não é quando um homem quiser
o Natal, nem quando qualquer outro homem fizer
quantas estrelas inquietas
seriam necessárias para reconduzir
magos e poetas ao mistério do Conselheiro
na dimensão de pequenas mãos
quantos concertos de anjos
e acordes de flautas de pastores
para acompanharem
os vagidos frágeis de Deus na faringe
de um Menino, Natal
foi quando Deus quis e sonhou
que o Príncipe da Paz fosse menor
do que um rei
foi quando Deus quis que passou
pelo sonho de profetas
um Menino
o Maravilhoso coberto de panos
de linho de rejeição
que um Menino, num sopro único, nasceu
como todos os meninos, que são
o despojo da dor das suas mães
foi quando Deus encheu o tempo
foi então que a palpitação das galáxias
descansou à espreita desse momento
que é o princípio de tudo em flor
Rui Miguel Duarte
23/12/2014
Nova vida, abundante vida, tudo quanto pode proporcionar um encontro pessoal e radical com uma pessoa especial. A contracultura da nova criação, em Jesus Cristo. N.B.: Este blog está em desacordo com o chamado novo acordo ortográfico de 1990.
terça-feira, dezembro 23, 2014
quarta-feira, dezembro 17, 2014
A CIÊNCIA DOS COMEÇOS
“He was interested in roots and beginnings”
de JRR Tolkien, The Lord
of the rings – The Fellowship of the Ring, Livro 1, cap. 2
interessavam-lhe os começos
conhecer que sons
foram tocados no início
que raízes
foram lançadas nos fundos
dos canais, o lugar onde pudesse
despontar o espírito, onde a terra
abra portas para a sua insinuação
escavar aonde vai o seu sonho
escavar fundo onde
até os montes nascem
esta é a ciência que cultiva:
a indagação do crepúsculo
da árvore no húmus
de toda a beleza
Rui Miguel Duarte
17/12/14
Etiquetas:
JRR Tolkien,
Poesia,
Rui Miguel Duarte
domingo, dezembro 07, 2014
DÁ-ME O TEU CORAÇÃO
"Je puis faire les rois, je puis les déposer:
Cependant de mon coeur je ne puis disposer."
Imperador Tito, em "Berenice", de Racine.
Porque me pedes o que não posso dar
nem eu posso do coração dispor
como posso dispor da ave
se mesmo o vento domino e aprisionei
só para alcançar as asas que batem?
posso fazer e desfazer reis
enlaçar e soltar os cavalos
pelos freios dos rios, das flores
extraí algoritmos, dos mastros
moldei oceanos, e ao olhar mais longe,
para o universo não hesitei em fragmentá-lo
de que mais preciso? eu sou o imperador
que clareia as noites e obscurece os meios-dias
mas ao meu coração não ponho a mão,
como posso chegar-lhe?
se a mão bate no peito, no metal
emite algum som, alguma música
este céu da ave que nem de vento carece?
não é meu, já to dei ou já o tomaste de mim
e o que tenho é só teu
Rui Miguel Duarte
05/12/14
Cependant de mon coeur je ne puis disposer."
Imperador Tito, em "Berenice", de Racine.
Porque me pedes o que não posso dar
nem eu posso do coração dispor
como posso dispor da ave
se mesmo o vento domino e aprisionei
só para alcançar as asas que batem?
posso fazer e desfazer reis
enlaçar e soltar os cavalos
pelos freios dos rios, das flores
extraí algoritmos, dos mastros
moldei oceanos, e ao olhar mais longe,
para o universo não hesitei em fragmentá-lo
de que mais preciso? eu sou o imperador
que clareia as noites e obscurece os meios-dias
mas ao meu coração não ponho a mão,
como posso chegar-lhe?
se a mão bate no peito, no metal
emite algum som, alguma música
este céu da ave que nem de vento carece?
não é meu, já to dei ou já o tomaste de mim
e o que tenho é só teu
Rui Miguel Duarte
05/12/14
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