Brooklyn Museum Robert E. Blum Gallery
“«Olha, Pedro», avisou-o Jesus, «não cantará hoje o galo sem que me tenhas negado três vezes»” Lucas 22:34 A Bíblia para todos, p. 2094
Antes de o galo acordar o sol
antes mesmo de a aurora multiplicar rosas
ouvir-se-á o murmúrio das vozes
no pátio
e ao vento uma palavra não soprada
O coração esconderá a vergonha
lançá-la-á ao crepitar da fogueira
acesa para aquecer corpos
consumir fadigas e tristezas
mas o ardor de um coração culpado
fogo nenhum extingue
antes mais o inflama
O seu rosto será familiar
cuspido e escarrado
alguém o terá visto
o braço direito desse Rei
E ao vento uma palavra não balbuciada
Sentados na roda dos coscuvilheiros,
os olhos mirarão o homem
de fronte suada de desassossego e fuga
As vozes certificarão o que ele preferirá ignorar
terá sido um desses que terão partilhado a mesa com o Galileu
e que tentará então com a aba do manto
manter o anonimato
As vozes darão carne à sombra que ele ansiará
por abandonar numa esquina
Mas fugirá o descanso desse coração incerto
pois ao vento uma palavra NÃO será protestada
E será este protesto quem acordará o galo,
que então se lembrará que será a hora
Outros olhos então pousarão nos seus
os olhos condoídos do Mestre
que lhe atravessarão a couraça da alma
E na esquina onde se quis esquecer
será aquela em que se reencontrará
no espelho das lágrimas: ainda que a voz minta
estas só sabem dizer a verdade
e desconhecem a palavra
NÃO
20/11/09
antes mesmo de a aurora multiplicar rosas
ouvir-se-á o murmúrio das vozes
no pátio
e ao vento uma palavra não soprada
O coração esconderá a vergonha
lançá-la-á ao crepitar da fogueira
acesa para aquecer corpos
consumir fadigas e tristezas
mas o ardor de um coração culpado
fogo nenhum extingue
antes mais o inflama
O seu rosto será familiar
cuspido e escarrado
alguém o terá visto
o braço direito desse Rei
E ao vento uma palavra não balbuciada
Sentados na roda dos coscuvilheiros,
os olhos mirarão o homem
de fronte suada de desassossego e fuga
As vozes certificarão o que ele preferirá ignorar
terá sido um desses que terão partilhado a mesa com o Galileu
e que tentará então com a aba do manto
manter o anonimato
As vozes darão carne à sombra que ele ansiará
por abandonar numa esquina
Mas fugirá o descanso desse coração incerto
pois ao vento uma palavra NÃO será protestada
E será este protesto quem acordará o galo,
que então se lembrará que será a hora
Outros olhos então pousarão nos seus
os olhos condoídos do Mestre
que lhe atravessarão a couraça da alma
E na esquina onde se quis esquecer
será aquela em que se reencontrará
no espelho das lágrimas: ainda que a voz minta
estas só sabem dizer a verdade
e desconhecem a palavra
NÃO
20/11/09
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