No domingo chega-se tarde ao trabalho
as mães atrasam-se nos beijos que dão
aos filhos, de rostos luminosos de maçã
os passos atrasam-se
numa meticulosa triangulação de ar
uma perna que sucede ao chão
e este a outra perna
no domingo entra o jardim
pela crianças dentro
— que bom que hoje está soalheiro,
mas mesmo que neve
as ruas dançam em perfeita comunhão
no coração que guardam no olhar
no domingo suja-se louça de porcelana
chora a pele no choque contra a outra pele
como o amor do mar com a rocha
primacial, portentoso
no domingo é o vento que envolve
os braços e todos levanta em uníssono
num cântico raro
nos corações ao alto
a Deus nas alturas
23/01/12
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