Marcámos encontro
sobre um café paradoxal
trago comigo o teu olhar
que empresto ao farol
cuja torre tudo sobrepuja
com ela crescemos até atingir o mar
mas nunca o céu
este está reservado ao olhar do farol
aonde o teu olhar, com a largura do mar,
é capaz de subir
marcámos a hora num riso de areia
e aí fizemos castelos
conquistados pelos dedos
da criança,
a criança que bebemos na chávena
no farol há um pouco de nós
há tudo de nós
somos aqueles que seccionam o horizonte
e o esparge no vapor
somos aqueles que se elevam
nessa respiração quente
quando a maresia tudo já de nós cativou
é na fina espuma que somos
toda a praia e o vento
quanto decidimos ser
e o café à beira-mar não é
paradoxal
Rui Miguel Duarte
9/12/12
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