quinta-feira, dezembro 16, 2010

ANTI-NARCISO

“Donec eris felix multos numerabis amicos”

Ovídio, Tristia 1.9.5


Enquanto fores

algo mais do que uma nuvem

e te não contentares

com a chuva no rosto

mas tiveres nas mãos a chave do sol

e fores o deus dos espaços largos


não te contarão entre os que

cavam a terra com os dentes

enquanto fores

nos teus lábios

o espectro do arco-íris


porém, quando fores poeta

deixarás de ser rico

para ser só poeta


livra-te

de te encantares com o canto

e o allegro em plena orquestra

não te assombres do aplauso

dos teus amigos, muitos


ainda terás

as pedrinhas lançadas ao rio

contadas uma a uma

e por céu as águas


baste-te isso

reconhece-te nelas

como o teu reflexo


15/12/10

8 comentários:

helenabranco.poet@gmail.com disse...

não nos encante a soberba
ante uma fresta de Luz
onde ouvir o silêncio
do outro um pouco d amor
nos baste cultivar dentro
pelo tanto que
recebemos reflectindo Deus


POETA (Grande o BEM que partilha... nos serve e espelha )

helenabranco.poet@gmail.com disse...

tudo podemos sem a soberba
ante a fresta de Luz
onde nos baste o silêncio
um pouco
d amor ao outro
por tanto
que recebemos
d água salvifíca
onde nos reflectirmos

(é um BEM grande a sua entrega, em harmonia...)

Julia Lemos disse...

Ao ver-se refletido nas águas, o poeta-narcísico enxerga-se disforme, o remoinho das águas agiganta-lhe as proporções em ondulações constantes. Seu rosto passa a assemelhar-se aos de muitos.Porquanto o poeta dilatará a sua humanidade passando a falar aos que nele também se espelharão. Desse ponto de vista, o movimento do poeta deve ser o de olhar em volta, distanciando-se de si mesmo anti-narcisicamente.

Julia Lemos disse...

Ao ver-se refletido nas águas, o poeta-narcísico enxerga-se disforme, o remoinho das águas agiganta-lhe as proporções em ondulações constantes. Seu rosto passa a assemelhar-se aos de muitos.Porquanto o poeta dilatará a sua humanidade passando a falar aos que nele também se espelharão. Desse ponto de vista, o movimento do poeta deve ser o de olhar em volta, distanciando-se de si mesmo anti-narcisicamente.

Julia Lemos disse...

Ao ver-se refletido nas águas, o poeta-narcísico enxerga-se disforme, o remoinho das águas agiganta-lhe as proporções em ondulações constantes. Seu rosto passa a assemelhar-se aos de muitos.Porquanto o poeta dilatará a sua humanidade passando a falar aos que nele também se espelharão. Desse ponto de vista, o movimento do poeta deve ser o de olhar em volta, distanciando-se de si mesmo anti-narcisicamente.

Julia Lemos disse...

Ao ver-se refletido nas águas, o poeta-narcísico enxerga-se disforme, o remoinho das águas agiganta-lhe as proporções em ondulações constantes. Seu rosto passa a assemelhar-se aos de muitos.Porquanto o poeta dilatará a sua humanidade passando a falar aos que nele também se espelharão. Desse ponto de vista, o movimento do poeta deve ser o de olhar em volta, distanciando-se de si mesmo anti-narcisicamente.

rui miguel duarte disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rui miguel duarte disse...

@Júlia, gostei dessa análise, que foi longe, bem longe, no acompanhamento do movimentos da alma do poeta. Cumprimentos de poeta e de fraternidade em Cristo.
@Helena, obrigado pelos versos.
No FB deixou de ser possível comentar. O botãozinho em baixo, onde se clicava após a redacção do comentário, desapareceu. Tanto mudam e inovam que estragam…
E até o blogger está a bater mal, pois publicou o comentário da Júlia em quadriplicado.