Nova vida, abundante vida, tudo quanto pode proporcionar um encontro pessoal e radical com uma pessoa especial. A contracultura da nova criação, em Jesus Cristo. N.B.: Este blog está em desacordo com o chamado novo acordo ortográfico de 1990.
quinta-feira, janeiro 28, 2010
AS RAZÕES DAS RAÍZES
"As raízes é claro não se vêem
mas tu sabes
nelas se sustenta a árvore.
Para seres justo
pensa nas raízes"
Giannis Ritsos
Ao olhares para a árvore
não te detenhas na textura da casca
o tacteado das folhas
nada te revelará
Não o pouso das aves,
como se ele, por se acostumar
ao entrelaçado dos ramos,
lhe conhecesse os segredos
nem os seus bicos,
por muito que lhe amem os frutos
Não inquiras o vento
que a conduz na valsa
nem a chuva
que a veste de cristal
nem o sol que a salpica
de setas de reflexos de lume
Se queres fazer justiça à arvore
pergunta à sua alma oculta
pergunta ao que dela
os teus olhos
não vêem
às raízes escondidas
nas entranhas do solo
pergunta-lhes em que
profundas águas
tem bebido
e que terra
tem desvendado e sorvido
se é que queres
ser justo com a árvore
conhecer que razões dizem os seus anos
e saber que seiva a percorre
e entender o sabor dos seus frutos
Rui Miguel Duarte
28/01/10
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Amen.
God bless you,
T.
Não tendo explicitamente nada a ver com o Salmo 1, o do Limiar, mas indo noutra perspectiva: ver por dentro da casca da árvore, do recôndito das raízes, por dentro da razão da longevidade da árvore.
A razão do acima disse:
"pergunta à sua alma oculta
pergunta ao que dela
os teus olhos
não vêem"
J.
Nalgún lugar lín que os japoneses tenhen moitas palabras con que designar a verdade. Á verdade máis profunda eles chámanlle HONTO. Honto é a verdae invitabel, orixinaria, da que todo surge, e que xustifica a existencia das demáis. Sempre permanece oculta, e sen embargo é a máis certa...
Encontro este poema desapasionado; paréceme mais un poema filosófico. Un non pode deixar de pensar... E "real" a realidade que percibimos? O que vemos é o que é? Noutro plano máis próximo:
¿onde se alimentan as nosas raíces?
Não conheço o japonês. Em grego antigo, língua que me é familiar, verdade é "alétheia", aquilo que não está escondido, latente.
A realidade visível, sobretudo a realidade humana, reflecte coisas que se não vêem, ocultas nos corações e que fazem que as pessoas sejam como são. Por outro lado, há coisas nos corações humanos inapercebíveis aos olhos humanos, mas que Deus conhece.
Enviar um comentário