Margarida Campilho, “Roma
amor
interminável Marta, Marta,
arrastando diante de ti toda a terra
é o vestígio que buscas
debaixo do móvel
debaixo do tapete
debaixo de tudo
debaixo de ti, Marta
até à mais infenitesimal partícula
que buscas que inventas, de cada uma fazendo
um negócio um salário pois trabalhará o Homem
até à mais infinitesimal gota de suor do seu rosto
descobres e inventas, em cada coisa que trabalhas
a decomposição do átomo, e cada um decompões Marta,
e assim trabalhas até o teu próprio nome
M-a-r-t-a, M-a-r-t-a
e nisto dispões taça a taça a honra
que me ofereces no vinho, no cansaço
das ondas que batem continuamente
do mar da Galileia, tantos são os teus cuidados
para com o teu convidado,
sentado à cabeceira do jantar
isto basta: buscar aos pés do Mestre
as palavras que reinventam o mundo
sentada, Maria é a alma do ócio
Rui Miguel Duarte
9/07/15