura (Mat. 6:27)!
Porém, na minha carne — na minha humanidade —, a luta declarava-se, e cabia-me discipliná-la, pela determinação em confiar no cuidado do Pai. Pensava, meditava o que poderia eu semear de especial para a tão desejada colheita. Ontem à noite, mais uma vez, fomos à reunião de oração na nossa igreja no Luxemburgo. Como sempre, iniciou-se com estudo bíblico sobre um tema. Ontem, Constituição do Reino.
Uma das leis da Constituição do Reino é precisamente o da sementeira e colheita. Tanto mais quando se semeia no Reino de Deus. Prov. 19:17 Deus diz-nos que a dávida ao pobre ou necessitado é, na realidade, empréstimo ao próprio Deus, que paga com juros altíssimos. Jesus fala no cêntuplo (Marc. 10:29-31)! A viúva de Sarepta (1 Reis 17) foi um desses casos: embora pobre e prestes a morrer à fome com seu filho, seguiu o que o Senhor a inspirara a fazer: do que não tinha para si mesma, sustentou outro pobre, que vivia de ofertas, o profeta Elias. E para si granjeou a gratidão de Deus, conforme a Sua promessa. Imagine-se alguém que tem 700 €, faltando-lhe 800 € para o pagamento de uma dívida de 1500 €. Aparece outra pessoa, que precisa precisamente, e com urgência, desses 700 €. Que fará a primeira pessoa? Pode ou não ser uma oportunidade que Deus lhe dá e a que a convoca para abençoar outrem? E quem abençoa será abençoado. A quem dá será dado: "boa medida, recalcada, sacudida e transbordante". Quem abençoa está, em última análise, a abençoar a si mesmo.
Estes são princípios instituídos por Deus, e que parecem funcionar universalmente, como as leis da física. Mesmo com homens e mulheres perdidos, ímpios, que não conhecem a salvação em Cristo Jesus. A sabedoria secular, humanista, reconhece-os, e pregam-na os inúmeros "powerpoints" que circulam nos e-mails, como se fosse a última descoberta da sabeoria humana. Os Judeus, apesar de não salvos, têm prosperado ao longo de séculos porquê? Não será por aplicarem esses princípios, exarados nas Torah, na Lei, nos Salmos, nos Profetas e outros escritos, no conjunto dos livros que constituem o nosso Antigo Testamento?

Quanto a mim, o estudo de ontem tranquilamente veio ao encontro dos meus cuidados. Renovou-me o entendimento, relembrou-me princípios conhecidos, restituiu-me alguma calma ao coração, alimentou-me a fé e trouxe-me de volta ao terreno conhecido, embora não sempre e persistentemente trilhado, da confiança e descanso em Deus.

Para já, ocupo-me a descansar, avançar o trabalho de revisão e tradução do Antigo Testamento no âmbito da comissão da tradução interconfessional em português corrente "A Boa Nova" da Sociedade Bíblica, de que faço parte, e penso na tradução de parte da minha tese para publicação. E, enquanto a Cristina vai trabalhar, faço de "dono-de-casa" e "baby-sitter" da sua filha mais nova. E divirto-me nestas primeiras semanas de casamento.

Que vida abundante! E a abundância consiste precisamente em fazer render ao máximo o talento recebido e viver o mal (e o bem) próprio de cada dia, com o recurso adicional da alegria de Deus introduzida no nosso espírito pelo Seu Espírito.

quarta-feira, julho 19, 2006

Fico assim sem ti

Avião sem asa,
Fogueira sem brasa
Sou eu assim sem ti
Futebol sem bola
Cowboy sem pistola
Sou eu assim sem ti

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo o instante
Nem mil altifalantes
vão poder falar por mim

Amor sem beijinho
Chelsea sem Mourinho
Sou eu assim sem ti
Bacalhau sem nata
Leitão sem batata
Sou eu assim sem ti

Estou louco pra me pôr a andar
Estou louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de ti
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas
Pra poder te ver
Mas o relógio está de mal comigo
Porquê? Porquê?

Queijo sem fiambre
França sem Zidane 
Sou eu assim sem ti
Carro sem estrada
Cachorro sem mostarda
Sou eu assim sem ti

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo o instante
Nem mil altifalantes 
vão poder falar por mim

Eu não existo longe de ti
E a solidão foi o meu pior castigo
Contei as horas pra poder te ver
Mas já o relógio está de bem comigo


Versão adaptada da canção "Fico assim sem você" de Adrianda Calcanhoto, dedicada em absoluta estreia mundial à minha esposa, em plena boda

segunda-feira, julho 17, 2006

"Highlights" do casamento de Cristina e Rui — CCVA Aveiro 8 de Julho de 2006

















A todos os amigos e visitantes bloggers que me desejaram felicidades a mim e à minha esposa, retribuo com votos de uma colheita de cem para cada grão semeado.
A partir de agora, e aos poucos, voltarei a cuidar deste espaço bem como a visitar os meus congéneros.

Bem hajam e bênçãos de Deus.

quinta-feira, julho 06, 2006

Licença de casamento

Estarei brevemente ausente, por bons motivos: licença de casamento. Lá para dia 16 estarei de volta, a partir de Saulnes, França.
Bênçãos a todos.

domingo, julho 02, 2006

Cheiro de Cristo na relva

Lúcio

A selecção brasileira de futebol foi eliminada do Campeonato do Mundo, sem brilho nem glória. Porém, se a sua prestação foi decepcionante desportivamente, não o foi de todo nesse plano felizmente tão valorizado como o do jogo limpo, em inglês fair play.
Boa parte dos jogadores brasileiros é cristã. Assim costuma ser. Um deles, Lúcio, jogador do Bayern de Munique, perfez até ao jogo de ontem, com a França, 386 minutos sem fazer uma falta, batendo por 3 m o anterior máximo que pertencia ao paraguaio Carlos Gamarra, desde o Mundial de 1998. Cometeu uma falta aos 26 sobre Thierry Henry e aos 75 outra mereceu-lhe cartão amarelo. Como não vi o jogo, não sei que razões houve para a mostragem do cartão. Telvez tenha sido uma daquelas faltas não necessariamente violentas mas necessárias para parar o avanço perigoso de um adversário…
Merece, em todo o caso, os parabéns, para a glória de Cristo Jesus, por este record.