sábado, agosto 09, 2008

Ser pai… # 2



A minha filha já tem 6 meses. Como voou o tempo – um lugar comum, mas uma evidência.

Em 6 meses, desenvolveu-se dos 50,5 cm e 3,2 kg até aos 67 cm e 7,4 kg.
Cada vez mais bonita. E cada vez mais se revelando o seu temperamento. De uma menina calada que mal conseguia chorar e não ria, passou pela crise das dores de barriga dos três primeiros meses. Então aprendeu a chorar: de dores, de fome, de desconforto, de resistência ao sono. De birra, de fitinha. Várias vezes este pai se irritou e lhe dava uma ou duas palmadas no traseiro. Supostamente teria fome — pensava o pai — por haverem passado muitas horas desde a última refeição, o pai dava-lhe o biberão e ela fazia fita e pouco bebia. Ou tinha sono mas resistia e desatava a chorar. O que o pai conseguia era com as palmadas era provocar mais choro, e logo se arrependia da estupidez, pedia desculpa à filha e ajuda ao Espírito Santo para o ajudar a dominar-se a si mesmo. Hoje chora, ri, sorri muito, abre-se muito aos outros e às atenções que
lhe queiram dar.
Muito mexida, energética, forte e saudável. Desde muito cedo gosta de balanço e de fazer de avião — o que dá o pai que daqui a uns anos ela será viciada em montanha russa, em rodas e gigantes e outras coisas mais radicais — o que será para este pai um doce regresso à meninice, pois também gostava dessas coisas. Não pára quieta. Até os dedos dos pés estão sempre a mexer-se.
Curiosa, quer ver e mexer em tudo. Dede os 4 meses que consegue manter-se sentada sem apoiar o tronco. Hoje, consegue-o já durante muito tempo. Até que se cansa, ou se mexa procurar alcançar algum objecto, e cai: para trás, de lado, para frente, de cabeça. Por vezes magoa-se.
Quase gatinha. Deitada de gostas ou de bruços, num piscar de olhos já se arrastou para outro lugar e se acha em outra posição. Facilmente se vira, estando de costas, para posição de bruços, e vice versa. Faz força nos quadris, estica as pernas, e acto contínuo a cabeça e o tronco baixam e afunda a cabeça no tapete. E então zanga-se e reclama. Mas insiste. Se deitada com a parte baixa do tronco, estica os braços e levanta a cabeça, e assim consegue ficar longos segundos, olhando para a televisão ou para outra coisa qualquer.
Desde os 4 meses também que, pegando-se-lhe nas mãos, estando deitada, é capaz de se erguer e sentar sozinha. Agora, basta pegar-lhe em apenas uma mão para ela ter onde se apoiar, sem a puxar, e ela não precisa de mais nada. Já descobriu que pode usar a outra mão, apoiando-a no solo, enquanto faz força para levantar o tronco. Mais ainda: já se levantou sozinha, connosco à distância a assistir. Sentada, com as pernas flectidas para dentro, as mãos, e ei-la que, apoiando-se nelas, faz força nos pés e nas pernas, estica-as e levanta-se. Novamente sozinha.
Por vezes, fica absorta a olhar para a televisão, que propositadamente sintonizamos em canais para crianças desenhos animados, sentada no tapete no chão, queixo levantado e fazendo uma boquinha. E enquanto assim estiver ocupada, não liga a nada nem a ninguém.
Segundo um livro, aos 8 meses a criança consegue reconhecer o seu nome, quando chamado, e adoptar estratégias para chamar a atenção e dar e entender que quer mimo, como a tosse. Aos 6 meses, isso já ela sabe fazer. A Cristina testemunhou até que, certa vez, estando sentada, se deixou cair e começou a clamar por atenção.

Depois dos "rrreeesss" dos 3 meses, a sua garganta já produz uma variada gama de sons, gritos, canções. Na igreja, após o tempo de louvor, em que normalmente se mostra sossegada, começa a manifestar-se: grita, canta, prega.

Em Junho, começou a variar a dieta alimentar, com as papinhas de vegetais, frutos, e agora de refeições completas de carne e acompanhamento. Aplica-se-lhe um babete, dá-se-lhe a colher à boca, mas como criança que é fica o babete, a boca, os lábios, o queixo, as bochechas, os olhos, o cabelo tudo sujo. E fala enquanto come. E quer levar a mão e o pé à boca, e também acabam por comer.

Quando tem sono, é aconchegá-la ao ombro ou peito, embalá-la um pouco (por vezes esse pouco é longo), até que, nesse conforto e nesse mimo, adormeça.

Recentemente, aprendeu o gesto de bater palmas (a foto é de um desses ensaios). Falta ainda a perfeição na coordenação dos movimentos, manter as palmas abertas e acertar bem com uma na outra. Mas o movimento de lançar uma mão contra a outra lá está, o imitar do gesto que vê os pais fazerem e que estes ensinam o bebé a fazer, pegando-lhe nas mãos e executando-o. Foi a Cristina que o testemunhou pela primeira vez; chamou-me aos gritos e pudemos os dois assistir com entusiasmo e grande festa a esta nova proeza.

Que experiência, esta de ser pai. Nada é mais excitante nem doce, em especial o tempo de bebé. Brincar com a bebé, balançá-la, aconchegá-la. Ouvi-la, falar com ela, cheirá-la. Tudo nela é especial. E esta foi especialmente marcada pelo Criador Deus com uma manchinha de nascença na face direita. Cada dia é uma novidade, uma graça nova, uma proeza nova. E mesmo que nada haja de novo em certos dias, mas apenas a repetição de um gesto, um som, uma atitude, das mesmas coisas que o bebé já sabe, representa para um pai a reedição da novidade, que ele saboreia deliciado.

1 comentário:

Pedro disse...

Olá Rui! É Pedro Marques, do GBU. Que bom ler este teu relato da experiência de ser pai, que é uma descoberta continua e cheia de surpresas. O meu Gonçalo tem agora um ano e está a crescer muito bem, come muito bem e quase já anda. Precisa de mais força nas pernas, mas está lá quase. Recebe os cumprimentos calorosos da família Marques! Pedro.