um poema auto-aniversário
sentado com a água do rio por tecto
à escuta de um sabor, que me chegue
um veludo agreste talvez novo
um perfume furtado à árvore
por pássaros de passagem
assim sentado bebo um café,
com o descuido por mastro, epicurista
sapiente de muito pouco, muito menos
de contar os minutos pelo relógio
— pois nem sei se existe tempo
o café que bebo epicurista é o que tenho
de certo ou só pontos de luz que saltam
e nem sequer o café pois, epicurista, é ele que me bebe
bebe-me de rosto frio, quando
o sol deste lado se levanta à beira da dor
que passa no enlace da chávena
Rui Miguel Duarte
17/10/14
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