sexta-feira, novembro 13, 2009

ROBERT ENKE (1977-2009)


O Outono vestia-se de chuva e alguma neblina
era o cenário indicado para dar
ao silêncio o devido descanso

Pendura literalmente as chuteiras lavadas
deixa a carta à mulher com um beijo
sobre a mesinha baixa da sala,
essa em que dispuseram tantas angústias

Dedilha os cabelos da pequenina Leila
e o pêlo de um dos seus cães

Conduz o carro o derradeiro quilómetro
até onde a via férrea era recta
pois assim o comboio passaria
à velocidade máxima
sem haver como errar
a colhida

Alinha-se na baliza das linhas
oferece ao silêncio um segundo
de domínio, um só
De braços abertos
na postura do guarda-redes
para receber a bola de luzes e aço
o último penalti que não defenderia

13/11/09

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