O poema é um animal
Feroz como um urso faminto
de beleza matizada e elegante
como um leopardo
por vezes ouve-se-lhe o rugido de leão
a grande distância, impondo respeito
Ora é um gato, de provada agilidade
caindo sempre de pé
e revivendo sete vezes
no ouvido,
ora é um pássaro
que não comanda as próprias asas
não resistindo a abri-las
e a demandar os ares
Outras vezes, mais circunspecto,
apetecem-lhe
as profundidades,
as cores e formas
e tesouros perdidos
de afundados galeões
que só o mar oferece
e é um peixe,
outras é uma cobra
arrastando-se pela terra
demorada e silenciosa,
ou um coiote no deserto,
de nariz ao rés do chão
em busca de alimento
Um coelho,
que em qualquer vão de rocha faz a toca,
um pequeno lagarto,
que penetra nos palácio do rei
Como a baleia cruza todos os oceanos
como o albatroz sobrevoa todos os meridianos
como a andorinha sempre retorna ao seu ninho
O poema,
mesmo quando os demais
animais dormem,
abre os olhos
é então a plácida coruja
a vigia dos sonhos
27/11/09
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