“Nunca sei o que corto
o meu olhar ausentou-se de mim”
(do filme Ichi, de Fumihiko Sori, 2008)
o meu olhar está ausente de mim
perdeu-se na neve
nunca sei se é dia ou noite
se quem vem é amigo ou se vem
para me estuprar, ausentou-se
e deixou a sombra na ponta do sabre
que ao atravessar o ar
corta a escuridão no sangue
de quem me afronta,
cada golpe é mais uma ave que sibila
de morte,
nunca sei o que corto, eu só quero
dissecar a treva, encontrar quem me dispôs
a vara em que me apoio nesta estrada, que me deixem
de novo ouvir a voz que me trouxe a vida
até esta beira de abismo, que me deixem ver-lhe
os olhos com os meus, trocar a sua cegueira
pela minha, dançar nos volteios finos do sabre
uma vez e sempre, quem é ele, meu pai?
Rui Miguel Duarte
perdeu-se na neve
nunca sei se é dia ou noite
se quem vem é amigo ou se vem
para me estuprar, ausentou-se
e deixou a sombra na ponta do sabre
que ao atravessar o ar
corta a escuridão no sangue
de quem me afronta,
cada golpe é mais uma ave que sibila
de morte,
nunca sei o que corto, eu só quero
dissecar a treva, encontrar quem me dispôs
a vara em que me apoio nesta estrada, que me deixem
de novo ouvir a voz que me trouxe a vida
até esta beira de abismo, que me deixem ver-lhe
os olhos com os meus, trocar a sua cegueira
pela minha, dançar nos volteios finos do sabre
uma vez e sempre, quem é ele, meu pai?
Rui Miguel Duarte
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