terça-feira, dezembro 05, 2006

Presley


Este é o Presley, o cão do Tiago, filho do meio da Cristina e adoptado como cão familiar. Tem um irmão chamado Elvis, que vive na Gafanha de Aquém, Portugal, com a mãe de ambos. É pequeno, da raça "pincher". Quando andamos com ele na rua, chamam-lhe um "chihuahua". Mas este último tem as orelhas maiores e a cara redonda. Tem entre três e quatro anos.
É tranquilo e faz boa companhia.
Como os da sua espécie em geral, é boa companhia, fiel e com sentido de guardião da casa e tem audição e olfacto apuradíssimos. Basta chegar-lhe às narinas o odor ou aos ouvidos o quase inaudível som dos passos de alguém que simplesmente passou do outro lado da rua que já começa rosnar e a desloca-se à porta pondo-se a ladrar. O pior é quando alguém se chega mesmo à porta ou entar (carteiro, um colega do Tiago, um familiar). Chega a ser preciso fechá-lo na casa-de-banho.
A Eunice é quem mais o entretém, o aperta, o esmaga nos braços, o atira ao ar, o pega pelas patas posteriores, inventa danças com ele. Eu não lhe fico muito atrás. O cão aceita com paciência as brincadeiras. Não sem uma ou outra rosnadela à Eunice, especialmente quando ela se chega à nossa cama e o vem acordar. A Cristina, por sua vez, não deixa de o tratar bem o cão, mas não tolera lambidelas, não brinca com ele. Ele, porém, adora-a. Tem preferência por descansar no colo e nas pernas dela. Na semana em que ela esteve de baixa, a abortar, não se apartava dela, percebendo certamente que ela se achava doente. Em contínua vigília por ela.

Mas isto é comum à maioria dos cães, pequenos ou grande, de todas as raças e feitios. O que tem, porém, este de excepcional?
Normalmente, dorme na minha cama e da Cristina. O Tiago leva-o para o quarto dele, mas ele lá se escapa de noite e vem enroscar-se no nosso edredon, às vezes metendo-se por baixo dele e cobrindo-se todo com ele, como se fosse uma mortalha. Admiro-me que não sufoque. Ou encaixa-se nas cavas das nossas pernas. Na sala ou na cama, tem preferência por almofadas e faz delas o seu colchão, dando voltas até se colocar na posição mais confortável.
Quando está aflito para ir à rua, chama-me, eu o seu habitual companheiro de passeios: levanta-se, põe-se em bicos dos pés e com a coloca as patas anteriores nas minhas pernas, chia um pouco, guincha e geme outro tanto. Ponho-lhe a trela e saímos. Ele trota, fareja, funga, pára num outro ponto, lambe. E funga mais e fareja mais ainda. Levanta a pata aqui e ali e faz chichi. E eu só à espera que se despache e faça cocó, para dar por cumprido o objectivo do passeio…

É um cão fedorento, de tal modo que teria dado uma inspiradíssma série televisiva de humor. Mas a característica mais marcante é não ter sido especialmente dotado de inteligência. Eu até alvitrei que talvez seja descendente de um galináceo (o que confirmaria a evolução das espécies…).
Quando precisa de fazer necessidades e está em casa, vai normalmente de madrugada, e em pontos estratégicos: a um canto da sala atrás de um sofá, nos quartos do Tiago e da Eunice (filha da Cristina), na cave, na casa-de-banho, e também já nosso quarto. Ainda se tentou castigá-lo para o corrigir, quando fazia necessidades em sítios que não a casa-de-banho. Pegava-se no cão, levava-se e fazia chegar o nariz e as patas aos presentes deixados, e uma palmada. Adoptou-se, em complemento, o castigo de uma ou duas horas de estágio na cave, de porta fechada. Ora o cão continuava a fazer chichi e cocó nos mesmos sítios. Repetia-se o castigo. Mas nada aprendeu. Certo dia, fez na casa-de-banho. Mais uma vez, confrontei-o com a obra feita. Mas não para o repreender, antes para o elogiar por ter dessa vez ter escolhido a casa-de-banho. Então, ele, achando a porta da cave aberta, desceu. Teria pensado que, mais uma vez, estava de castigo e que a rotina o levaria a mais uma temporada na cave. Deixei a porta aberta mas não subia. A única maneira de o tirar de lá foi mesmo ir buscá-lo. Afinal, ou ele é completamente mentecapto, ou ainda tem alguns neurónios!
Durante algum tempo, andava com constantes erecções. Não havia maneira de aquela coisa vermelha (o seu pénis) recolher ao respectivo saco de pele. O cão ainda é virgem, sabem, e o apelo da maturidade sexual gritava como nunca. A visão ou o cheiro de uma cadela, um cão ou até um gato fazia-o chiar muito, guinchar e gemer outro tanto. Levá-lo à rua era um risco e escândalo certo. Detectado outro animal, tínhamos de o segurar para não se lançar ao seu encontro. Um veterinário alvitrou que deveria ter elevados níveis de testosterona e, para aliviar o sofrimento (que tendencialmente continuaria), sugeriu a castração. O dono não queria. Certo é que, quando o dono chegou de férias, acalmou. Por coincidência, é verdade, mas talvez também lhe cheirasse a lua-de-mel entre mim e a Cristina no primeiro mês de casamento. Quando eu e ela nos aproximávamos, começava por rosnar contra tal intimidade. Eu ainda era cão novo na matilha, tentando ganhar a fêmea dominante. Depois, como o enxotássemos, passou apenas a reclamar um pouco de atenção, como uma criança ciumenta, ou simplesmente se tornou indiferente, e de outra vez retirou-se, de mansinho… Deus seja louvado, mais um neurónio revelado!

Apresento-vos o Presley.

1 comentário:

Anónimo disse...

São estas coisas que dão movimento à nossa vida e que não a tornam monótona.
E vivó Presley!hehehe.
god bless you.
t.