… longumquam bibebat amorem
“… bebia um extenso amor…”
Virgílio, Eneida 1.748
em cada trago absorvia
bagos longos e densos de amor
em cada trago de voz
suspenso dos gumes das ondas
que lhe secaram a pele, a esse herói
de outras cores na língua
de outras dores em fuga do destino
de coração devoto de outros deuses
querido filho de seu pai,
bebia a cada pergunta sobre as canções
de gestas de guerra com que rompe
o silêncio dos gritos dos mortos em Ílion
dos perecidos nas bocas negras da espuma
que lhe falasse dos palácios orgulhosos
de Príamo, de longínquas terras
com sabores que dos gestos tensos
e pelo mastigar lento das palavras bebia
à roda das gestas
e na roda da barba rubra do fatigado herói
um trago efémero estreitou-lhe o peito
para sempre
10/06/12
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